Uma geração quebrada e um vazio emocional

Mariana Mauro
Café das quatro
Published in
2 min readMar 12, 2019
Foto: Pixabay

Toda história tem vários lados. É assim no jornalismo, na justiça, na vida. Eu tenho essa frase como uma espécie de mantra. Toda vez que alguém me decepciona emocionalmente, eu penso sobre isso. Todo mundo tem uma história, que implica diretamente nas suas decisões. Nada é justificativa para um ato em falho, mas tentar entender o outro lado foi a forma que encontrei para ter um pouco mais de paz de espírito.

A minha geração está quebrada. Essa é a certeza que eu tenho depois de algumas muitas conversas com pessoas de diferentes cenários. Cada vez mais a gente vê responsabilidade social, ambiental e tantas outras (o que é ótimo), mas a responsabilidade emocional está em falta, diria que quase em extinção.

Quando olho para o âmbito da paquera, eu poderia falar sobre a brilhante evolução dos termos, seria mais fácil, seria mais engraçado (embuste, boy lixo, chernoboy). Mas a intenção aqui é outra. Nesse momento faço uma ressalva, não estou querendo aqui dizer que apenas homens têm esse problema. Essa é apenas a versão que eu conheço.

Toda vez que ouço a frase do “eu não quero nada sério”, eu escuto uma voz, dizendo “é cilada, Bino”. Não porque eu queira algo sério, ou tenha um plano secreto e maligno de fazer o cara ficar perdidamente apaixonado por mim, mas porque as experiências que tive me mostraram que esse é o discurso do Gasparzinho, daquele cara que vai embora quando lhe for conveniente, geralmente, sem mais nem menos.

A minha intenção aqui é falar sobre o buraco em que se encontra a minha geração. Talvez, essa seja a única coisa profunda diante de tantas conversas rasas. Não importa o assunto, muita gente está se fechando emocionalmente e é isso que eu quero entender. Traumas, experiências passadas são as teorias mais comuns. Mas será que é só isso?

Nessas horas eu apenas penso naquela famosa frase do Pequeno Príncipe do “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Por muito tempo eu questionei esse “eternamente”, mas tudo mudou com um verso de Emily Dickinson que na tradução literal seria algo como “o para sempre é composto de agoras”.

Minha geração está quebrada e eu não estou fora dela, mas pelo menos eu estou tentando entender meus abismos. Se você tem uma teoria, uma explicação ou um palpite, deixa um comentário aqui embaixo, porque eu estou realmente interessada em ouvir os diferentes lados dessa história.

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