Vai Apitar Jogo de Botão!
Alguém já mandou algum juiz apitar jogo de botão?
Eu já. O Dunga também.
Não estou desmerecendo o nobre esporte bretão de botão… longe disso. Aliás, esporte de mesa apaixonante que me traz saudosas recordações nos confrontos com meu irmão.
Por exemplo, do “homem-gol”, o camisa 11 do Vitória. Seu poder ofensivo era inacreditável. Bastava encostar a palheta com certa habilidade que a bolinha de feltro tinha endereço certo: as caprichosas redes de filó do meu Estrelão.
Mas voltando ao “xingamento”, mandar o juiz apitar jogo de botão era o meu teste de autoridade preferido nos tempos em que eu era bom de bola.
Lembro-me até de uma passagem, onde o treinador do selecionado sub-14 em que jogava, procurando inibir seus atletas a não tomar cartões, repetiu por diversas vezes no vestiário que para aquele jogo em especial, não existiria cartão vermelho. O cartão amarelo seria o suficiente para irmos pro chuveiro mais cedo.
Como as regras sobre cartões mudavam quase sempre para as categorias de base, achei normal o reforço do treinador.
Lá pela metade do primeiro tempo, após algumas botinadas dos zagueiros adversários, me levantei de mais uma falta e encarei o juiz lhe perguntando se não tinha cartão…
Cinicamente, o árbitro veio ao meu encontro e me presenteou com o cartão amarelo. “Tem sim! Esse é só pra você…” — disse o homem de preto.
Recordando-me da preleção do treinador e já me imaginando no chuveiro, educadamente solicitei ao digníssimo que fosse apitar jogo de botão.
E para a minha surpresa, um outro cartão saiu do bolso esquerdo do peito do árbitro, agora da cor vermelha.
Foi o suficiente para eu encarar o juiz com cara de bobo, abaixar a cabeça, seguir pro vestiário e tomar um banho refletindo se o meu treinador estaria preparado ou não para comandar o “homem-gol” no meu Estrelão.