A Maldição do Peja

Lucas Nepopop
Cafe Belgrado
Published in
15 min readMar 7, 2018

Existe esse negócio de karma sim

Quando você historicamente é um time peba, mas tem um jogador que é a cara do seu time, que te deu muitas vitórias e esteve contigo nos playoffs em toda temporada que disputaram juntos, você não o troca. Não seja um calhorda ingrato. Não veja sempre como um negócio. Se proteja do bad karma. Segura o cara, tenta construir ao redor, busca um elenco que minimize seus defeitos e maximize suas qualidades. Mas na moral, nunca o troque por um maluco tipo o Ron Artest.

Atenção: é claro que o carismático Peja Stojakovic NÃO enterrou um sapo em Sacramento e nem fez um “trabalho” nas redondezas. O Peja até teve cerimônia de aposentadoria da camisa em Sacramento em 2014 e, aparentemente, ele não guarda rancor. A culpa da bagunça em Sacramento começa com a decisão dos “irmãos Maloof” (aliás que belo nome para um par de picaretas hein?) de vender a franquia. A decisão foi tomada anos antes da venda realmente acontecer(que só seria concretizada depois do último lockout, quando o preço das franquias disparou). Os irmãos deixaram de cuidar do longo prazo da franquia e focaram em diminuição de custos. Em 2013, o indiano Vivek Ranadivé comprou a franquia. Com MUITA boa vontade e PÉSSIMO gerenciamento ele conseguiu cavar o buraco e deixar ainda pior do que encontrou.

PORÉM… QUEM SABE TUDO ISSO NÃO TÁ ACONTECENDO SIMPLESMENTE PORQUE TIVERAM A CARA DE PAU DE TROCAR O PEJA HEIN? SERIA MERECIDO NÉ?

O fato é que desde a troca em Janeiro de 2006, o Sacramento Kings nunca mais foi o mesmo. Ok, pegou playoffs naquele ano da troca (até porque o Peja já tinha deixado encaminhado com seu charme e carisma), mas olha o que colecionaram de lá pra cá:

- 1x 10º Lugar do Oeste

- 2x 11º Lugar do Oeste

- 1x 12º Lugar do Oeste

- 3x 13º Lugar do Oeste

- 3x 14º Lugar do Oeste

- 1x 15º Lugar do Oeste

Antes de seguirmos o calvário dos Kings passo a passo, vamos relembrar quem foi Pedrag (“Peja”) Stojakovic:

Foto do Twitter do Kings

Nasceu iugoslavo (agora sérvio), foi escolhido no épico draft de 1996 na posição número 14 (entre Kobe 13º e Nash 15º). Dois anos depois, chegou à NBA e rapidinho se acertou por lá. Entre 2002 e 2004 foi selecionado 3 vezes para o all star game e ainda pegou all nba 2nd team na temporada 2004. Venceu dois concursos de 3 pontos no all star weekend e apesar de ser mais conhecido como um dos gatilhos mais precisos da linha de 3 de todos os tempos, seu jogo sempre foi bem mais do que os arremessos de longa distância.

Pela seleção, venceu a Eurobasket em 2001 e o Campeonato Mundial em 2002, eliminando os EUA, com jogadores de NBA em pleno território norte americano. Tudo isso foi conquistado durante seu período de Sacramento Kings.

Em 2002, o ala ainda esteve presente naquele que é considerado por muitos a série mais ROUBADA da história da NBA. Liderando contra os Lakers por 3 a 2, os Kings visitaram LA e pareciam que iam vencer a partida até rolar um último quarto pra lá de controverso com 27 lances livres pros donos da casa e vários lances polêmicos. Os Kings tinham um timaço com Chris Webber, Vlade Divac, Peja, Mike Bibby e um banco bem bacana. Tinham a melhor campanha da NBA e foi uma pena não terem conseguido esse título.

Depois da troca para o Indiana, ainda jogou bem pelo Hornets de CP3, passou pelos Raptors e conquistou o título da NBA como jogador de banco em fim de carreira pelo Dallas Mavericks (apesar de ter sido fundamental em alguns joguinhos daqueles playoffs).

Confira o Review do Projeto Triple-Double

Na real, foi vendo esse vídeo esses dias que me deu vontade de escrever sobre Peja e Kings

Agora voltando ao tema central da coluna: não se troca um cara assim. Depois dessa troca, o marco zero do seu calvário, o Sacramento vem passando por “desventuras em série” de dar inveja ao Conde Olaf.

Trade Deadline 2006:

Adquiriu Potapenko por Brian Skinner. Não mudou nada é verdade, mas Potapenko passou a ser “o estrangeiro” de um time que contou com Divac e Peja por muito tempo. Pura sacanagem.

