Crítica

Morbius não é de terror, mas é terrível

Em mês de morcegos e personagens com poderes ligados a lua, o vampiro viu a luz do dia… e não brilhou

Alberto Dabul Sant'Anna
Published in
3 min readMar 31, 2022

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Morbius. Reprodução: Google

Com estreia originalmente marcada para 10 de julho de 2020, Morbius precisava ter sido lançado antes de Venom: Tempo de Carnificina e Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa, mas, com tantos adiamentos, saiu somente hoje. O impacto desse deslocamento temporal é gritante na experiência entregue: um Frankenstein (no mau sentido) remendado com cuspe e completamente perdido no espaço-tempo. Isso fica muito claro nas apelativas, preguiçosas e extremamente expositivas cenas pós-créditos, com computação gráfica aquém do resto do filme, visivelmente feitas às pressas após Sem Volta Para Casa.

Não é spoiler o conteúdo, afinal, menos de uma semana atrás, o diretor, Daniel Espinosa, descreveu detalhadamente uma delas. Não passa de uma tentativa de encaixar o Abutre de Michael Keaton no mesmo universo de Morbius, no intuito de formar o Sexteto Sinistro. O que acaba revelando o motivo de Sem Volta Para Casa ter apenas cinco vilões, e deixando algumas perguntas em aberto, como, por exemplo, como diabos o Abutre conseguiu o traje de volta?

O filme é muito parecido com Venom 1 e 2: O vilão é uma antítese ao herói, com os mesmos poderes.

Venom. Reprodução: Google
Venom: Tempo de Carnificina. Reprodução: Google
Morbius. Reprodução: Google

Através de uma mordida, há um gancho que dá a entender que o interesse amoroso do protagonista vai adquirir os mesmos poderes na sequência.

Venom: Tempo de Carnificina. Reprodução: Google
Venom. Reprodução: Google

Em meio a rearranjos no acordo com a Marvel, Morbius mostra quão perdida a Sony está, simplesmente não sabe o que fazer com a propriedade intelectual que tem em mãos.

O filme soa repetido e repetitivo no estágio em que estamos hoje, com as adaptações cinematográficas de quadrinhos transitando entre gêneros e não propriamente sendo um. É uma aplicação da fórmula Marvel de mais de dez anos atrás, utilizada para apresentar os pilares de seu universo na primeira fase do MCU.

Morbius é uma aposta da Sony, o que não serve como desculpa para ser ruim, independente da escolha de abordagem do personagem. A principal falha é a falta de identidade. Com um personagem lado z, perfeito para ter uma pegada mais voltada para o horror, eles insistem em fazer um filme genérico e esquecível.

O principal sentimento que ele consegue despertar no espectador é pena de Jared Leto, que protagoniza mais um dos piores filmes de quadrinhos da história: tão ruim quanto o Esquadrão Suicida de 2016, e tão remendado quando o Josstice League de 2017.

Jared -que, quando transformado em vampiro, mais parece um vocalista de black metal trevosinho com corpse paint- é negativamente ofuscado por Matt Smith, o Milo, que cada vez que aparece em tela após sua transformação, gera uma fincada de vergonha alheia não intencional no fundo do coração, seja pela atuação, trilha sonora ou maquiagem.

Em suma, Morbius só decepciona os desavisados, todos os indícios apontavam que seria uma bomba. Resta aguardar para ver se a bilheteria acompanhará a qualidade do filme ou será inversamente proporcional como foi com Venom (2018). No caso de fracasso, fica mais confuso ainda imaginar qual será o futuro do Universo Homem-Aranha da Sony.

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