Crítica

Twisters: O épico bem feito

28 anos depois do lançamento do primeiro filme, as telas de cinema novamente viraram palco para os famosos caçadores de tornados nesta sequência épica dirigida por Lee Isaac Chung

Diego Zapata
Published in
3 min readJul 12, 2024

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Capa do filme | Reprodução: Warner Bros. Pictures

Twisters (2024) é o mais novo blockbuster da Warner e é considerado uma continuação do filme Twister, lançado em 1996 pela mesma produtora. Apesar disso, esse novo longa, dirigido por Lee Isaac Chung, não quer saber de nada do primeiro filme, trazendo novos personagens e novas tramas e deixando o seu antecessor para atrás.

A obra conta a história de Kate, uma caçadora de tornados que busca, por meio da sua genialidade em meteorologia, fazer a diferença para evitar as catástrofes que esses desastres naturais causam no estado de Oklahoma.

A narrativa de Twisters se propõe a seguir convenções bem comuns desse tipo de filme, especialmente na caracterização dos personagens e no senso de jornada que é colocado em cima da personagem de Kate. Mesmo assim, o diretor não se deixa levar por decisões fáceis e preguiçosas para resolver os dramas dos personagens (clichês, deus ex machina, etc). Muito pelo contrário: a genuinidade com que ele consegue lidar com os dramas da protagonista, somado às cenas grandiosas de ação, potencializam esses padrões de narrativa. Assim, a principal força do longa vem de como ele consegue construir toda uma jornada onde sentimos que tudo é resolvido de maneira heroica e épica.

Daisy Edgar-Jones como Kate Carter, Anthony Ramos como Javi e Glen Powell como Tyler Jones | Reprodução: Warner Bros. Pictures

A mistura do trauma com o dom de Kate cria uma dialética que faz com que tudo fique mais profundo, mais dramático. Afinal, ela nasceu para aquilo, mas como conseguir deixar essa paixão fluir quando ela está ligada com algo tão doloroso? Esse desafio que Kate precisa enfrentar é exatamente um dos pilares que fazem com que tudo fique mais intenso e poderoso. Em algumas cenas antes de momentos chave, o filme retrata a paixão da protagonista pelo clima de forma lírica e contemplativa. Em outras partes, vivemos com ela a brutalidade que existe em meio a um tornado por meio de cenas espetacularmente bem feitas com efeitos práticos e digitais. Tudo isso vai se somando ao longo do filme em uma carga emocional interna tanto para nós quanto para a personagem, aumentando o drama a cada tornado.

Além disso, Chung explora o fenômeno natural retratado em seu filme muito bem, utilizando aspectos gráficos e emocionais para isso. Nos tornados, o aumento de peso e intensidade das cenas, por meio de estímulos gráficos cada vez mais espetaculares, torna elas visualmente dramáticas. Junto disso, o diretor consegue impor também uma carga emocional por trás dos desastres, por meio dos estragos materiais e das vidas que são perdidas. Atuando ao mesmo tempo, esses fatores transformam as cenas em desafios espetaculares.

Kate e Tyler | Reprodução: Warner Bros. Pictures

Contudo, por mais que o filme saiba rechear sua narrativa com tensão, não é só disso que vive um blockbuster, não é mesmo? O longa também sabe ser divertido e, para isso, usa muito a convenção dos seus personagens. A protagonista Kate, interpretada por Daisy Edgar-Jones, que segue a caracterização da prodígio, além de conquistar com a sua inteligência, também consegue ser bem carismática e ter boas nuances ao longo da trama. O personagem do Glen Powell, Tyler Owens, junto de sua equipe, funciona muito bem como alívio cômico, e o coadjuvante se encaixa bem na convenção. Apesar desses diversos padrões, o filme consegue utilizá-los de maneira honesta e sem parecer forçado.

Assim, a junção de praticamente três elementos: caraterização, peso interno da protagonista e conflitos externos espetaculares, é o que consegue criar essa grande jornada épica, emocionante e divertida. Ao longo da trama, esses elementos vão se juntando e dialogando até atingirem o seu ápice em um clímax incrível. Twisters é um baita filme que não tem medo de ser feliz e que com toda certeza não pode deixar de ser visto com toda a magia de uma boa sala de cinema.

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