Tempo: o protagonista preferido

Luiz Carlos González
caminho proprio
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3 min readFeb 8, 2022
A Sabedoria do Rei Salomão

“Tudo tem o seu tempo determinado, e todo propósito debaixo do céu tem o seu tempo”

Eclesiastes 3:1

Aí acima há uma frase entre aspas e a referência de onde ela saiu para que você veja que eu não estou tirando isso da minha cabeça. De acordo com o que dizem, foi o rei Salomão quem falou. Isso mesmo, aquele que construiu o templo que o Edir tentou copiar. E depois o Peter Seeger também disse numa canção. Aí o Byrds e a Nina Simone entraram no coro regravando a mesma canção. E os Seekers, a Judy Collins, e mais um monte de artistas, que inclui a banda de rock gospel Resgate, repetiram a mesma coisa cantando a canção “Turn Turn Turn”.

Ou seja, foi um clichê descoberto lá antes de Cristo, por um de seus parentes distanciados pelo tempo, e depois reforçado pelo poder da intelectualidade acessível da música pop. Só que é aquela coisa: A pior parte dos clichês é que eles sempre carregam alguma verdade, inclusive esse.

De fato, para tudo há um tempo. Cada coisa tem seu período, sua estação, sua temporada. Até Os Simpsons, que já tem mais de 30 temporadas, um dia irá parar de prever o futuro como o próprio rei Salomão jamais fez.

E será que nós, seres pequeninos diante da dimensão da vida, somos quem tem o poder de definir o tempo das coisas?

“Ah, eu vou chegar aos 100”

“Eu vou ali e volto logo”

“Putz, isso vai levar uma era!”

“Vai ser só um cochilo rápido”

Quer melhor exemplo que as estações?

“De tal a tal mês só faz calor, e de tal a tal mês é o frio quem vai mandar na porra toda”

Aí a mãe natureza olha e diz: “Own, que bunitinhos! Eles pensam que são eles que mandam. Tadinhos!”

E cá estou eu, no dito “Verão” brasileiro usando duas blusas para parar de tremer de frio e conseguir escrever.

Mas a gente é tão ignorante quanto ao tempo, que alguém olha para um ser humano adulto e acredita que aquela pessoa amadureceu, só porque seu corpo carrega as marcas da passagem do tempo. Nesse engano, a gente acaba confiando a chefia de um estado a um pré-adolescente que só sabe ofender fazendo piada de quinta série, e mal consegue comer uma farofa, só porque ele tá com a pele toda enrugada e a saúde deteriorada.

Ainda temos muito o que aprender com esse deus Tempo. Temos que aprender que o período de estadia nessa nave chamada Terra é finito, e que não somos nós quem determinamos o início e fim das coisas. E isso inclui tudo e todos. “Ah, mas você não acredita em mundo espiritual?” Acredito, e muito. E acredito tanto, que não faço ideia de como seja. A única coisa que sei é que é uma outra coisa completamente diferente da que vivemos. E mesmo o tempo, se existe lá, deve ser outro. Mas isso é tema para um outro texto.

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Luiz Carlos González
caminho proprio

escritor de rua confinado; forasteiro criando raiz; forçado a deixar a estrada, mas não de viajar, não descarta a possibilidade de embarcar no próximo meteoro°´