Fuga Para Casa

No ano que vem em Jerusalém!

No ano que vem em Jerusalém! (Leshana Habaa b’Yerushalaim)

Não. Não estou programando uma viagem à terra santa em 2015, as coisas sempre são muito conturbadas por lá e não é o momento mais seguro para visitá-la, e sim, os recursos escassos constituem o principal motivo de não “turistar” por lá. Essa era uma famosa expressão, exclamada pelos judeus durante o período em que estavam exilados na Babilônia, cerca de 500 anos antes de Jesus.

Nos dias de Jesus, a maioria dos Judeus viviam fora da Judéia, o fenômeno conhecido como Diáspora dos Judeus. Estes Judeus dispersos pelas grandes capitais, como Alexandria e Roma, também faziam uso da mesma exclamação, que expressava o sonho mais caro de todos os Judeus espalhados pelo mundo, ver Jerusalém, visitá-la pelo menos uma vez na vida. Os que não podiam realizar seu sonho pensavam na cidade santa como um lugar de felicidade e esplendor onde tudo era belo, rico e cercado de glória sobrenatural.

A origem da expressão, no entanto, remonta ao exílio babilônico. E assim, “As margens dos rios de Babiblônia”, nos dias sombrios do exílio, os judeus distantes de casa choravam ao lembrar-se de Sião e cantavam este hino que ainda hoje nos comove: “Se eu de ti me esquecer, ó Jerusalém, que se resseque a minha mão direita. Apegue-se-me a língua ao paladar, se me não lembrar de ti, se não preferir eu Jerusalém à minha maior alegria!” [Salmo 137]. Cada ano que passava, ainda subjugados por Babilônia, a esperança não diminuía: “No ano que vem em Jerusalém!”

Curioso, sobre o nome da cidade, é que Jerusalém (Yerushalaim) está no “dual”, em hebraico o plural é para três ou mais, antes do plural temos a designação para dois. Duas são as possíveis razões para o nome no “dual”, sua posição geográfica que a dividia em cidade baixa e cidade alta, algo como Salvador na Bahia, e a outra, principal, a crença em uma Jerusalém Celestial.

Enquanto, hoje, a Jerusalém terrestre parece não muito receptiva ou convidativa, eu aguardo ansioso a Jerusalém Celestial. Antes de subir ao céu, Jesus disse aos seus amigos que iria preparar as moradas dessa cidade, em seguida voltaria para nos buscar [João 14:1–3]. Confio nessa promessa e me preparo a cada dia para esse encontro com Jesus. Minha esperança me faz cantar que prefiro Jerusalém a qualquer alegria que essa vida possa me oferecer. Continuo esperançoso de que “no ano que vem, em Jerusalém!”

Vamos?