A casa do penhasco da Agatha Christie é bom?

Resenha/opinião do livro A casa do penhasco, uma história do detetive Hercule Poirot

Caíque Fortunato
Caíque Fortunato
4 min readSep 26, 2019

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Em 1932 Agatha Christie lançava a oitava história do famoso detetive belga Hercule Poirot e seu fiel amigo Hastings: Peril at End House (A casa do penhasco, no Brasil).

Ilustração de Hercule Poirot e seu fiel amigo Hastings

A história já começa de uma maneira muito interessante e diferente dos outros livros da Agatha: não existe uma morte a ser investigada, o que deixa a trama muito interessante e com bastante suspense.

Capa do livro publicado pela L&PM Pocket no Brasil

Logo nas primeiras páginas acompanhamos uma conversa entre Poirot e Hastings que estão passando uma temporada no Hotel Majestic, na costa da Cornualha. Eles logo encontram uma bela jovem chamada Nick Buckley que é proprietária da antiga casa do penhasco. Como o detetive nunca possui o merecido descanso ele acaba presenciando uma tentativa de homicídio a Nick uma vez que uma bala passou de raspão por seu chapéu da jovem, sem que ela se desse conta. Alarmado com a situação, Poitot decide investigar antes que seja tarde demais tentando entender também um eventual motivo para tal acontecimento.

Ao começar investigar o detetive e seu amigo descobrem, através da própria Nick que ela já tinha fugido da morte outras três vezes. Acidente número um: o quadro pesado que despenca na cama de Miss Buckley. Acidente Número Dois: a pedra grande que se solta perto dela, numa trilha do penhasco. Acidente Número Três: os freios do carro que falham numa encosta íngreme.

Uma vez que a qualquer momento pode haver uma nova tentativa de homicídio, logo o leitor fica bastante apreensivo a cada momento e desconfia de vários personagens que possuem algo a esconder. Afinal, porque alguém está tentando matar a Nick? Logo a jovem que é tão feliz e que não possui inimigos…

Porque, meu amigo, a explicação mais prosaica é, quase sempre, a mais provável.

Ao lado direito da foto, o detetive belga e seu amigo Hastings junto de Nick Buckley no seriado de 1990.

Ao longo da narrativa Poirot possui duas estratégias, a primeira é tentar proteger a jovem de um novo ataque e a segunda é investigar o caso conversando com os amigos, vizinhos e familiares de Nick. A medida que a investigação avança outro atentado ocorre e vários segredos são revelados, confundindo bastante o detetive que em um determinado momento da história simplesmente não consegue enxergar uma saída.

No entanto, devemos lembrar que estamos falando de Hercule Poirot, que é melhor que a polícia (como ele se denomina no livro Crimes A.B.C.), logo todos os detalhes possuem uma relevância para a resolução do caso e vários comentários de Hastings ajudam o fiel amigo a enxergar a luz no fim do túnel.

Para quem não conhece o icônico detetive precisa se acostumar com o ego e o jeito meticuloso característicos de sua personalidade. Em certas ocasiões ele trata seu amigo com desdém por não ter a mesma capacidade de raciocínio. Sim, prepare-se para frases de auto-afirmações de quão bom Poirot é, mas isso não atrapalha a narrativa, a própria Agatha disse uma vez que considera-o “um pouco chato” com suas obsessões por “ordem e método”.

– Poirot — disse eu — estive pensando.
– Um exercício admirável, meu caro. Continue praticando.

Capa da edição do livro pela HarperCollins Brasil

Os personagens do livro são bem construídos e com personalidade própria, diferente de outros livros da autora dificilmente o leitor ficará perdido ao tentar decorar nomes dos personagens e entender quem é quem uma vez que tudo é bem amarrado e planejado. A ambientação na década de 30 é muito interessante e trás vários costumes e o estilo de vida daquela época, mas é preciso estar com a “mente aberta” para alguns momentos onde existe machismo e preconceito. Por fim, os cenários são bem descritos e realistas como a Casa do Penhasco, o Hotel Majestic, à beira da praia e de frente para o penhasco, e outros.

A casa do penhasco é um livro curto que possui apenas 191 páginas na versão publicada pela L&PM Editores e a história possui um ritmo viciante que é capaz de fazer com que o leitor leia-o em apenas um dia ou em um fim de semana. Ou seja, é um bom entretenimento para quem procura um livro do gênero que seja simples e objetivo.

Certamente você como leitor irá ficar apreensivo(a) com várias cenas, principalmente com a dos fogos (ilustração presente na capa ao lado) e irá se surpreender com o(a) assassino(a) e o motivo que será apresentado após várias dicas ao decorrer da narrativa em um final recheado de reviravoltas e surpresas.

Nota final: 📖📖 📖📖 📖 (5/5)

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Caíque Fortunato
Caíque Fortunato

Dev apaixonado por tecnologia. Troco filmes por livros (não se for do MCU/Pixar), gosto de escutar músicas/podcasts, escrever, fazer uns rabiscos e jogar.