A Extravagância do Morto — Agatha Christie [Resenha]

O livro é bom? Vale a pena ler?

Caíque Fortunato
Caíque Fortunato
3 min readAug 22, 2020

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A extravagância do morto — Resenha

Quando se fala em Agatha Christie muitos leitores lembram de livros como "E não sobrou nenhum (O caso dos 10 negrinhos)" e "Assassinato no Expresso do Oriente", mas dificilmente em A Extravagância do Morto, que foi recebido pela crítica do Times como um “clássico, o melhor de Agatha Christie”. Entre os mais de 50 livros publicados pela autora, o título em questão dificilmente é listado entre os melhores em diversas listas espalhadas pela internet, mas ainda assim pode ser uma leitura interessante.

O começo da narrativa possui uma base sólida e bem construída: a escritora de livros de suspense Ariadne Oliver (que também aparece em outras histórias de Christie) liga para o investigador belga Hercule Poirot para que o mesmo comparecesse a uma festa no campo na qual se jogará a “caça ao assassino” com direito a vítima, pistas falsas e inúmeros suspeitos. Ariadne suspeita que algo de errado vai acontecer e sabe que a curiosidade de Poirot fará com que ele compareça.

Ariadne Oliver e Hercule Poirot

Surpreendentemente de fato acontece algo de errado na festa (óbvio, a ideia é péssima) e caberá ao Poirot desvendar o mistério uma vez que os policiais não conseguem chegar a um veredito concreto.

A ideia da história é legal, o que mais atrapalha é o ritmo lento e sem muitas novidades, pistas concretas e aprofundamento nos personagens. A sensação que fica é que nada de novo acontece e o leitor sempre fica parado no mesmo lugar, é possível sentir a angústia junto com Poirot ao se perguntar: "Quando o livro vai acabar e a resolução surgir?" Isso sem contar na participação dos policiais que foi bem maior do que a importância dos mesmos para a história.

Sim, tem muitas pistas escondidas que podem passar despercebidas. O problema é que a resolução surge como uma mágica com um desfecho mirabolante que o leitor se pergunta: "O quê?". É quase impossível descobrir a verdade antes de sua resolução uma vez que muitas, mas muitas, informações novas são reveladas de um modo praticamente desonesto por parte da autora.

É legal quando há a sensação de se sentir enganado pela autora sendo que a explicação estava sempre na sua frente como é o caso de vários outros livros de Agatha Christie, mas aqui é sacanagem porque ela nem se quer se deu ao trabalho de fazer isso.

A história é legal, os personagens são mal aproveitados, o final é duvidoso e a leitura pode ser arrastada. A parte boa é que o livro possui poucas páginas, é possível ler em uma tarde, distrair a mente um pouco, mas só se não tiver nenhuma outra opção de títulos da autora na estante.

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Caíque Fortunato
Caíque Fortunato

Dev apaixonado por tecnologia. Troco filmes por livros (não se for do MCU/Pixar), gosto de escutar músicas/podcasts, escrever, fazer uns rabiscos e jogar.