Crítica

Uncharted: Fora do Mapa

Quem não conhece os games, vai gostar

Alberto Dabul Sant'Anna
Published in
3 min readFeb 16, 2022

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Uncharted. Reprodução: YouTube

Uncharted: Fora do Mapa, da Sony Pictures, é o primeiro filme de uma provável franquia inspirada na saga de games da Naughty Dog, até então, exclusivos de Playstation, chegando esse ano no PC.

O diretor Ruben Fleischer é competente e traz esse universo para um público novo. Tom Holland é o escolhido para viver Nathan Drake. Particularmente, acho a escolha do ator um erro, mas, do ponto de vista comercial, é inegável que Tom vende ingresso para caramba.

Um dos trunfos que faz os jogos Uncharted estarem entre os maiores sucessos da história dos games, e se diferenciarem de outras produções semelhantes, é transformar Nathan Drake em um personagem muito humano, praticamente um anti-herói. Que não tem problema nenhum em meter bala nos outros, coisa que a classificação indicativa de 13 anos do filme não permite. Tom faz o que pode, mas nos apresenta um personagem ainda em construção, não o Nathan Drake que conhecemos. A idade e a aparência jovem do ator influenciam muito nisso, ele traz um ar de amadorismo para Nate, de ingenuidade, diferente da malandragem do personagem nos games. Não convence quando tem que bancar o ladrão esperto, por isso precisa de um mentor. Há no filme, uma dinâmica igualzinha a cena dentro do carro entre Peter Parker e Tony Stark em Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Mesmo adicionando uma pitada de “acidez” ao personagem, a balança pesa muito mais para Peter do que para Nate. Parece que a qualquer momento ele vai lançar uma teia.

Uncharted. Reprodução: Google

Puzzles desafiadores, jogabilidade fluida e relativamente simples eram marcas da franquia no Playstation. Esses aspectos não podem ser passados para as telonas por conta da diferença entre as mídias, por isso, cenas de ação poderiam aparecer em maior quantidade. As que estão no filme, apesar de não tão frenéticas, são muito bem dirigidas. A do avião, em específico, gerou um leve arrepio em meu braço por conta da nostalgia. Sentimento esse, que me fez sentir falta de cenários se destruindo. Para isso, seriam necessárias localizações fictícias, com lendas e seres místicos como nos jogos, elementos que, felizmente, devem aparecer na sequência, como sugere a segunda cena pós-créditos.

O filme funcionaria melhor com atores mais velhos, mas, uma grata surpresa foi como Mark Wahlberg assumiu bem o papel de Sully. Não entendam errado, tirando um detalhe visual na cena pós-créditos, o personagem pouco tem a ver com a sua contraparte nos games, mas ainda assim ele manda bem e acaba roubando o protagonismo que deveria ser de Tom Holland. Uma curiosidade, é que, originalmente, Mark havia sido escalado para viver Nathan Drake no filme, o que faria muito mais sentido.

Sobre fazer sentido, inserir no cânone a história de Sam Drake, irmão de Nate, logo no primeiro capítulo da história, diferente dos games em que só vemos isso no quarto jogo, foi um acerto tremendo. Uma espécie de retcon que evita problemas mais para a frente.

Uncharted: Fora do Mapa, é uma ideia ruim com uma execução competente. Superou minhas expectativas, que eram baixas, e me fez sentir vontade de zerar os jogos da franquia novamente. Com sorte, o filme despertará esse interesse naqueles que ainda não tiveram contato com os jogos.

Uncharted: Fora do Mapa estreia nos cinemas do Brasil dia 17 de fevereiro.

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