Entre 2006 e 2008:

· Draftou Quincy Douby na escolha #19 (2006) e viu Rondo #21 e Lowry #24 saírem poucas escolhas depois.

· Assinou com John Salmons

· Draftou Spencer Hawes com a 10ª escolha de 2007

· Trocou Mike Bibby por uma 2nd round e fillers

· Escolheu Jason Thompson com a 12ª escolha de 2008

O Sacramento escolheu o caminho da inércia, muito mais comum no século passado do que na “nova era” da NBA. Enquanto isoladamente, nenhuma dessas decisões tenha sido considerada absurda, no conjunto da obra, elas apenas colaboraram para a mediocridade do Sacramento Kings. E na NBA você não quer ser medíocre. Equipes da mesma conferência que organizaram melhor seu processo de reconstrução saíram bem mais fortalecidas dos drafts 2007 e 2008:

Sonics (depois OKC): Durant + Westbrook

Grizzlies: Mike Conley e Kevin Love (pena que trocou esse último pelo OJ Mayo na noite do draft)

Enquanto isso, nosso querido Sacramento escolheu uma dupla de bigs que nem está mais na NBA.

2008/2009

Veio a temporada 2008/2009 e com ele uma nova filosofia: se livrar do talento insuficiente para levar a equipe aos playoffs mas que também dava vitórias demais a ponto de dificultar a reconstrução pelo draft.

· Troca de Artest por uma escolha do Houston (que viria a ser Omri Casspi 23ª escolha 2009)

· Troca de Brad Miller e John Salmons por alívio salarial

· Escolha de Tyreke Evans com a 4ª escolha de 2009.

Finalmente uma temporada com algum sentido. Tudo bem que a equipe deixou escapar Stephen Curry (que sairia na 8ª posição de 2009), ops, mas Evans foi o novato do ano na NBA e construiu uma carreira bonita na liga, APESAR de tanto tempo no Kings.

Trade Deadline 2010

Na ânsia de repetir a dose no ano anterior, o Kings cometeu uma bobagem. Trocou um dos melhores arremessadores da liga, Kevin Martin (justamente o jogador que tornou Peja “desnecessário” em Sacramento), por um saco de batatas para o Houston Rockets. A intenção de perder mais jogos tinha seus méritos, mas não se pode desperdiçar talento jovem dessa maneira. O Houston pouco tempo depois, colocaria Kevin Martin como peça central numa troca por James Harden. Pois é.

Draft 2010

· DeMarcus Cousins, pick 5

· Hassan Whiteside, pick 33

Foto do Twitter.

Deveria marcar uma nova era para o Kings. Com o novato do ano Tyreke Evans e o dominante center DeMarcus, finalmente as coisas pareciam que se acertariam. Só pareciam mesmo. Depois de uma fraca temporada em vitórias, mas promissora pelo talento jovem à disposição, o Sacramento Kings ficou com a sétima escolha do draft de 2011.

Em 2010 parecia que equipe ia achar o caminho…

Mais uma vez dando uma aula do que não se deve fazer em um draft, a equipe da Califórnia “trocou pra baixo”. Saiu da sétima pra décima escolha, perdendo a chance de sair com Kemba Walker. Ainda com duas enormes chances de acerto (Klay #11 e Kawhi #13), o Kings decide errar totalmente e escolhe o JJ Redick dos pobres: Jimmer Fredette. Esse cara joga muita bola na China.

Draft 2011

· Jimmer Fredette, pick 10

· Isaiah Thomas, pick 60

A outra escolha do draft foi muito mais produtiva. Isaiah Thomas sempre foi o melhor armador do Kings enquanto esteve por lá.

Outra de Junho de 2011: troca de Omri Casspi + 2nd round futura (olá e tchau Jordan Bell!!) por JJ Hickson. Consequência natural: Dispensa de JJ Hickson 6 meses depois.

Em 2011/2012 a campanha que já deveria ser melhor foi novamente fraca. A dança dos técnicos já havia começado, a notícia de que a franquia seria vendida já tomava conta da NBA e até uma realocação para outra cidade parecia provável. O ambiente de fora e a bagunça de dentro criavam um péssimo ambiente para uma equipe tão jovem e sem veteranos de impacto no vestiário.

Antigo astro do Phoenix Suns, Kevin Johnson é prefeito de Sacramento e foi fundamental pra que a equipe continuasse por lá.

