A Fuga do Amor Líquido

"o amor tem um ponto fraco, ele pode ser rejeitado"

Em tempos de “Amor Liquido”, convido você a experimentar o “Amor Eterno”, incondicional e sempre disponível. Não rejeite aquilo que você nunca experimentou. Experimente!

Quando eu cheguei a 500 amigos no Orkut, fui eufórico contar para o meu pai que eu tinha feito 500 amigos em menos de 2 meses na Rede Social da minha época. Então ele olhou pra mim e respondeu, eu tenho 50 anos e não tenho 500 amigos. Uma coisa ficou clara naquele momento, quando eu digo amigos e meu pai diz amigos, não queremos dizer a mesma coisa. São pressupostos sobre laços humanos diferentes que estão na conversa. Hoje meu pai tem mais de 500 amigos em seu Facebook e aprendeu, com certa dificuldade, que a nossa geração não estabelece “laços humanos” (como a dele), nós fazemos “network” o conceito de “rede de contatos”. Importamos esse conceito do mercado e aplicamos nas relações humanas. O interessante com as redes de contato, é que ela pode superficializar a relação ao nível do contato. A relação epidérmica. E muitas vezes literalmente epidérmicas, reduzidas ao mero e casual contato com a pele.

A grande diferença do conceito de “comunidade de laços humanos” e “rede de contatos” é que a comunidade precede você. Você nasce em uma comunidade. Já a rede, ao contrario da comunidade, é mantida viva pela decisão pessoal de “conectar” ou “desconectar”. E aí reside a grande atração do nosso conceito de relacionamentos, a tremenda facilidade de “desconectar”.

Romper laços humanos é um evento traumático, difícil, evitável, doloroso… a vida off-line é muitas vezes cruel. Você tem que inventar desculpas, justificativas, preparar um discurso, muitas vezes mentir e ainda contar com o agravante das diversas, e as vezes até perigosas, reações do outro. Já “desconectar” é muito mais simples. Viver uma vida em rede é muito mais simples do que em comunidade. Manter “network” é muito mais fácil do que manter “laços humanos”.

Aqui podemos ver claramente a herança mercantil presente no amor contemporâneo, o amor líquido, o amor descartável e reciclável.

Os laços humanos são caracterizados pelo prazer e pela satisfação encontrada apenas no outro, reservados apenas aos que podem ter um parceiro em quem confiar e por quem fazer algo. É um tipo de experiência indisponível para o conceito de “rede de contatos” e muitos não tem consciência do que estão perdendo por nunca terem experimentado a oferta dos laços humanos. O outro fator é a perenidade. Quando você entra em um laço você espera ficar lá para sempre. E isso implica em empenhar o seu futuro, talvez amanhã, ou no mês que vem surjam novas oportunidades. E você estará preso aos seus antigos compromissos… a falta de compromissos eternos ou de pessoas comprometidas conosco é a principal causa do sentimento de insegurança das nossas gerações, por isso nos tornamos individualizados, para evitar o ponto fraco do amor, o Amor pode ser rejeitado.

“De longe o Senhor me apareceu, dizendo: Com Amor Eterno te amei, também com benignidade te atraí.” Jeremias 31:3

Em tempos de “Amor Liquido”, convido você a experimentar o “Amor Eterno”, incondicional e sempre disponível. Não rejeite aquilo que você nunca experimentou. Experimente!

“Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades,nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor.” Romanos 8:38–39