Crítica

Para quem sentiu medo em Babadook e Slenderman, “A Freira 2” não fará nem cócegas

Guiado por referenciais bíblicos, como a história dos olhos de Santa Luzia, o segundo filme de “A Freira” é uma produção para quem não leva muito a sério o gênero terror e quer dar um passeio despretensioso no cinema

Ana Paula Tavora
Published in
2 min readSep 8, 2023

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Divulgação: Canaltech

A história faz parte da franquia “Invocação do Mal” — que apresenta casos reais investigados pelos demonólogos Ed e Lorraine Warren — e, apesar de garantir alguns sustos, não impressiona na manutenção do suspense e na construção do medo diante da figura demoníaca.

A entidade Valak retorna para assombrar Irmã Irene, interpretada por Taissa Farmiga, que no primeiro longa era apenas uma noviça. Embora a freira maquiavélica cause certo pavor no início do filme, da metade até o desfecho ela se torna boba, justamente por aparecer na tela repetidas vezes. O medo e o suspense que poderiam cercar a narrativa acabam se perdendo nos dentes pontiagudos, nos chifres e na força sem precedentes do diabo.

Storm Reid. Divulgação: Cinema10

O que se destaca, no entanto, são as atrizes e a breve dimensão humana colocada como pano de fundo. Em “A Freira 2”, a genial Storm Reid de “The Last of Us” interpreta Irmã Debra, que assim como Riley, sua personagem da série apocalíptica, é corajosa e subversiva. Na primeira cena em que aparece, ela já revela sua complexidade ao questionar os rituais cristãos e ao associar sua fé à mãe. O erro da produção é negligenciar o universo psicológico de Debra e dar pouca ênfase às questões de Irene durante a guerra contra o demônio.

A ótima atuação da irlandesa Katelyn Rose Downey, de 14 anos, e o cenário de ruas escuras e estreitas da Europa dos anos 1950 também dão fôlego para o filme. É provável que esse produto cultural se diferencie de outros em um aspecto: é uma das poucas histórias de terror em que o salvador não é um padre, mas sim algumas mulheres. De toda forma, para quem sentiu medo em “Babadook” e “Slenderman”, “A Freira 2” não fará nem cócegas.

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