Flag Experience — Primeiro ato, time Underdogs

Um lab de experiências de atletas de outros esportes treinando flag football e nos relatando o que achou

Diana Fournier
campo minado
8 min readAug 14, 2017

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As atletas convidadas (Thiemi Okawara e Green Mari). Foto: Leo Canabarro.

A experiência

No domingo, dia 06 de agosto de 2017, nós do Campo Minado executamos uma ideia que tivemos algumas semanas antes: levar atletas de outros esportes para treinar um dia flag football e nos relatar sua experiência. O objetivo era mostrar o quão diferente e igual os esportes podem ser, quando se trata de dedicação e paixão pelo o que a gente pratica.

A priori seriam 3 atletas femininas de diversas modalidades de esportes, mas no final conseguimos fechar com apenas 2. As mulheres selecionadas foram a Thiemi Okawara e a Green Mari. A Thi atleta de Cross Fit já tinha a curiosidade de conhecer o esporte e aproveitou o convite do Campo Minado para tal, enquanto que a Mari foi persuadida por uma das atletas do time Underdogs a fazer parte desse "desafio".

As convidadas durante a concentração do time. Foto: Leo Canabarro.

O treino ocorreu no Centro Esportivo Tietê, localizado na Avenida Santos Dumont, 843 — Armênia, São Paulo. O parque é o local onde o time Underdogs (time que acolheu as atletas) treina todo o domingo, das 08:30 às 13h.

O treino para as garotas novas foi diferenciado e separado das demais atletas do Underdogs. O time está em temporada de jogos e está treinando a parte tática, enquanto que as convidadas precisariam ter um treino de base e conhecimento geral do que seria Flag Football. O coach Cristofer Santos foi o encarregado de ajudar a Thi e a Mari nessa jornada. :)

As atletas treinando no time Underdogs com a ajuda do Cristofer Santos. Foto: Leo Canabarro.

Os relatos

Thiemi Okawara

Mini Bio

Thiemi Okawara, graduada em Design, ilustradora, fotógrafa e amante de esportes. Quando não estou praticando algo, estou assistindo, mas confesso que prefiro praticar. Desde nova joguei futebol, handebol, além de algumas lutas.

Durante a experiência, Thi pôde "misturar" os dois esportes — Crossfit + Flag football. Foto: Leo Canabarro.

Sobre o convite da Experiência

Já estava procurando saber mais sobre o esporte e o convite da Diana Fournier veio super a calhar, já que queria muito conhecer mais sobre esse esporte.

Como foi o treino de flag football?

Acordar cedo em um domingo realmente é para pessoas apaixonadas pelo Flag! Já me preparei com esse pensamento, porque não é fácil! Achei bem acessível a localização e foi bem tranquilo chegar — ainda tive a sorte de encontrar a Diana enquanto fazia a baldeação da linha verde para a azul do Metrô. O treino foi ótimo, a brincadeira da 'queimada' muito divertida e uma ótima forma de introduzir alguns conceitos e poder interagir com as meninas do Underdogs, que foi demais. O Cris foi ótimo e nos explicou muito sobre o que é o flag e nos passou algumas práticas que são trabalhadas no esporte. Mas acabei me machucando — uma lesão bem tranquila no dedo mínimo — provavelmente alguma hora de descuido ao pegar a bola (tem técnica pra isso, tem técnica pra tudo), algo bem normal e nada grave. Fui embora com muita vontade de voltar e voltaria se não fosse pelo dedo quebrado.

Qual esporte você pratica?

Pratico CrossFit há dois anos. Participei da minha primeira competição ano passado na categoria iniciantes. O crossfit é uma modalidade extremamente técnica e exige muito aprendizado, por isso estou me dedicando cada vez mais.

O que mais gostou na experiência?

Eu amo esportes coletivos e por mais que a comunidade do CrossFit seja muito unida, os treinos são individuais, em sua maioria. Achei o melhor ponto a interação e o fato de envolver muito aprendizado.

O que menos gostou?

Preciso só me preparar para o sol forte e acordar cedo, mas nada que a gente não acostume. :D

Há alguma semelhança com seu esporte?

Assim como o Crossfit o Flag é muito técnico. Pude perceber que detalhes fazem a diferença no seu desenvolvimento como atleta. Quando falamos de competição, o Crossfit também precisa ser muito tático mas isso não é tão perceptível quanto no flag football.

Agora como você olharia um jogo de futebol americano?

Eu já curtia a cultura do futebol americano, inclusive estava em busca de times de FA e saber da existência do flag foi excelente, porque é bem próximo, mas é mais tranquilo e sem tanto contato. Ah, e apesar da minha turma ser Broncos, eu torcia para o Patriots só pra encher o saco mesmo, mas agora acho que vou ver tudo com outros olhos.

Você voltará?

Eu vou voltar, fazer crossfit e flag ao mesmo tempo é muito bom pois um complementa o outro. Estou só esperando a liberação médica! Fico vendo vídeos e lendo o Campo Minado enquanto esse dia não chega… :) Queria agradecer o convite Diana, amei mesmo a experiência, foi o melhor jeito de conhecer o flag! ❤

'Misturando' o flag com o crossfit. Foto: Leo Canabarro.

Green Mari

Mini Bio

Mari, aka Green, paulistana caótica, 35 anos, muito barulho na veia, roller skater na liga paulistana de roller derby Gray City Rebels e há 10 trabalhando com o mundo das artes visuais pela galeria Choque Cultural .

