Crítica

Morte no Nilo: uma fórmula clássica

Kenneth Branagh retorna às telas como Hercule Poirot em mais uma adaptação de um clássico da Rainha do Crime

Luiza Duarte
Published in
3 min readFeb 10, 2022

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Os misteriosos viajantes a bordo | Reprodução: Google

Baseado no livro de Agatha Christie, Morte no Nilo retrata o fracasso da lua de mel da milionária Linnet Ridgeway (Gal Gadot) e Simon Doyle (Armie Hammer) que, após se conhecerem sob circunstâncias problemáticas e casarem, partem para uma viagem de navio pelo Egito. Seus convidados são formados por um grupo excêntrico, que reúne amigos, familiares e empregados, todos os quais se tornam suspeitos de um crime após o assassinato da própria Linnet.

Por sorte, um desses convidados é o aclamado detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh, é também o diretor do filme), que foi convidado pela herdeira, antes de embarcarem, a se juntar à excursão justamente devido o medo da recém-casada de que algo ruim estava prestes a acontecer. A partir daí, Poirot observa e entrevista todos à sua volta na tentativa de descobrir quem é o responsável pelas mortes (pois não é só uma!) que estão acontecendo em alto mar.

A fórmula clássica que está presente em todas as investigações do personagem de Poirot nos romances de Agatha, a de nos fazer a cada momento acusar alguém diferente de ser o assassino, retorna e é retratada de forma simples e ritmada, apesar de o começo do filme ser arrastado — o crime só ocorre depois de passado um bom tempo da trama. Somos apresentados a todos os tipos de pequenas intrigas envolvendo a principal vítima, o que contribui para essa desconfiança geral, e as provas coletadas pelo detetive só podem ser percebidas pelo espectador que já tem um olho treinado para as artimanhas da Rainha do Crime. Sendo assim, é difícil não se surpreender com o verdadeiro culpado e com a inteligência de Poirot ao apresentar sua acusação no final — e na frente de todos, pois como ele mesmo afirma nesse momento, é vaidoso e gosta que o elogiem após concluído o seu show.

Linnet Ridgeway (Gal Gadot) e Simon Doyle (Armie Hammer) têm o rosto estampado de preocupação desde o começo | Reprodução: Google

No quesito atuação, não há como destacar outra pessoa além de Emma Mackey, que interpreta a intensa Jacqueline de Bellefort, uma personagem chave que nos acompanha por toda a história. A atriz, a qual estamos acostumados a ver como uma adolescente revoltada na série Sex Education (Netflix), se transforma nesse papel como a antiga amiga de Linnet e ex-noiva de Simon. Acompanhamos todas as performances ao som de um jazz que dá o toque final na ambientação da década de 1930, em conjunto com figurinos e cenários encantadores, bem como as paisagens do Egito (que claramente receberam uma ajuda na edição final).

Apesar de divertido, não se pode descartar o fato de que como adaptação do livro, o longa não é totalmente fiel. Por isso, é preciso entrar na sala de cinema com disposição para se deixar levar pela trama, pois sob uma análise mais crítica é difícil não achar tudo um pouco bobo e caricato, visto que, como costumam ser as soluções de Agatha, tudo é bastante improvável, beirando uma novela de 2 horas. É um filme para escapar da realidade e brincar de detetive junto com os personagens, e pode ser mais proveitoso para o público mais jovem — que ainda não teve contato com as inúmeras obras de mistério disponíveis para serem comparadas com Morte no Nilo.

Morte no Nilo estreia nos cinemas dia 10 de fevereiro de 2022.

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