Estar perto não é físico

Matheus Moreira
Not So Basic
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3 min readDec 30, 2019

“Estar perto não é físico”. Começo esse texto com essa frase do filme “Os famosos e os duendes da morte” porque talvez seja a frase que define os meus sentimentos nos últimos anos e, em especial, em 2019.

O ano começou com coberturas pesadas em plantões na rádio que trabalhava — não convém citar — e seguiu com coberturas difíceis.

No primeiro semestre, levei muitas chineladas na cara. Mas o budismo, ao qual me converti há um ano e meio, me ensinou a entender a dor e as derrotas como oportunidades de aprendizado.

Papo de coach, nada contra, até tenho amigos que gostam.

Fato é que decidi, logo no começo do ano, que me dedicaria a demonstrar sempre e cada vez mais o que sentia pelas pessoas, em especial por aquelas pelas quais tenho carinho, amor e amizade.

Conheci pessoas incríveis que eu quero levar para o resto da vida. Perdi amizades e amores que não souberam lidar com a pessoa que tenho me tornado ou que simplesmente não viam mais sentido em estar perto de mim. E está tudo bem. A vida acontece, como sempre.

Aprendi um pouco mais a lidar com a minha vida financeira e, de quebra, avancei ainda mais casas na minha relação com a minha mãe. Hoje, consigo dizer com 110% de certeza que minha mãe é minha amiga.

Eu amo, perdidamente, quatro mulheres. Uma morreu, uma está seguindo seu caminho, e minha mãe e minha irmã estão ao meu lado, sempre.

Avancei também na consolidação da minha determinação e coragem, não tenho medo de ser quem eu sou e de dizer “eu te amo” quando sinto vontade.

Modéstia à parte, requer coragem dizer o que se sente, e isso não me falta, ainda que, às vezes, a resposta machuque.

De toda forma, do meio do ano até este momento, o universo me deu muitas chances de ser um novo Matheus, e eu abracei aquelas que pude.

Hoje, trabalho em um jornal onde sou respeitado, um lugar onde todas as pessoas com quem tive e tenho contato me ensinaram (e continuam ensinando) algo novo todos os dias.

Também saí da casa da minha mãe, e isso me assusta muito. Tenho medo do futuro, medo da vida adulta e, acima de tudo, medo da solidão.

A solidão é minha companheira.

Eu pareço uma pessoa alegre (e cada vez mais tenho sido), mas eu também sou melancólico. Nunca escondi isso de ninguém. A melancolia me faz bem, mas também me faz mal. E por conta disso, para 2020, desejo lidar melhor com o meu silêncio, aproveitar minha própria companhia (isso é pleonasmo?).

Talvez, você, amigo, colega, conhecido, interessado, mas sobretudo leitor, esteja um pouco desiludido, pois prometi há uma semana um texto sobre minhas derrotas e vitórias em 2019. Peço desculpas, escrevendo o texto senti que o melhor seria, afinal, sentir.

Encerro este relato/reflexão com o desejo de que você, que me lê, possa ter um 2020 de aprendizados e amores, mas sobretudo de luta, porque “só a luta muda a vida”. (Desculpa, mas você ainda importa…)

Se não tivemos tantas oportunidades de interagir em 2019, que 2020 seja o ano em que possamos nos sentar em uma mesa de bar, restaurante, ou mesmo no chão de um parque ou praça para nos conhecermos. Eu amo fazer novas amizades e viver novos romances, longos ou casuais. As pessoas e o trajeto são o que fazem a caminhada valer a pena.

Antes que me esqueça: ei, você aí do outro lado do oceano, por razões que não sei explicar, você fez algumas coisas ganharem novos sentidos, obrigado. Vamos dar um jeito de colher no ano que vem o que plantamos neste ano.

Obrigado pelos seus minutos de atenção e até breve! ❤

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Matheus Moreira
Not So Basic

Repórter de Cidades na Folha de S. Paulo, 24 anos.