O mundo é cinza

A internet e as redes sociais trouxeram à tona uma antiga generalização que no mundo real estava arrefecida: a tendência de ver tudo em branco e preto. No mundo real, por questões profissionais, políticas ou interesses outros, precisamos lidar com o que não nos apetece na íntegra, ideologicamente. Não tem essa de gostei ou não gostei. Afinal, a hipocrisia é um tipo de lubrificante social, assim como o álcool, as drogas e o sexo. Mas, no mundo virtual, não há essa necessidade.

No mundo virtual nos permitimos odiar apenas porque não fomos com a cara (ou a ideia) da pessoa. É um espaço (pseudo) libertário onde podemos odiar e assassinar reputações, sem muita consciência de culpa. No meu ponto de vista isso irá passar. É uma fase de acomodação à (nem tão) nova (assim) tecnologia.

Não.

Não vai aqui nenhuma crítica à este comportamento instintivo, pois eu, às vezes, também me pego “odiando” uma ideia (ou alguém), virtualmente, apenas pela luz (ou fotografia) de um vídeo, por exemplo.

Percebam, como isso é instintivo.

E humano.

Somos animais que, por instinto, precisamos decidir se algo ou alguém é confiável, em fração de segundos.

Nada mais animal, você não acha?

Mas, para recebermos o título de animais racionais precisamos entender que o mundo é cinza.