Cinema

“Pantera Negra: Wakanda para Sempre” lembra que ninguém dura para sempre

O mais recente filme lançado pela Marvel, Pantera Negra: Wakanda para Sempre, deixa saudades do rei T’Challa e é uma lembrança constante da falta do Chadwick Boseman.

Rafaela da Silva Bobsin
Published in
3 min readDec 6, 2022

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Contém spoilers.

Reprodução: Marvel Studios

Pantera Negra: Wakanda para Sempre inicia com a descoberta de que o rei T’Challa (Chadwick Boseman) estava severamente doente e veio a falecer. Shuri (Letitia Wright), irmã do rei, tenta salvá-lo sem sucesso e, durante toda a trama, é possível observar a culpa que ela carrega por isso — assim como o sofrimento da rainha Ramonda (Angela Bassett) que se força a ser firme para manter seu país.

Com a morte de T’Challa e o fim do Pantera Negra — já que as flores sagradas de Wakanda que davam o poder ao herói foram todas destruídas no primeiro filme — diversos países acreditam que Wakanda ficou enfraquecida pela perda do rei. Fato que eles acabam tendo que mostrar não ser verdade.

Apesar de fortificada contra ameaças de outros territórios, Wakanda se encontra enfraquecida ao se deparar com algo que acreditava-se ser impossível: outra nação detentora de vibranium. Sem um protetor, sendo acusada de crimes que não cometeu e com ameaças de diferentes lados, os wakandanos se vêem como nunca antes: despreparados e, quase, indefesos. Toda a trama do filme culmina no momento em que o manto do Pantera Negra é passado adiante a uma nova heroína.

Antigos personagens aparecem novamente com suas presenças reconfortantes, como a de Okoye (Danai Gurira) e Jabari (Jarrell Pyro Johnson) — este último que aparenta estar se tornando um personagem mais relevante para a franquia. Novos personagens também são introduzidos, fazendo com que os telespectadores se questionem sobre o que está por vir. Além de serem personagens que permitem ao filme explorar diferentes etnias, línguas e povos — fator marcante desde o primeiro filme.

Shuri assume o local do irmão e passa a ser a protetora do seu povo. Embora isso pareça algo natural, ainda aparenta faltar desenvolvimento e amadurecimento de seus ideais, processo que foi iniciado em Wakanda para Sempre.

O filme, em um amplo aspecto, mostra como o processo de luto pode mexer com o emocional de alguém e, muitas vezes, quase destruir quem permanece vivo e está à sua volta — caso não seja um processo bem administrado. Os ritos fúnebres representados são parte marcante da história, pois são maneiras de demonstrar o encerramento de ciclos. Também mostram que quando esses momentos não são o bastante para isso, deve-se permanecer em busca de uma forma de aprender a lidar com a falta e a dor, e de superar a culpa que muitas vezes pode vir acompanhada do luto.

O surgimento da nova Pantera Negra está diretamente ligado na trama ao processo de perda e necessidade de se fazer algo a respeito disso — principalmente a de culpar alguém. Todo o desenrolar até esse ponto é um pouco demorado. Levando em conta que é um filme um tanto longo, acaba que o papel de Pantera Negra só é assumido quando a história precisa se encaminhar para um final. Isso já era esperado, mas faz com que o público não veja muito de como vai ser Shuri como a Pantera Negra, deixando a expectativa de novas aparições e filmes com a personagem.

Apesar de ser um filme longo, ele não é desinteressante. Pelo contrário, a introdução de todo um povo diferente fez com que quiséssemos saber mais dele, balanceando bem as idas e vindas do filme. Todavia, a falta do personagem de Chadwick foi grande, principalmente por sua característica de tentar ser um mediador e ter suas convicções mais bem formuladas — além, é claro, do charme que o ator e o personagem compartilhavam. Diante disso, em alguns momentos, surge o questionamento de como seria a trama se Chadwick ainda estivesse aqui.

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