Suns - Além da Piada

Lucas Nepopop
Cafe Belgrado
Published in
6 min readFeb 21, 2018

Ou o que tem de verdade e o que tem de exagero na minha empolgação com a franquia de Phoenix

Se você acompanha o Podcast do Café Belgrado (parabéns pelo bom gosto!) você já deve ter ouvido o Guilherme me “gastando” por causa da gloriosa franquia do Arizona. E se você acompanha nosso Podcast sabe que a chance de termos uma conversa aprofundada sobre o Suns é pequena e acabaria em briga e fim de uma amizade, então decidi dividir através de texto alguns pensamentos e lembranças sobre o momento atual dessa franquia que tem conquistado o coração (ou a piedade) de tantos torcedores!

Desde que Amare Stoudemire nos trocou pelo Knicks em 2010, a gente não sabe o que é playoffs. Esse é um destino comum de muita franquia sem tradição (o Minnesota Timberwolves, por exemplo, não vai aos playoffs desde 2004, quando ainda tinha KG no seu elenco), mas pro Suns é uma raridade. Mesmo sem títulos o Phoenix Suns sempre foi uma franquia vencedora. Antes dessa seca de 8 (prestes a se tornarem 9) anos, a equipe tinha chegado à pós-temporada 29 vezes contra 13 eliminações antecipadas.

Não quer dizer muito? Dá uma olhada então no percentual de vitórias de todos os tempos (até o final da temporada passada):

Printado do Wikipedia

Mesmo com a fase ruim prolongada, o Suns estava no top 5. O relacionamento sério com a derrota é algo recente.

Diante disso, é normal o Guilherme me trolar tanto né? O Suns nunca foi campeão quando costumava ganhar, imagina agora que só faz perder? Tem algum futuro torcer pra isso aí?

A resposta realista pra essa última pergunta é… Não. Desde que comprou a franquia em 2004 (no início da era Nash), Robert Sarver sempre tomou decisões “econômicas”. Contando com um dos maiores times da história, o Phoenix Suns tinha múltiplas escolhas de primeiro round em diversas ocasiões. Poderia tê-las usado para adquirir grandes jogadores disponíveis na época (como Garnett) ou mesmo para reforçar o banco do time. A escolha da direção normalmente era vender essas escolhas.

Nunca foi um dono que dá um “passo além”. Pode parecer bobagem, mas o Suns tem o menor telão da NBA (nem é HD!!). É uma parada meio inconcebível dentro da NBA, mas tem sido assim no Arizona. O barato antes do excelente.

A culpa não é só dele claro. Nosso glorioso GM Ryan McDonough chegou em 2013 e deu esperança ao transformar um time de 25 vitórias em um de 48 em apenas uma offseason, mas de lá pra cá regredimos, perdemos peças importantes e não contratamos ninguém que tenha chegado pra ficar. Nem mesmo um técnico. A situação é realmente feia e nessa temporada sofremos as piores derrotas nos 50 anos de equipe.

Em 2016 tivemos um draft emblemático. Trocamos a escolha 13, 28 e os direitos de Bogdan Bogdanovic (aquele mesmo que foi o MVP dos Rising Stars dessa temporada) pelo direito de escolher o Marquese Chriss na oitava escolha (aquele mesmo que nem foi convocado pros Rising Stars). Isso depois de ter passado Jamal Murray pra escolher Dragan Bender.

MAS…

Tem um “mas”? Mesmo com tantas mazelas?

Sim. Pode chamar de delírio de torcedor (com certeza o Guilherme vai te acompanhar nessa), mas tem um “mas” sim. No meio de tantos erros, tivemos belíssimos acertos.

Devin Booker tá madurinho pra se tornar um dos grandes da NBA. Exagero? O rapaz de 21 anos é um dos mais potentes cestinhas da NBA e é capaz de contribuir em diversas facetas do jogo. É praticamente um Klay Thompson 2.0, pois além do arremesso impecável, tem a capacidade de criar jogadas a partir do drible. A defesa do garoto é bem digna (a do time é abismal).

Do Twitter do Devinzão

Josh Jackson, novato, acabou de completar 21 e tem evoluído mês a mês. Uma previsão otimista pra ele era que se tornasse um dos melhores da classe de calouros (ou o melhor) mesmo que não tivesse chance de ser ROY. A concorrência pra ser um dos melhores dessa classe é enorme, mas a previsão parece ter acertado no fato de que ele não chegava pronto na NBA, mas com ferramentas pra ser um cara de muito impacto dentro da liga. Até Dezembro parecia um bust, agora parece uma peça fundamental.

O garoto começou a brilhar

Dragan Bender e Marquese Chriss, 20 anos cada, foram escolhidos em 2016 e embora não tenham provado muito, já mostraram que não são descartes dentro da liga. Bender é praticamente um unicórnio (só que pônei) e Chriss precisa aprender a defender e não cometer faltas (mais de 5 a cada 36 minutos), mas já fez jogos muito impactantes dentro da NBA.

É um núcleo muito jovem que conta ainda com outros “jovens veteranos”, como TJ Warren e o recém-adquirido Elfrid Payton. São duas opções que seriam excelentes (mesmo!) reservas em times bons. Isso é suficiente pra dominar a NBA? Nem de longe!

Mas vem aí o draft 2018. O Suns, que nunca teve em sua história uma primeira escolha de draft, provavelmente será o time com mais chances de tê-la. Mesmo que ela não venha, o Suns vai adicionar ao seu elenco de jovens estrelas uma escolha bem alta. DeAndre Ayton e Luka Doncic são os sonhos de consumo desse que vos escreve, mas quem acompanha de perto a classe 2018, baba por mais alguns nomes, o que deixa a chance de erro ser bem menor.

Além da própria escolha, o Suns tem para 2018 a escolha do Miami Heat (fruto da troca de Dragic). Se não cair no top7 (não cairá), o Suns vai ter a chance de adicionar mais um talento jovem nas suas fileiras (arrisco que a escolha ficará entre 12 e 16). Ainda existe uma possibilidade (não tão grande) do Phoenix receber a escolha do Bucks (caso esse não fique entre os 6 primeiros do Leste), mas essa escolha deve mesmo ficar para os drafts seguintes.

Qual o veredito então? Devemos ficar ansiosos ou temerosos com o futuro do Solzão da Massa?

Pode ficar animado torcedor! Do ponto de vista de elenco e futuras escolhas, a franquia está muito bem posicionada para fazer barulho na NBA.

Mas com cautela! Temos o pior dono da NBA (eleito em 2016 pela ESPN), um GM que erra do mesmo tanto que acerta e um técnico que ainda precisa se provar (mas que na verdade é ruim).

Nunca foi fácil torcer pelo Suns. Vai continuar não sendo.

Em tempo: Se você gosta do Suns (pouco provável), de mim (improvável) ou da Mafalda (se não gosta nem fala comigo) deixo o convite pra você acompanhar a Mafaldinha do Suns no meu twitter @nepopop. Ela não anda bem humorada com a franquia mas tá divertida como sempre.

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