Comunicação Produtiva (ou, Impressão 3D e a nova Revolução Industrial)

João Pedro Faro
Cammada a Cammada
Published in
2 min readOct 22, 2015

A popularização da internet possibilitou — e, cada vez mais, vem possibilitando — uma maior troca de informações entre as pessoas. De qualquer lugar do mundo, um internauta consegue acessar o Google ou diretamente o Wikipédia e consultar informações variadas, não deixando nenhuma dúvida para depois ser tirada na Barsa. Com o surgimento das redes sociais, esta relação de troca tornou-se maior e ultrapassou o limite do intercâmbio de informações. Hoje em dia, uma plataforma social permite que cada indivíduo compartilhe suas ideias, conhecimentos, opiniões e sentimentos, podendo até mesmo iniciar uma relação amorosa pelo Tinder.

Enquanto, no aspecto social, a internet trouxe mudanças determinantes no modo de viver das pessoas; no aspecto de consumo, não houve ainda uma mudança significativa que sustente uma quebra de paradigma. É inegável que, com a redução das barreiras geográficas promovidas pela internet, o alcance do comércio online ampliou-se para uma escala global. Entretanto, o conceito permanece inalterado: um produto continua sendo escolhido em uma prateleira de opções limitadas, só que agora é virtual.

Através do e-commerce, a internet potencializou a sociedade de consumo e sustentou o crescimento da produção em economia de escala. Portanto, deixamos de ser uma sociedade que — no passado — tinha restrições de escolha e consumia pouco; para nos transformar em uma sociedade que consome compulsivamente, mas com pouca criatividade. Temos um volume de informações incomensurável a um clique de distância e optamos por escolher um produto simplesmente pela sua marca.

Com o desenvolvimento dos estudos ergonômicos e o avanço do design no cenário mundial, os objetos de desejo dos consumidores começam a deixar de ser uma “peça de marca” e passam a ser um produto “sob medida” (produzido exclusivamente para mim!). À medida que o desejo de compra do consumidor torna-se mais customizado, o comportamento do mercado precisa adaptar-se a essa nova realidade.

E qual é a solução para esse novo modelo? Não me atrevo a responder essa pergunta, mas arrisco indicar um caminho: produção aditiva. Com a evolução das impressoras 3D, emerge a possibilidade de uma nova quebra de paradigma na metodologia de fabricação. Assim como o primeiro tear mecânico reduziu o tempo de produção no século XVIII e modificou completamente a estrutura produtiva daquela época, a máquina de impressão 3D pode remodelar o comportamento do comércio atual e permitir que produtores de pequena escala passem a dividir as fatias de mercado.

É um sonho? Talvez, sim, mas acredito que a união de fatores presentes nas redes sociais e na produção aditiva poderá promover algo maior. Uma grande rede de comunicação capaz de unir inúmeros micro fabricantes com o objetivo comum de desenvolver produtos personalizados para atender à criatividade humana. Isso é comunicação produtiva.

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