As Melhores e Piores leituras que fiz em 2016

Eder Alex
Café Com Traça
Published in
3 min readDec 28, 2016

Segue abaixo uma listinha afetiva daquilo que andei lendo em 2016.

O que eu mais gostei:

1. Uma Vida Pequena (Hanya Yanagihara)
Poucas vezes tive uma experiência emocional tão intensa quanto a que tive lendo Uma Vida Pequena. A obra é devastadora do ponto de vista da violência física e psicológica sofrida pelos personagens, mas também reserva momentos de pura ternura e beleza. O livro acaba e aqueles quatro amigos seguem com você, talvez pra sempre.

2. Vozes de Tchernóbil (Svetlana Alexievich)
Nenhum aviso ou conhecimento prévio a respeito do maior acidente nuclear da história pode preparar o leitor para o impacto de “Vozes de Tchernóbil”. A ganhadora do Nobel de Literatura constrói um mosaico de relatos absolutamente perturbadores a respeito daquela tragédia.

3. Ruído Branco (Don DeLillo)
DeLillo traçou um retrato bastante ácido do americano médio e por conseguinte, da classe média em geral. A nossa relação um tanto doentia com o entretenimento, o consumo e a violência é esfregada na nossa cara sem dó. E a gente adora.

4. A Balada do Café Triste e Outras Histórias (Carson McCullers)
Esse ano corrigi uma grande falha de caráter, pois até então eu não conhecia esta escritora. Foi paixão à prima lida. Desde a prosa muito própria e envolvente, até a construção de um universo povoado por personagens atípicos que fogem de qualquer padrão, tudo no livro McCullers demonstra que ela foi uma das maiores escritoras que esse mundo já viu.

5. Trainspotting (Irvine Welsh)

O filme dirigido por Danny Boyle é muito bom, meio que marcou a história do cinema, etc. Mas vou te falar que aquilo ali, mesmo sendo fiel à obra original em vários aspectos, ainda é fichinha perto do petardo do livro, que é muito mais violento, mais imundo, mais engraçado, mais deprimente, mais angustiante, mais desmiolado. Fora isso, há todo um trabalho linguístico realizado de forma minuciosa por Welsh, com inúmeras variações de sotaque, entonação, nível de instrução e de sanidade mental, etc, que é um troço de ficar babando. Puta livro do caralho.

6. Pssica (Edyr Augusto)
Duas páginas depois de começar a leitura, eu já estava com cara de “que porra é essa?”. O desconcertante romance de Edyr Augusto, sobre tráfico sexual, é um furacão que passa deixando um rastro de violência e destruição. Tipo de livro escrito com sangue nos olhos.

7. Dias de Abandono (Elena Ferrante)
A viagem ao inferno pessoal de uma mulher que precisa reestruturar a sua vida após o casamento ruir é fascinante. Ferrante faz um arranjo curioso e arriscado, pois insere elementos como uma visão machista de sociedade, uma perspectiva um tanto atrasada, porém não inexistente, associados ao desequilibro emocional de uma mulher que foi abandonada. O curioso é que ao contrário do que possa parecer, a autora não reforça este tipo de discurso, ela na verdade o desvela, expõe a suas engrenagens, seu peso histórico.

8. O Tribunal da Quinta-feira (Michel Laub)
Michel Laub segue sendo um dos autores mais interessantes da literatura contemporânea brasileira. Em seu livro mais recente, o escritor conseguiu captar como poucos o momento em vivemos, a nossa relação com as redes sociais, as noções equivocadas de justiça, os linchamentos virtuais, etc. É um livro em que o leitor enxerga a si mesmo nas páginas e só consegue sentir vergonha.

Também gostei:

Ana de Amsterdam (Ana Cássia Rebelo), Abaixo do Paraíso (André de Leones), Uma temporada no escuro (Karl Ove Knausgård), A Sinagoga dos Iconoclastas (Juan Rodolfo Wilcock), Atlas de Nuvens (David Michell), Dias Nublados, (Luiz Felipe Leprevost), Meia-Noite e Vinte (Daniel Galera) e Jantar Secreto (Raphael Montes)

Achei uma bosta:

A Realidade Devia Ser Proibida (Maria Clara Drummond) e Simpatia pelo demônio (Bernardo Carvalho)

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