História dos times italianos III
Como prometido, voltei antes do tempo para terminar de falar sobre alguns times italianos. Fecharei essa primeira parte com três clubes famosos e com muitos torcedores no país e no mundo: Fiorentina, Lazio e Napoli. Acomodem-se e vamos lá!
Fiorentina — 2 títulos
Em 1926 nasceu a Associazione Calcio Firenze Fiorentina, mais conhecida como Fiorentina. O clube de Firenze foi fundado em uma fusão entre o Club Sportivo Firenze e o Palestra Ginnica Libertas dando origem à Associazione Calcistica Fiorentina, primeiro nome utilizado.
É importante contar a história da cidade de Florença e como ela contribuiu para a formação do time. Firenze (em italiano) foi uma das principais cidades na Idade Média no que se refere ao quesito econômico. As bases dos bancos da época se faziam presentes lá. A Igreja Católica proibia esse tipo de negócio e entrou em conflito com o município italiano, que não recuou e enfrentou o que vinha do Vaticano, de Roma e outros campos monárquicos católicos, como Nápoles, por exemplo. Além disso, a Florença já entrou em guerras de exércitos contra Roma e lutou pela independência da região da Toscana. Essa posição desafiadora, rebelde, moldou também a Fiorentina. Quando os romanistas vão ao estádio para jogos contra a Viola, a “Curva Fiesole” canta: Raça romana, filhos de putanas.
Outro adversário histórico da Fiorentina é a Juventus, principalmente pela ligação da Vecchia Signora com a aristocracia italiana e com a família descendente da nobreza do país (Agnelli). Sendo assim, o que os Gigliati puderem fazer para prejudicar a Juve nos campeonatos, eles farão.
A Fiorentina é um clube de grande tradição na Itália, tendo a marca de ser o primeiro clube italiano a chegar a final da Taça dos Campeões Europeus (atual Liga dos Campeões) na temporada 1956/57 — foi derrotada por 2x0 pelo Real Madrid — e o primeiro clube italiano a ser campeão de uma competição da UEFA — a Recopa Europeia contra o Rangers em 60/61.
Venceu o campeonato da primeira divisão em 55/56 e 68/69. Em 55/56, tendo o Milan como vice, o brasileiro Julinho Botelho (jogou na Portuguesa) foi um dos destaques da equipe e até hoje é idolatrado na cidade. Já na segunda conquista, o Cagliari foi o vice-campeão.
Jogadores marcantes = Julinho Botelho, o sueco Kurt Hamrin, Giancarlo Antognoni, Edmundo, Batistuta e Rui Costa.
O time de Florença possuiu 12 títulos nacionais e 1 internacional. Seu útlimo título foi a Copa da Itália em 2000/2001. Nunca foi um time que ganhou muito e que sofreu com más gestões e alguns rebaixamentos, mas sempre se apresentou como uma pedra no sapato dos outros, honrando a história da sua cidade.
Lazio — 2 títulos
A Società Sportiva Lazio, conhecida como Lazio, foi fundada em 1900 na cidade de Roma, capital da região de Lácio, que dá nome ao clube. O time de futebol só foi criado em 1901 e os primeiros jogos sendo disputados em 1902.
As cores azul e branca dize respeito a Grécia, país que criou os jogos olímpicos. A águia é um símbolo que representa o animal sagrado de Júpiter, segundo a tradição romana e também o Império Romano, que a levava a frente em suas bandeiras.
Antes da II Guerra Mundial, a Lazio conseguiu ficar em 2º lugar na temporada de 1937, sendo essa a sua melhor colocação até então.
