Uma reflexão sobre moda e sustentabilidade
O ano é 2017, mas gravamos um vídeo em 2016 com o mesmo assunto, enfim, atrasos de entrega acontecem, então vamos celebrar que está chegando conteúdo novo e fresco pronto pra ser compartilhado.
Paula Velasco Leal formada em direito e atualmente faz pós em marketing de moda, conversou com Francisco Franco sobre o impacto da moda na nossa vida. O diálogo é fruto de muitas leituras e serviu para arrematar o que essa trama de conhecimentos e vários aprendizados desencadeiam: inúmeros questionamentos.
“Moda e sustentabilidade é você repensar toda a cadeia produtiva”
Existem grupos de pessoas que demonstram interesse e engajamento voltado para a conscientização, porém, para boa parte da população, a aquisição de uma peça de roupa ainda é o principal modo de relacionamento que possuem com a moda. Seja no mercado de peças exclusivas ou nos grandes varejistas. No entanto, a equação é bem mais complexa quando voltamos na frase acima e repensamos o que está sendo consumido.
Pra começar contextualizando é preciso falar de Fast Fashion. A definição desse conceito resumida seria:
“O mundo consome 80 bilhões de peças de roupas todos os anos.” definição extraída do documentário True Cost.
Em outras palavras, toda semana lojas cheias disponibilizando coleções novas, algo diferente do que aconteceu na semana passada, no mês anterior e assim por diante, porém, com materiais de baixa qualidade. Esforço intelectual para o designer, exploração da mão-de-obra que confecciona e claro o mercado publicitário inflando cada vez mais os veículos a fim de despertar o interesse do público.
Slow Fashion é a contrapartida é o movimento ou modo de pensar que passa a ganhar força com o passar do tempo. Mais uma vez a palavra que apareceu no começo do texto se faz presente, estamos falando de repensar o consumo e ser sustentável no meio do processo, agindo de forma consciente.
“Eu não posso repetir minha roupa” é uma frase constante nas mensagens que impactam as pessoas, através de filmes ou campanhas publicitárias. Esse modo de pensar acelera o consumo por produtos que em muitos casos terá baixa utilização ou fará volume em um guarda-roupa, até alcançar o desinteresse pela vestimenta.
O mundo não sustenta a forma como estamos consumindo produtos hoje, mesmo sabendo que, moda e sustentabilidade é algo caro, democratização é importante, e para isso acontecer, precisamos criar demanda. Nós, temos o poder para fazer com que a transformação inicie de dentro pra fora. As empresas estão percebendo que a cada dia que passa o consumidor analisa mais a origem dos produtos (ou serviços) que adquire.
Investir o dinheiro de forma consciente pode reduzir impactos ambientais, já que estamos falando da segunda indústria mais poluente. O Slow Fashion vem como a parte ética da moda, onde se pensa em vários aspectos desde como o tecido é desenvolvido até virar uma peça de roupa.
Se você é uma pessoa analítica e prefere dados, vem junto com a gente e confere a lista abaixo:
- 80 bilhões de roupas são vendidas em todo mundo;
- De acordo com o documentário True Cost, na década de 1960, 95% das roupas vendidas nos Estados Unidos eram fabricadas em território norte-americano, enquanto hoje esse percentual não passa de 3%;
- Zara é uma das marcas precursoras do modelo Fast fashion lançando novos produtos a cada semana;
- 84% de roupas que não estavam mais usadas em 2012 nos Estados Unidos, foram parar em um incinerador ou aterro;
- Kate Fletcher professora de design sustentável do britânico Centre for Sustainable Fashion criou esse movimento, inspirada pelo Slow Food*.
Essas informações soltas podem não ser o suficiente, mas fontes de informação não faltam, por exemplo, o blog Trocaria que busca inspirar o consumo consciente, publicou um texto onde reuniu algumas palestras no TED que falam sobre moda, sem dúvida vale a pena conferir.
Como Paula disse em uma parte do vídeo, “vamos sair da matrix, vamos acordar”. Para isso acontecer, vem ver também como foi nossa conversa sobre Slow Fashion e Fast Fashion, sem dúvida é só o começo para quem está procurando entender seu papel no mundo e consumir de forma consciente.
Não é o fim, ainda tem uma lista de referências para que você consiga ler mais sobre o assunto:
Começando pelo documentário True Cost que aborda a exploração da mão-de-obra barata para oferecer um produto de baixo custo também. Considerado um documentário sociocultural, válido para o repertório de todo ser humano;
Fashion Revolution vem como um ponto de partida para quem está no início da busca por conhecimento sobre o cosumo consciente e como diz Eoisa Artuso uma das organizadoras brasileiras: “Quando o consumidor tem acesso a informações, ele se torna mais responsável e escolhe para qual marca quer dar seu dinheiro”;
Stylo Urbano é um blog também com ótimas referências e publicações constantes sobre o que acontece de mais atual sobre arte, arquitetura, design, publicidade, tecnologia, estilo, viagens e cultura pop.
Em breve publicaremos aqui algumas iniciativas brasileiras no ramo da moda que pode ajudar você a contribuir criando demanda por mais sustentabilidade nesse mercado.
Gostou do texto? Clica no 💚 e também compartilhe nas suas redes sociais.