Draft 2012

· Thomas Robinson, escolha 5

Uma campanha ruim resultou em mais uma escolha alta para o Kings. Quinta escolha num draft que prometia ser recheado de estrelas. Kings se deu bem? Claro que não! Thomas Robinson foi a escolha. Saiu logo antes de Damian Lillard #6 e Harrison Barnes #7. Um pouco depois? Andre Drummond #9.

Quer outra legal? A equipe tinha a escolha #36 e estava desesperada por arremesso de 3 pontos. Que tal vender a escolha e deixar passar Middleton #39 e Barton #40?

Na offseason a equipe ainda trouxe Aaron Brooks para concorrer com Isaiah Thomas na armação. Coitado levou um baile e acabou dispensado em Março.

Esse draft de 2012 causou uma série de sequelas direta e indiretamente:

a) Dispensa quase imediata de Whiteside. Sem praticamente testá-lo durante duas temporadas (111 minutos ao longo de 2 anos), a equipe desistia de um jogador que era mão de obra baratíssima e que se tornou um dos melhores bigs da NBA.

b) Um ano jogado no lixo. Em Fevereiro de 2013, às vésperas da venda da franquia, a preocupação número 1 era deixar tudo o mais limpo possível. Dessa forma, a recém escolha número 5 do draft foi trocado para o Houston mais uma vez a troco de banana (dessa vez nem o Houston conseguiu dar um jeito no Thomas Robinson).

c) Demissão do GM Geoff Petrie. O provável é que o novo dono já fosse trazer seu próprio GM, mas ninguém espera que um GM escolha alguém com a quinta escolha e o troque no mesmo ano por um saco de farinha (Patrick Patterson) e ainda continue empregado.

Draft 2013

· Ben McLemore #7

· Ray McCallum #36

A essa altura já deu pra perceber o tanto de chance desperdiçada pelos Kings né? O Blazers mais uma vez sambou na cara deles pegando CJ McCollum na #9. Giannis, Gobert, Adams, Schröder são mais alguns trilhões de vezes melhores que McLemore e que foram escolhidos depois.

Depois de um ano de involução, o Kings pelo menos sabia que tinha um armador e um center ideal pro para os próximos 10 anos certo? Errado!

Nas cabeças das feras de Sacramento, DeMarcus Cousins sempre devia jogar ao lado de outro big e Isaiah Thomas não podia ser titular. Por isso trocaram Tyreke Evans, a antiga futura estrela da franquia por Greivis Vasquez (acredite!). O venezuelano foi o armador titular dos 18 primeiros jogos e Isaiah só assumiu depois disso (mesmo estando jogando melhor sempre) depois que Greivis foi trocado. Isaiah então foi um dos cestinhas da equipe com mais de 20ppg.

A troca aí de cima foi uma atuação clássica de novo dono. Frequentemente ao assumir uma franquia, o novo dono busca um jogador de grande nome na NBA pra trazer pra sua equipe. Dessa maneira, ao começar com a campanha de 5 vitórias em 18 jogos, o Kings aceitou trocar alguns jogadores por Rudy Gay que já não era funcional em Toronto.

SURPRESA! Também não deu certo em Sacramento. Os números até que estiveram lá (20ppg enquanto um King), mas as vitórias nunca apareceram em quantidade suficiente.

Fevereiro de 2014: Dispensa discretamente Jimmer Fredette. Desbloqueando aí uma conquista rara: dispensar picks de loterias em anos consecutivos.

Fredette brilha na China

Draft 2014:

· Nik Stauskas, #8

Stauskas?

NIK ROCKS!!

Ano de 2014 é mágico pro Kings. É o ano em que eles conseguem se enfiar num buraco praticamente impossível de se sair.

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Provavelmente não foi o que aconteceu mas imagino que a alta cúpula de Sacramento se reuniu no QG da franquia pra uma reunião ultra-secreta:

GM Pete D’Alessandro: Precisamos de um plano. A franquia está em frangalhos. Estamos em uma seca de playoffs, nosso organização é uma bagunça, nossas escolhas de draft são piadas em toda NBA e nosso time não se encontra em quadra!

Depois de ouvir a discussão se estender por algumas horas, Vivek Ranadivé, o dono brilhante, pediu a palavra, se levantou e calmamente expôs sua teoria.

Vivek: Amigos, tudo que tentamos, todos os planos que bolamos resultam em fracasso. Digo agora tranquilamente que já encontrei a solução. Que tal bolarmos um plano tão ruim, mas tão ruim que o fracasso dele seria justamente o sucesso da franquia? Possivelmente um título!!

Após alguns segundos de perplexo silêncio, todos na sala começam a aplaudir e rapidamente fazem o esboço do plano:

Passo 1: Draftar Stauskas para se juntar ao McLemore como os wings do futuro!

