Os altos e baixos de ‘Radical Optimism’
O novo álbum de Dua Lipa diverte, apesar de não ser incrível e memorável como o antecessor Future Nostalgia
No mundo da música pop, diversos lançamentos parecem ter dividido opiniões no primeiro semestre de 2024. Além dos novos materiais de Billie Eilish, Ariana Grande e Taylor Swift, surge o terceiro álbum da artista britânica-albanesa Dua Lipa: Radical Optimism.
Depois do enorme sucesso com o seu segundo álbum, o formidável Future Nostalgia (2020), e com o single Dance The Night (2023), lançado para a promoção do filme da Barbie, Dua Lipa lançou seu novo álbum no início no mês de maio deste ano.
Como a cantora já declarou em diversas entrevistas, seu objetivo com Radical Optimism era manifestar uma atitude positiva para a vida, enfrentando qualquer dificuldade de cabeça erguida. No meio das cores e festividades do verão europeu, Dua Lipa explora suas vulnerabilidades amorosas com um olhar otimista.
“I want to capture the essence of youth and freedom and having fun and just letting things happen, whether it’s good or bad. You can’t change it. You just have to roll with the punches of whatever’s happening in your life.”
— Dua Lipa para a Rolling Stone
O primeiro single do álbum foi lançado em novembro de 2023. “Houdini” inaugura a era Radical Optimism da cantora. A escolha da faixa como lead single não poderia ter sido mais precisa. Produzida por Kevin Parker (sim, é o Kevin Parker do Tame Impala), é considerada a melhor música do álbum por alguns veículos de comunicação e crítica.
Seus outros singles, Training Season e Illusion, são atraentes, mas podem enjoar rapidamente e não chegam no mesmo nível que Houdini. Em relação às outras músicas, a primeira faixa End of an Era, a catchy Watcha Doing (faixa 5) e a [extremamente] europop Maria (faixa 10) são as opções mais carismáticas para alguém que escuta Dua Lipa casualmente.
Sério, Maria é o suprassumo do europop. Aliás, a música é um dos melhores exemplos da postura de “otimismo radical” que a artista adotou na sua nova era: na letra, podemos visualizar a mensagem de gratidão da cantora para a ex-namorada do seu parceiro atual.
Deepest effect always comes from a cause
I’m better too from the ones that I’ve lost
Now, he is everythin’ I’d ever want
I wanna thank you for all that you’ve doneNever thought I could feel this way
Grateful for all the love you gave
Here’s to the lovers that make you change
Maria, Maria, Maria
Na aproximação do conceito vivo e festivo de eurosummer e se mantendo dentro do dance-pop, similarmente às suas obras anteriores, Radical Optimism é bom, alegre e divertido, mas não inova e não traz novidades. Inclusive, algumas de suas músicas não são capazes de atrair atenção alguma e parecem passar despercebidas entre umas faixas e outras. Mas devemos ser justos: a comparação chega a ser injusta, já que Dua Lipa acabou subindo a régua com o Future Nostalgia.
Se o segundo álbum de Dua Lipa foi um marco na indústria da música, chegando a concorrer por Álbum do Ano nos Grammy’s e vencer o prêmio na categoria Best Pop Vocal Album, sem mencionar uma sequência formidável de singles e vídeos e um senso estético certeiro (que influenciou muitos outros artistas do início dos anos 2020), seu sucessor parece não ser capaz de atingir os mesmos marcos, apesar de apresentar algumas músicas boas. Future Nostalgia, com suas raízes nos gêneros disco e electropop, é um álbum que parece melhorar a cada faixa que escutamos.
No entanto, existe algum tipo de coesão nesta história toda: Radical Optimism veio mostrar que a artista está aqui para se divertir e manifestar o que há de melhor na vida. Não há nada de radical em suas músicas, mas certamente há muito otimismo para Dua Lipa.
O álbum Radical Optimism, de Dua Lipa, foi lançado no dia 3 de maio de 2024 e se encontra disponível nos principais serviços de streaming de música.
