MONSTRAS DO FLAG — Catarina Souza

Entrevista com a ex-capitã do ataque da Seleção Brasileira de Flag Football 5x5

Diana Fournier
campo minado
4 min readSep 18, 2017

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Cata jogando no ataque do São Paulo Storm em 2015. Foto: Arquivo do time Storm.

Mini Bio

Meu nome é Catarina Augusto Fernandes de Souza mas no flag sou conhecida por Cata.

Aos meus quase completos 32 anos já fiz um pouco de tudo (ou quase). Tive uma experiência como formanda Salesiana (tipo uma faculdade pra ser freira), fiz faculdade e trabalhei com música tanto cantando quanto lecionando e acabei me encontrando na educação física por um pouco de culpa do flag.

Desde criança sempre estive envolvida com esportes, mas só encontrei o flag em 2011 por intermédio de uma amiga. Fui fazer a seletiva só por ser um time do Palmeiras e acabei me apaixonando pelo esporte.

Joguei pelo Palmeiras Locomotives do final de 2011 até 2013, quando fomos para o São Paulo Storm fundar o time feminino de flag e lá fiquei até o final de 2016. Hoje sou diretora do Palmeiras Locomotives (de volta para minha terra).

Conquistas importantes no flag:

  • Campeã Campeonato Brasileiro de Flag Football 2012
  • Campeã Circuito Nacional 2013
  • Bi-Campeã Playoffs Rio/SP pelo Circuito Nacional 2015/2016
  • Tri-Campeã Estadual pelo Circuito Nacional 2014/2015/2016
  • Bi-Campeã Paulista pela FEFASP 2015/2016
  • Bi-Campeã Paulista APFA 2016
  • Vice-Campeã Circuito Nacional 2014/2015
  • 3º Lugar Circuito Nacional 2016
  • MVP na etapa regional do Circuito 2014
  • Capitã de ataque da Seleção 2014

Entrevista

Desde quando você joga flag?

Desde o final de 2011.

Qual time de flag você integra atualmente?

Palmeiras Locomotives.

Qual posição você joga?

Jogava de center, uma posição que defendo com unhas e dentes. Uma boa center muda o jogo.

Já integrou outros times? Quais?

Já. São Paulo Storm e Carcaminas.

Como você conheceu o flag football?

Uma amiga da minha namorada na época me convenceu a ir pra seletiva. Essa pessoa é a Jason, uma das melhores jogadoras de defesa que já vi em campo.

Nos conte uma história que te marcou no esporte!

Muitas coisas me marcaram profundamente dentro do flag. Meu primeiro TD, minha primeira derrota, minha primeira convocação pra seleção… Como uma das minhas histórias favoritas já foi contada pela G, vou para uma mais pessoal…

No mundial da Itália estávamos no primeiro jogo contra Israel e era meu primeiro pela seleção também. Acho que foi a 2ª descida do jogo e era aquela jogada para ganhar umas poucas jardas. Aquela rotinha de segurança pra direita e a QB (Rachel do Flu) lançou pra mim (e o medo do drop internacional???) peguei numa distância de umas 10 jardas da nossa endzone e virei para tentar ganhar alguma coisa a mais. Quando vi que a defensora furou a flag me deu uma adrenalina e eu fui embora! Foram 3 furadas de flag e então TD! Eu sai de campo sem ar! Parecia que eu tinha feito o TD da vitória na final! Nem conseguia respirar… Foi um sonho realizado fazer aquilo num Mundial e até hoje fico agitada em falar nisso.

O que esse esporte significa para você?

O flag me acolheu num momento muito difícil da minha vida. Havia perdido minha mãe pouco tempo antes e encontrei no esporte um grupo de amigas e amigos, além de um objetivo pra amar.

Hoje vejo o flag como o futuro e quero dentro da minha profissão ajudar a levar esse esporte tão rico para o máximo de pessoas possível.

Que conselho você daria para as atletas novatas ou de times pequenos, com pouco apoio ou visibilidade?

Primeiro que o esforço e o treino são superiores ao talento. Quem me conhece sabe o quanto acredito e vivi isso.

Se você não tem espaço no seu time hoje, treine mais, coma melhor, durma melhor e treine mais ainda!

Não existe time pequeno, não existe time favorito! A nossa história recente mostra isso e eu acho lindo! Um esporte onde sempre os mesmos são favoritos é um esporte pequeno. Quando começa a ficar difícil apontar para o próximo campeão é sinal de que a coisa está melhorando.

Por fim, não desistam, por favor! Uma hora alguém vai olhar para o Flag e perceber que vale a pena investir nele. Mas, para isso, a gente precisa continuar vendendo camiseta, açaí, boné, fazendo vaquinha e pedindo dinheiro pra vó. Um dia vamos contar essa história e vai ser lindo lembrar que fizemos parte dela. ❤

Catarina pela Seleção Brasileira Feminina de Flag 5x5. Foto: Grasiela Gonzaga.

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Diana Fournier
campo minado

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