Mari vestindo o "manto" do seu time de Roller Derby. Foto: Leo Canabarro.

Sobre o convite da Experiência

Fui convidada pelas ‘Underdogs’ Roberta Russo e Diana Fournier para participar da Experiência Flag Football e adorei o convite, pois adoro esportes, principalmente os não muito praticados no Brasil e por mulheres badass! :)

Qual esporte você pratica?

Pratico roller derby há 5 anos, esporte de contato, sem bola e sobre patins quad, surgido nos anos 30 bem na lokurama e posteriormente em 2001, renascido e reformulado no Texas pela WFTDA — Women’s Flat Track Derby Association. É um esporte coletivo extremamente inclusivo, sem padrões físicos, a princípio praticado só por mulheres, emponderadas, feministas, queers ou de muita personalidade e atitude.

Jogo na posição Jammer pela liga paulistana Gray City Rebels e na Seleção Brasileira de Roller Derby. O roller derby fez eu retornar às minhas habilidades e hobbies nos esportes em geral, os quais eu não mais ‘atuava’ há uns 20 anos, o que melhorou muito minha disciplina e cuidados com a saúde física e mental, afinal desde adolescente sempre fui muito mais voltada à noite paulistana, ao som extremo e muita boemia (como meu pai mesmo diz, haha). É um esporte pesado tanto fisicamente como no envolvimento pessoal e emocional através da sua coletividade, inclusão e total ‘Do It Yourself’, sim o famoso ‘Faça Você Mesma’ em relação ao esporte no Brasil, onde cada um dentro de sua liga trabalha voluntariamente e intensamente pra fazer a parada acontecer e fortalecer.

Como foi o treino de flag football?

No domingo 6 de agosto, depois de uma noite bem dormida, acordei às 6h da matina, tomei aquele café da manhã disciplinado, com frutas e pão integral acompanhados de um balde de café forte pra aguentar 4 hrs de treino de flag e um torneio de roller derby às 17h no mesmo dia — o ‘Sur5al’ — já diz no nome a meta do dia. Segui pela linha azul do metrô até a estação Armênia, a qual me remete extremamente ao Hangar 110, tradicional casa de shows hardcore, punk, ska, fundada em 1998, na qual eu passei muitos fins de tarde/noite regados de cerveja, catuaba selvagem e claro, a melhor parte, as bandas ao vivo. Enfim chegando no Clube Tietê, onde acontecem também os nossos jogos de roller derby, andei em direção ao extenso gramado e logo vi um bando de minas e para lá segui. A Diana colocou o cinto com as flags na minha cintura e começamos o aquecimento, com uma espécie de pique bandeira, foi bem divertido e as meninas super receptivas! Depois eu e a Thi (do crossfit) recebemos um treinamento exclusivo de umas 2 horas só pra gente com o coach Cristofer Santos, que foi super atencioso e mostrou bastante conhecimento tanto de futebol americano quanto de educação física, explicando sempre o motivo dos exercícios, para o esporte e para o corpo. Ele analisou vários ‘vícios’ de movimento e também mentais — achei 'mó' sessão de terapia esportiva — foi ótimo, muito footwork e aquela bola estranha Wilson oval, haha!

O que mais gostou na experiência?

Adorei puxar as flags da cintura das jogadoras, faz um barulhinho de ‘ventosa’ muito bom (hehe) e causa uma certa satisfação. Apesar do roller derby não ter bola ou coisas do tipo e ser praticado sobre rodas, tem muitas coisas em comum, como habilidades de bloqueio/defesa, muito movimento lateral, visão e estratégia de jogo, comunicação verbal durante a partida, velocidade com ‘dribles’ ou ‘juke’ (como a gente fala no derby), coletividade, inclusão e mulherada sangue nos olhos.

O que menos gostou?

Acho que não gostei muito do sol na cara, até por que não dá pra enxergar direito, e talvez o ardido dos esfolados na pele, por conta de cair mergulhando na grama sintética, hahaha!

Agora como você olharia um jogo de futebol americano?

Eu particularmente, nunca gostei de assistir a jogos de nenhuma modalidade, não consigo me ‘empolgar’ ou torcer freneticamente por algum time. Gosto de assistir sessions de skateboard, surf, patins em bowl/street, esse tipo de coisa. Há alguns anos assisto jogos de roller derby pois é o que pratico de verdade de forma competitiva e que faz parte da minha vida prática, efetivamente. Aprendo muito, desde novas estratégias de jogo, habilidades de passagem e defesa, técnicas, patinação, regras, times, etc. e também por ser muito inspirador e instigante visualmente, um jogo de RD. Em relação ao futebol americano, fiquei interessada em assistir uma partida ao vivo e a cores do flag nacional, com as Underdogs! Nunca assisti um jogo de flag ou futebol americano inteiro.

Você voltaria?

Eu voltaria com certeza, mas o meu esporte é o roller derby e ele já me consome (positivamente) demais da conta, hehehe. ❤

Mari misturando esportes de "impacto". Foto: Leo Canabarro.

Agradecimentos especiais ao coach Cristofer Santos pelo treino especial repassado às atletas, ao Leo Canabarro pelo excelente trabalho com as fotos e à produção e apoio de Luana Crespo e Roberta Russo.

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Diana Fournier
campo minado

manauara, head of product user researcher at @picpay, catlover, tattoed girl