Passo 2: Não renovar com Isaiah Thomas. Que tal deixá-lo ir pro Phoenix por 7mi por ano e não receber nada em troca? Parece bom hein? Considere feito!

Passo 3: Assinar com Darren Collison para ser o armador. Deve ser muito mais jogador que esse tal de Isaiah Thomas que é muito baixo.

Passo 4: Depois do melhor começo da franquia em sei lá quantos anos (11v e 13d), que tal trocarmos o técnico, Mike Malone que por acaso é o único que se deu bem com o nosso franchise player? Depois que der tudo errado com o novo técnico, a gente traz o George Karl.

Pode parecer exagero defender uma campanha de 11 vitórias e 13 derrotas, mas Mike Malone é o único técnico pós-Peja do Kings que ainda tem emprego na NBA (fora o atual técnico obviamente).

Passo 5: Aproveita que não tem a menor chance de dar certo o relacionamento Cousins + Karl e já dá ao Karl poderes de GM, assim ele pode ficar ameaçando trocá-lo o tempo todo.

Belo Plano!

Resultado: pela primeira vez o plano em Sacramento funcionou direitinho. Tudo foi um fracasso conforme o planejado. Até hoje alguns não entenderam se o plano deu certo ou errado.

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Depois de tantos fracassos, o GM Pete D’Alessandro foi demitido e trouxeram uma lenda de Sacramento para tomar as rédeas da franquia. Trouxeram Peja??? Infelizmente não. Decidiram continuar com a maldição e deram o comando a Vlade Divac. Que logo de cara começou a mandar mensagem desaforada pela imprensa para sua estrela DeMarcus Cousins.

Curiosidade Rápida: Em Agosto de 2015, Divac trouxe Peja pra organização. Mas não para os Kings e sim para ser o GM do time da D-League (hoje G-League) dos Kings: Reno Bighorns. Peja já levou no mesmo ano a equipe aos playoffs de lá e atualmente é o 4º colocado da conferência Oeste. SÓ NÃO VÊ QUEM NÃO QUER!

Mais uma vez o Sacramento Kings foi ruim demais para ter chances de playoffs e ruim de menos para ficar com uma escolha top 3. Então de um draft com Towns #1 e Porzingis #4, eles saíram com Willie Cauley-Stein #6. É claro que no ano que desistiram de pegar o ala-armador chutador do draft, foi o ano de Devin Booker #13 aparecer.

JULHO DE 2015 — UM NOVO DESASTRE

Cansado de ver o Kings dispensar jogadores escolhidos na loteria, Vlade Divac bolou uma solução ainda mais patética: Trocou Nik Stauskas com Sam Hinkie. Quem é Sam Hinkie? Eu explico:

Hinkie foi o General Manager do Philadelphia por alguns anos. Ele foi o responsável pela decisão de tornar o Sixers ruim em níveis históricos para poder reconstruir através do draft um time forte e barato. Ele se notabilizou por ser um ávido colecionador de assests.

Então imagina a emoção de Sam Hinkie ao ter Vlade Divac ao telefone negociando a sua PRIMEIRA troca na NBA.

O que rolou? Kings enviou Nik Stauskas, um direito do Phila trocar as escolhas do draft 2017 e uma escolha DESPROTEGIDA de 2019.

Sério, cara.

Pensa nesse absurdo. Sacramento deu a escolha #8 de 2014 (Stauskas) + 1 direito de swap + 1 pick desprotegida para o Philadelphia 76ers em troca de… WTF!! Nada? Sim nada. O Sixers só precisou assumir salários.

Com a “economia”, Kings assinou Rondo por um ano, Bellinelli por 3 e renovou Kosta Koufos. Show!

DRAFT 2016

Uma miragem? Não! São duas boas trocas do Sacramento Kings no mesmo draft!!

Lembra que eu falei mais cedo que não se troca pra baixo em um draft? Aparentemente essa regra não existe se você vai trocar com o Phoenix Suns. O Kings tinha a escolha #8 (Marquese Chriss) e a trocou para o Suns por nada menos que: os direitos de Bogdan Bogdanovic, a escolha #13, a escolha #28 e + 2 2nds futuras. Nada mal né?

No mesmo draft, conseguiu transformar Bellinelli em uma escolha de 1º round (#22).

Como o Kings é o Kings, conseguiram fazer bobagens com muita facilidade. Na número 13, pegaram Georgios Papagiannis, um grego que jogava na NCAA e que talvez nem fosse escolhido naquele draft caso o Kings não cometesse essa loucura. É claro que de lá pra cá o Sacramento Kings já conseguiu DISPENSAR mais essa escolha de loteria.