Uma curiosidade sobre os Biancocelesti é que eles já ficaram conhecidos como “La Brasilazio”, por conta da quantidade de brasileiros no time. O comandante técnico era o ítalo-brasileiro Amílcar Barbuy, o Barbuy, e os Laziale contraram do Brasil muitos outros de mesma nacionalidade. Vejam a lista:
Do Corinthians: Anfilogino Guarisi (Filó),Alexandre de Maria (De Maria), Armando Del Debbio (Del Debbio) e José Castelli (Rato);
Do Palestra Itália (Palmeiras): Pedro Rizzetti (Pepe), Duílio Salatin e Enzio Serafini;
Do Palestra Itália (Cruzeiro): Leonízio Fantoni (Niginho), João Fantoni (Ninão) e Otávio Fantoni (Nininho);
Do Santos: André Tedesc;
Benedito de Morais Menezes, o Zacconi, do Botafogo, foi o único jogador contratado do Brasil a não possuir dupla nacionalidade.
Uma outra relação da Lazio com o Brasil é que após o fim da Serie A na temporada 1994–95, os italianos foram convidados para uma turnê no Brasil. Em homenagem aos brasileiros que vestiram a camisa azul e branca, o vencedor de cada partida ganhava o troféu com o nome de um jogador.
A história da Lazio também é marcada por altos e baixos, como títulos e rebaixamentos à série b em algumas oportunidades. Nacionalmente conquistou 13 títulos e internacionalmente, 2. A equipe se sagrou campeã da primeira divisão em 73/74 e 99/00. No primeiro título nacional o artilheiro Giorgio Chinaglia foi artilheiro e fundamental na grande conquista; já em 99/00, os laziale foram campeões com 1 ponto a mais que a vice Juventus.
O último título foi a Copa da Itália em 12/13. O maior artilheiro do clube é Silvio Piola, tendo nessa lista os conhecidíssimos Immobile, Pandev e Klose.
Sobre suas relações com o fascismo, assim como outros clubes do país, há fatos e histórias que ligam a Lazio ao regime de Benito Mussolini. Também existem indícios de que Mussolini não era torcedor dos Biancocelesti, mas sim do Bologna, diferente do que dizem.
Napoli — 2 títulos
Os marinheiros foram os responsáveis por levar o futebol à cidade de Nápoles no início do século XX. Já em 1904, o William Poths e amigos decidiram fundar um time, nascendo assim o Naples Foot-Ball & Cricket Club. Em 1906 retiraram o Cricket Club do nome, ficando apenas Naples Foot-Ball Club. 6 anos mais tarde (1912), fundaram o US Internazionale Napoli, segundo time da cidade e, claro, rapidamente os clubes se tornaram rivais. Durante 10 anos essa rivalidade perdurou, até que, por problemas financeiros, eles se uniram e se transformaram no Foot-Ball Club Internazionale-Naples. Em 1926 o nome mudou para Associazione Calcio Napoli.
Antes de mudar o nome pela última vez (1964), o Napoli conseguiu um feito inédito: na temporada 1961/1962 conquistou a Copa da Itália disputando a segunda divisão. A década de 60 foi boa para os Gli Azzurri, fazendo boas campanhas na primeira divisão e na Copa — mas não tanto quanto os anos 80.
Com a chegada do genial Maradona, os napolitanos conseguiram dois scudettos (86/87 e 89/90), venceram a Copa da Itália, a Copa UEFA (atual Liga Europa) em 88/89, sendo esse seu único título internacional até hoje. O brasileiro Careca era companheiro do argentino.
Depois desse período vencedor, veio a época de crise. Maradona foi pego no doping e expulso do clube, o time foi rebaixado mais uma vez, faliu e teve que fechar as portas e começar do zero nas últimas divisões (voltou como Napoli Soccer e depois conseguiu mudar para o antigo nome). Mesmo com todos os problemas a torcida não deixou de amar e apoiar o clube — 51 mil pessoas foram a um jogo do Napoli na série c.
Com a reestruturação e crescimento contínuo, conseguiu voltar à Serie A e montar boas e competitivas equipes com grandes jogadores e treinadores como Hamsik, Cavani, Mertens, Insigne, Rafa Benítez, Maurizio Sarri e Carlo Ancelloti.
Os Partenopei detém 12 títulos, sendo 11 nacionais e um internacional. Último título foi a Supercopa da Itália em 2014. Hoje em dia é a equipe que mais consegue se aproximar da Juventus na tabela de classificação, passando anos após ano nas primeiras colocações da Serie A.
