Psicopatas não são só aqueles que matam

Camaleótica
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4 min readSep 5, 2016
Psicopata Americano (2000)

Geralmente, quando nos vem à cabeça a palavra “psicopata”, associamos a pessoas insensíveis, frias e que possuem desvios comportamentais bem aparentes.
Esse estereótipo é reforçado principalmente em filmes como Psicose, O Psicopata Americano, Silêncio dos Inocentes, Louca Obsessão, O Iluminado e em séries como Dexter. Entretanto, o que a sociedade desconhece é que os psicopatas, em sua maioria, não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns.

Esses “predadores sociais” representam cerca de 2% da população e podem ser homens, mulheres, de qualquer etnia, credo, classe social; estudam, trabalham, se casam, tem filhos. Além disso, podem ser charmosos, sedutores, inteligentes; não manifestando nada sobre quem realmente são e justamente por isso permanecem muito tempo ou até mesmo durante toda a existência sem serem descobertos ou diagnosticados. Porém, eles podem destruir a vida das pessoas a sua volta, acabar com sonhos, provocar intrigas, arruinar empresas. Só que sem necessariamente matar.

De acordo com estudos, a psicopatia possui níveis de gravidade. No grau mais leve, que é o mais desconhecido mas talvez o mais interessante, se enquadram pessoas que trapaceiam, manipulam, mentem, aplicam golpes e pequenos roubos, mas não sujam as mãos de sangue. A maior parte deles convive diariamente com todos nós; frequentam os mesmos lugares e até mesmo vivem sob o mesmo teto. Podem ser colegas de trabalho, gente da família, políticos, religiosos, empresários.

Há pesquisas feitas em companhias americanas que indicam que até 3,9% dos executivos de uma empresa podem ser psicopatas, ou seja, uma taxa de psicopatia 4 vezes maior do que na população geral. O papel de liderança é muito atraente para eles porque além de oferecer bons salários, garante poder e status. Eles agem com tato e habilidade no cenário empresarial, assim, conseguem controlar todos os funcionários de forma a obrigá-los a trabalharem mais que o previsto, cancelar férias, demiti-los.
É comum encontrar a psicopatia também em situações como policiais que comandam redes de prostituição, juízes que cometem mesmos crimes que réus, líderes religiosos que abusam sexualmente de seus adeptos, políticos que só utilizam o poder em benefício próprio, entre outros.

É importante saber que a ausência de consciência e medo torna essas pessoas potencialmente perigosas. Para elas, são atitudes normais e naturais infringir normas e manifestar seus desejos agressivos. Não sentem culpa nem remorso.
A parte racional dos psicopatas funciona perfeitamente, porém são completamente pobres de afeto e profundidade emocional.

Vale salientar que a psicopatia não é uma doença. Apesar de a palavra “psicopata” significar ao pé da letra “doença da mente”, esses indivíduos não se encaixam na visão tradicional de doenças mentais. Eles não são considerados loucos, não sofrem delírios, alucinações nem apresentam sofrimento mental (como ansiedade e depressão.) Na verdade, seus atos são fruto de um raciocínio frio e calculista, associado a incapacidade de tratar as outras pessoas com dignidade e empatia.

Só um psiquiatra é capaz de diagnosticar alguém que possua psicopatia. Todavia, segundo Robert Hare, psicólogo canadense especialista em psicologia criminal e psicopatia, há pistas que podem fazer com que qualquer um possa suspeitar de um indivíduo:

Relacionamentos

1- Superficial: Não se importa com o conteúdo e sim como vendê-lo.

2- Narcisista: Preocupa-se apenas com si próprio.

3- Manipulador: Mente e usa as pessoas para conseguir algo.

Sentimentos

1- Frieza: É racional e calculista, pois tem pouca atividade no sistema límbico, centro de emoções como medo, tristeza, nojo.

2-Sem remorso: Não sente culpa.

3-Sem empatia: Não consegue se colocar no lugar dos outros.

Estilo de vida

1-Impulsivo: Tenta satisfazer as vontades da hora.

2-Incapaz de Planejar: Não estabelece metas a longo prazo.

3-Imprudente: Corre riscos e toma decisões ousadas.

A psicopatia sempre existiu em todos os tipos de sociedade, desde as mais “primitivas” até as mais “modernas”. Dessa forma, temos que ter em mente que esta não tem cura. Porém, há formas de nos protegermos dos psicopatas:

1- Saber com quem você está lidando: Aceitar e entender que existem pessoas com essa natureza.

2-Não se deixar enganar pelas aparências: Como já foi dito anteriormente, os psicopatas podem ser muito atraentes. Assim, não se deixe enganar pelo “evento teatral”. Precisamos ter uma dose extra de cuidado quando uma pessoa aparentar ser extraordinária.

3- Autoconhecimento: Os psicopatas são especialistas em identificar e explorar nosso lado mais vulnerável. Dessa forma, uma boa forma de defesa é entender a si mesmo.

4-Cuidado com o jogo de pena e culpa: Não sinta pena de um psicopata porque ele é capaz de sugar até fazer com que a pessoa se sinta vazia e fragilizada. Tenha consciência de que a vítima é você, não ele.

5-Evite-os: O método mais eficaz de lidar com eles é mantendo-se longe.

Mariela — Estudante de Linguística pela Universidade Federal de São Carlos, apaixonada por cinema, música e café.

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