Na número 22 veio Malachi Richardson. Esse ficou mais conhecido apenas por ter sido trocado pelo nosso Bruno Caboclo agora na deadline de 2018.

As outras duas peças foram bem mais engraçadinhas. Bogdanovic assinou com o Kings no começo dessa temporada e com a escolha 28 o Kings pegou Skal Labissière, um dos poucos acertos de draft do Kings que você vai ler nesse texto.

DEADLINE 2017 — OUTRO RESET

Sabe quando você tá jogando um jogo de esportes num modo carreira qualquer e lá na frente seu time já tá tão forte que você prefere começar tudo de novo? O Kings não sabe o que é isso. Eles sempre estragam o time e acabam dando reset pra tentar de novo.

Em 2017, ano em que a equipe NÃO tinha o direito à própria escolha já que havia enfiado a mesma na ridícula troca do Stauskas, a equipe decide trocar o seu melhor jogador (e um dos melhores da liga) a poucos dias da deadline. DeMarcus Cousins então foi mandado para o Pelicans em troca de Buddy Hield que segundo Vivek, tem “potencial de Stephen Curry”. O mais louco é que ele não caiu na gargalhada depois de dizer isso. Para “equilibrar” a troca, o Kings recebeu ainda uma escolha do Pelicans de primeiro round e uma escolha de segundo round. Enquanto toda a comunidade da NBA se perguntava: “WTF??”, um intrépido repórter perguntou delicadamente a Vlade Divac se não seria melhor esperar um outro momento para fazer a troca de Cousins. Será que na deadline não ofereceriam mais?

A resposta de Divac foi devastadora:

“Provavelmente seria menos. Porque eu tinha uma proposta melhor dois dias atrás.”

Então aí está o GM da franquia falando que recusou apenas dois dias antes, proposta melhor do que a que aceitou. Um grande parabéns a todos os envolvidos.

Draft 2017

As bolinhas de ping pong finalmente deram uma escolha top 3 para o Kings. Mas pera! Como eles deram ao Sixers, na desastrosa troca do Stauskas o direito de inverter as escolhas, o Kings sai da escolha #3 (Tatum) e cai pra #5 (Fox).

A pick da troca do DeMarcus também era boa (#10) e o Kings poderia ter salvado a troca do DeMarcus caso escolhesse Donovan Mitchell (que saiu na #13). Em vez disso, o Kings trocou a #10 pela #15 e #20. Como não foi uma troca com Suns, a estratégia de trocar pra baixo no draft foi por água abaixo novamente. Justin Jackson (bom jogador de College, mas peba pra NBA) e Harry Giles (talvez nunca jogue) foram escolhidos e são novos candidatos a escolhas dispensadas pelo Kings no futuro.

No segundo round, um baixinho digno de nota: Frank Mason vinha sendo o melhor novato do Kings até se machucar no último jogo de 2017. Está voltando agora da contusão e espero que retome de onde parou.

Offseason 2017

Aqui o Sacramento Kings optou mais uma vez por um caminho “curioso”. Assinou por valores estratosféricos os veteranos George Hill (3 anos), Zach Randolph (2 anos) e Vince Carter (1 ano). A louvável atitude de trazer veteranos começou a dar muito errado quando ficou claro que Zach Randolph não jogaria mais na defesa (nunca foi grande defensor, mas esse é seu pior ano defensivo da carreira) e George Hill começou a dar declarações de insatisfação por não estar no contender que prometeram pra ele. Francamente né George Hill?

Na deadline George Hill foi trocado por um contrato ruim mais curto (Iman Shumpert).

Um acerto de Divac

A temporada vem servindo basicamente para que De’Aaron Fox, Bogdan Bogdanovic, Cauley-Stein e demais jovens ganhem alguma cancha. O Kings possui a próxima escolha de draft e não pode errar nela (mas convenhamos, provavelmente vai errar sim) já que em 2019 terá que pagar mais uma dívida antiga com uma escolha desprotegida (maldita troca do Stauskas).

O QUE TEM PELA FRENTE?

Fox será o salvador da franquia?

Uma equipe que não consegue atrair free agents interessantes precisa se reconstruir pelo draft.

Aprecie esse Rebuild

Num best-case absurdo, Fox vira um John Wall (não vai acontecer), Bogdanovic vira um Manu (improvável, mas o menino tem talento), o Kings mata a pau na escolha de 2018 e a equipe fica com uma espécie de mini big 3 pros próximos anos. Suficiente pra sonhar com o fim da seca de playoffs? Talvez. O mais seguro seria trazer o Peja de volta.

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