Cinema

Oscar 2021: o melhor e o pior da 93ª edição

A mistura de decepções, surpresas e momentos emocionantes e constrangedores deu tom caótico à premiação mais respeitada do cinema.

Camila Mendes da Rocha
Published in
4 min readApr 27, 2021

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O 93º Academy Awards foi transmitido ao vivo neste domingo (25) da estação de trem Union Station em Los Angeles, onde foi realizada a cerimônia. A premiação mais tradicional do cinema foi adaptada em função de contingências sanitárias exigidas para a contenção do vírus Covid-19. As alterações contaram com a redução do público atendente, que abandonou as tradicionais fileiras de cadeiras e foi disposto em mesas. Já as apresentações musicais foram pré-gravadas, com um excepcionalmente pequeno tapete vermelho e o cancelamento da festa pós-oscar.

Plateia do Oscar 2021 sentada em mesas separadas.

Surpresas

Mas não foram só estas mudanças que chamaram atenção: esta foi a primeira edição da premiação a ocorrer após a grande tensão política-racial nos Estados Unidos. As duras campanhas contra a falta de representatividade nas premiações foram ouvidas e as indicações foram marcadas pela diversidade, assim, resultando em algumas vitórias históricas.

Chloé Zhao tornou-se a segunda mulher na história, e primeira de origem asiática, a vencer o prêmio de melhor direção com Nomadland; Youn Yuh-Jung levou o Oscar de melhor atriz coadjuvante com Minari. Sendo a única atriz coreana a levar um Oscar e a primeira atriz asiática a ser premiada desde 1958; Mia Neal e Jamika Wilson, da equipe de maquiagem e penteado de A Voz Suprema do Blues foram as primeiras mulheres indicadas na categoria e as primeiras negras a vencerem; Viola Davis recebeu sua quarta indicação, tornando-se a atriz negra com mais indicações.

Da esquerda pra direita: Chloé Zhao, Youn Yuh-Jung, Mia Neal, Jamika Wilson e Viola Davis.

Decepção

Um dos momentos mais aguardados após a divulgação da lista de indicados foi a entrega do prêmio de melhor ator. Os fãs estavam esperando a vitória de Chadwick Boseman; ao menos uma homenagem à carreira do ator que faleceu em 2020, após ter gravado o filme A Voz Suprema do Blues, já em tratamento contra o câncer. O ator apareceu brevemente no In Memorian junto a outros artistas falecidos. A categoria a que concorria foi a última a ser apresentada, criando a expectativa de que seria um momento especial. Entretanto, assim que foi anunciado o vencedor de melhor ator, Anthony Hopkins -que não compareceu- a cerimônia foi encerrada abruptamente em um clima estranho, perdendo um gancho prefeito para uma menção honrosa a Chadwick.

Esse final constrangedor foi, na opinião de muitos, o pior momento desta edição do Oscar, revoltando até mesmo aqueles que torciam para Anthony.

Anthony Hopkins, vencedor de melhor ator e Chadwick Boseman, vítima de câncer aos 43 anos.

Melhores momentos

Um dos momentos que mais repercutiu nas redes sociais foi o discurso de aceitação de Youn Yuh-Jung: ganhadora do prêmio de melhor atriz coadjuvante e da simpatia do público.

A atriz sul-coreana de 73 anos agradeceu, com muito humor e humildade, em seu inglês carregado de um sotaque adorável e parabenizou as outras indicadas, eliminando a competitividade e celebrando o talento de todas.

“Normalmente […] ficava assistindo à TV e via o Oscar, ficava assistindo como se fosse um programa de televisão normal. Mas eu estou aqui, em carne e osso, não posso acreditar. […] Somos vencedoras, tivemos papéis diferentes, não podemos competir umas com as outras. Essa noite, eu estou aqui, mas talvez eu só tenha sido um pouco mais sortuda que vocês” disse a atriz divertindo a quem assistia.

Youn Yuh-Jung durante seu discurso de agradecimento.

Com altos e baixos a cerimônia será lembrada pela diversidade e pela celebração da sétima arte. Com tom divertido e positivo a festa aliviou, momentaneamente, o clima tenso que vivemos mundialmente e deu, mesmo que ilusoriamente, a sensação positiva de que a vida continua normalmente.

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