As gambiarras da vida

Das vantagens de ser pobre

Robson Felix
Cala a Sua Boca e Pega Logo a Saideira!
2 min readJul 25, 2016

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Enquanto não ganho o meu primeiro milhão, sigo equilibrando-me sobre a tênue linha da pobreza.

E, sem dúvida, este (longo) estágio na pobreza me deu alguma malícia no viver.

Claro que ser pobre não é o ideal de vida de ninguém, mas tem as suas vantagens, acredite.

A primeira e mais visível é o desenvolvimento da imaginação e criatividade, além, claro, de toda a resiliência possível.

O mundo dos pobres é tão criativo, e vai muito além do prego na havaiana (que eu aprimorei para grampo de cabelo) e das artimanhas para aproveitar até a última gota de qualquer coisa.

Bom, feito a introdução necessária para que não esbarremos na solução fácil de comprar o que quebrou, eis minha sina atual.

Em meio à crise que se seguiu logo após as eleições de 2014, fui me desfazendo de meus bens físicos, pois a grana curta (que apenas saía) exigia desprendimento e foco para a garantia da sobrevivência até que as coisas melhorassem.

Tanto desprendimento me fez habitar, em pouco tempo, uma casa completamente vazia, junto com a minha gata gorda.

Ah, é preciso dizer que ela não passou os mesmos perrengues que eu (viu, meu povo ativista de animais. Prova disso que ela segue engordando, conforme podemos constatar na foto acima).

Pois bem.

Mas, como dizem que quem têm amigos tem tudo, a casa voltou lentamente a ser tornar habitável após pequenas doações afetivas de pessoas próximas e queridas.

Uma dessas doações, foi um colchão e uma bomba de ar (imagina o luxo).

Claro que gato e colchão de ar não combinam, certo?

Então?…

Como vocês devem imaginar, o colchão não durou nem dois meses.

Mas, você acha que eu joguei fora a prova de minha ostentação nababesca?

Qual nada.

Fico pensando, noite e dia, em uma forma de reparar o malfadado furo que me atormenta o sono.

Durmo no colchão completamente inflado e acordo completamente no chão.

Até aí tudo bem, do chão eu não passo, não é?

Claro que sim… mas, a merda é a friagem.

Já tentei de tudo… pasta de dente, adesivos, band-aid, e nada de conseguir conter o furo.

Sempre a mesma coisa: durmo inflado e acordo no chão (talvez seja a retórica do meu ego, se manifestando).

Só que agora a coisa se tornou pessoal.

“Ou você ou eu”, pontuei para o colchão que se ria de mim.

O fato é que eu redijo estes apontamentos enquanto aguardo secar o silicone que peguei emprestado do porteiro (agora vai).

É criativa ou não é, essa vida de pobre?

P.S.: Depois te eu conto se deu certo essa minha (mais nova) gambiarra.

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