Resenha e opinião: Treze a mesa — Agatha Christie é bom?

Como uma pessoa pode estar em dois lugares ao mesmo tempo?

Caíque Fortunato
Caíque Fortunato
2 min readMay 5, 2020

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Capa do livro Treze à Mesa

Treze à Mesa é mais um caso onde o detetive Belga Hercule Poirot está acompanhado de seu fiel amigo Hastings, mas desta vez a história começa de uma maneira bastante inusitada. A famosa e bela atriz Jane Wilkinson aborda o detetive com a seguinte frase: “Monsieur Poirot, não sei exatamente como, mas preciso me livrar do meu marido!”. Cabe então Poirot conversar com o marido de Jane para compreender a situação e tentar ajudá-la. No entanto, na conversa um fato intrigante é descoberto: o marido da atriz já havia aceitado o divórcio, inclusive já havia escrito uma carta alguns meses antes comunicando a decisão.

Os fatos estranhos não param por aí: o marido de Jane, Lord Edgware é assassinado, sendo apunhalado pelas costas em sua própria sala. A principal suspeita? Jane Wilkinson, que foi vista na casa do marido durante o período do assassinato. O problema é que a atriz tem um álibi: ela estava em um jantar com outras doze pessoas no exato momento do crime. Como é possível que ela esteja em dois lugares ao mesmo tempo?

Se você acha que as coisas estão esquisitas, outras pessoas morrem na medida em que a narrativa ocorre, na tentativa de fazer com que Poirot não desvende o mistério. Ninguém está seguro e praticamente todos os envolvidos possuem alguma motivação para realizarem os assassinatos. Com uma mistura de pistas falsas, situações complexas e perguntas sem respostas, o detetive terá que utilizar todo seu conhecimento e lógica para compreender todas as particularidades do caso, cabendo ao leitor e o Hastings ficarem perdidos ao tentar desvendar esse inteligente e complexo mistério tentando adivinhar quem é o(a) assassino(a).

Os personagens são bem construídos e cativantes, cada um tendo sua própria personalidade, conflitos e ambições, aqui nota-se que desta vez a autora decidiu não adicionar muitos como em outras histórias. A ambientação é feita de maneira bem interessante, imersa no tema da vida de atrizes e atores, ou seja: gente rica e famosa. No entanto, a história se arrasta em alguns momentos da narrativa, algumas coisas demoram a acontecer e várias pistas são dadas. Por fim, a fórmula que a autora usou na história é repetida de outro livro, pelo menos em partes. Juntando tudo isso é possível desvendar bastantes fatos, mas ainda assim te desafio a descobrir quem é o(a) assassino(a).

Treze à mesa é um bom livro, para ler com calma, se entretendo a cada página. Você certamente não estará conhecendo o melhor de Agatha, mas vai adorar a interação da dupla Poirot e Hastings e a engenhosidade na resolução do caso.

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Caíque Fortunato
Caíque Fortunato

Dev apaixonado por tecnologia. Troco filmes por livros (não se for do MCU/Pixar), gosto de escutar músicas/podcasts, escrever, fazer uns rabiscos e jogar.