Fala, mas não me toca…

…que eu não sou touch screen, caralho!

Já reparou como tem de gente nesse mundo que fala cutucando?

Foda, né?

Eu odeio que me cutuquem.

Às vezes a pessoa é até legal, mas quando bebe (ou usa sei lá o quê) um pouco a mais do que o normal, vai lá e fica te cutucando enquanto fala.

A coisa é tão séria que, têm dias, que chego a ficar todo roxo.

É um problema de saúde pública o tal cutuco.

O cutuco funciona assim, como um facho de luz em um teatro escuro reforçando cada uma de suas palavras, na cabeça do cutucador.

O cutucador parece querer chamar atenção de seu ouvinte através do contato físico (ou melhor, da porra do cutuco).

É aquele cutuco que pontua a frase, sabe?

E o cutucador têm absoluta certeza de que aquela frase, prenunciada por ele através do cutuco, mudará não só o mundo, mas a visão de mundo do seu incauto interlocutor (o que na cabeça doentia do cutucador, por si só, justifica o gesto).

A coisa é bastante séria, viu?

Tão séria que até o Facebook adotou o malfadado cutuco.

Ainda bem que (esta merda) de cutuco no feicibuque caiu em desuso, pois eu ficava bastante incomodado, sempre que algum amigo (sempre o mais distante) virtual tomava a liberdade de me cutucar pela rede social do Mark Zuckerberg.

Eu sempre destilava sentimentos conflitantes (que iam do ódio à ira), tentando decifrar as reais intenções do tal cutuco virtual (será que o cutucador deseja sexo, atenção ou algum de meus órgãos?).

Aliás, eu ando desconfiado que Zuckerberg é o líder mundial de uma seita secreta: A Cientologia dos Cutucadores Illuminati Reptilianos.

Ao menos cara de quem fala enquanto cutuca ele tem, você não acha?

Pressinto que a verdadeira intenção do moço, criador da rede social cutucadora, é dominar o mundo e entregar para os membros inconvenientes de sua seita secreta, espalhados em rede pelos quatro continentes.

Sinceramente, espero que até lá tenham elaborado algum tipo de armadura vintage pois prevejo muitos cutucos.