Classificando os 12 quarterbacks titulares nos playoffs da NFL

Henrique Bulio
ZONA FA
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8 min readJan 3, 2018

É um discurso clichê, mas quarterbacks são os mais importantes jogadores de uma equipe de futebol americano, e nenhuma asset é tão valiosa quanto um franchise quarterback. Tenha um jogador competente na posição e seu time tem chances muito maiores de ser relevante num ano.

Isso é ainda mais verdadeiro quando se chega a pós-temporada. Pense nos últimos campeões do Super Bowl: quantos deles não possuíam um grande quarterback como líder do time? É claro que toda regra possui sua exceção, no entanto, a realidade é que a tarefa se torna muito mais fácil com um grande passador.

A ideia desse ranking é um pouco diferente dos outros ao longo da temporada: uma medição pequena do nível de confiança nos 12 restantes com base no que apresentaram ao longo da temporada e como devem jogar ao longo do mês de janeiro.

12. Nick Foles, Philadelphia Eagles

(56,4% de passes completos, 537 jardas, 5 touchdowns, 2 interceptações, 4.75 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Sim, ele é um backup. Que apesar disso tem experiência na pós-temporada e bastante conhecimento do sistema ofensivo.

Por que eu não confiaria nele: Os dois últimos starts de Foles foram terríveis.

Depois de lançar quatro touchdowns e nenhuma interceptação em New York, os dois últimos jogos de Foles foram tão abaixo da média que existia um questionamento real se não seria melhor para o Eagles dar a titularidade para Nate Sudfeld nos playoffs. Ele não tem o braço ou a mobilidade de Wentz e também tem dificuldade em lançar em antecipação. Philadelphia terá de contar com outros fatores para avançar em janeiro e rezar para que seu novo quarterback não comprometa.

11. Marcus Mariota, Tennessee Titans

(62,0% de passes completos, 3232 jardas, 13 touchdowns, 15 interceptações, 5.51 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Mariota é um excelente jogador na red zone e sua mobilidade é admirável.

Por que eu não confiaria nele: Sua precisão tem sido horrível em 2017 e seu nível em geral decaiu fortemente.

O Titans é provavelmente o pior time que vai disputar a pós-temporada e nem mesmo seu ótimo quarterback se salva aqui. A temporada de Mariota foi horrível: sua precisão, seu decision making e até suas mecânicas foram problemáticas em 2017. Não existe uma razão real para imaginar porque isso mudaria de uma hora pra outra jogando em Kansas City, e o destino mais provável é uma atuação ruim e uma eliminação rápida no wild card.

10. Blake Bortles, Jacksonville Jaguars

(60,2% de passes completos, 3687 jardas, 21 touchdowns, 13 interceptações, 6.21 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Sua deep ball é boa e seu atleticismo é extremamente acima da média

Por que eu não confiaria nele: Ele é Blake Bortles.

Ok, foi um ano melhor do que todos esperávamos, mas não deixa de ser mediano. Bortles ainda tem tendência a cometer turnovers e suas decisões são questionáveis, assim como sua precisão não é das melhores. Dito isso, ficou claro que podem surgir jogadas explosivas dali e Jacksonville pode ter pelo menos um pouco de confiança e menos conservadorismo passando a bola.

9. Tyrod Taylor, Buffalo Bills

(62,6% de passes completos, 2799 jardas, 14 touchdowns, 4 interceptações, 5.67 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Poucos quarterbacks na história da liga foram tão elusivos quanto Taylor fora do pocket.

Por que eu não confiaria nele: Não tem uma precisão de impressionar e suas tomadas de decisão são questionáveis.

Nesse momento da temporada, Buffalo já deve ter percebido o quão estúpida foi a decisão de colocar Tyrod Taylor no banco na semana 11 e isso quase acabou com as chances da equipe de quebrarem a sequência de quase 20 anos longe dos playoffs. Taylor não é e nunca será o passador perfeito; todavia, seu trabalho fora do pocket e a ameaça que se obtém correndo com a bola não é descartável. Vai ser difícil para o Jaguars conseguir derrubar o quarterback.

8. Case Keenum, Minnesota Vikings

(67,6% de passes completos, 3547 jardas, 22 touchdowns, 7 interceptações, 7.03 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Sua pocket presence apresenta evolução constante ao longo de todo o ano

Por que eu não confiaria nele: Nunca jogou na pós-temporada.

Keenum é possivelmente o quarterback mais surpreendente em toda essa temporada, executando perfeitamente o ataque do Vikings demonstrando ótimo domínio no pocket e tomando boas decisões. Embora sua força no braço não seja impressionante, Minnesota precisa de um jogador funcional e que não cometa erros graves. Exatamente o que seu passador foi durante todo o ano de 2017.

7. Cam Newton, Carolina Panthers

(59,1% de passes completos, 3302 jardas, 22 touchdowns, 16 interceptações, 5.28 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Nenhum quarterback é tão bom correndo com a bola quanto Cam Newton.

Por que eu não confiaria nele: Dentre os quarterbacks titulares da pós-temporada atual, Newton é o que mais lançou interceptações em 2017.

Eu quero ser bem claro com isso: o Panthers está nos playoffs por causa de Cam Newton e não apesar de Cam Newton.

É óbvio que os números não são nem um pouco bonitos — entre os quarterbacks que foram titulares por quase todo o ano, Newton tem o pior ANY/A — ; contudo, qual outro jogador é uma ameaça tão real tanto passando quanto correndo com a bola? Se você tirar McCaffrey da equação, é difícil citar um playmaker de alta qualidade no Panthers. Newton é o ataque e a alma desse time e apesar de suas falhas (sua precisão não é das melhores e seu footwork também não enche os olhos), sua importância para Carolina não pode ser subestimada.

6. Matt Ryan, Atlanta Falcons

(64,7% de passes completos, 4095 jardas, 20 touchdowns, 12 interceptações, 6.87 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Ainda que seus números não mostrem isso de forma clara, seu nível bruto não tem sido muito abaixo do histórico 2016.

Por que eu não confiaria nele: Ryan teve um número de overthrows ao longo da temporada que não se espera de um quarterback tão bom.

É claro que seria difícil igualar os números inacreditáveis de 2016; ter Steve Sarkisian como coordenador ofensivo de nada ajudou à produção de Matt Ryan ao longo do ano. Ainda assim, o quarterback continua executando muito bem o que lhe é pedido: o problema é como lhe é pedido. Como seria absurdo pensar que o Falcons mudaria todo o ataque para a pós-temporada, não seria surpreendente ver a campanha de Atlanta se encerrar prematuramente no wild card.

5. Jared Goff, Los Angeles Rams

(62,1% de passes completos, 3804 jardas, 28 touchdowns, 7 interceptações, 7.72 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Seu footwork e sua antecipação nos passes são excelentes.

Por que eu não confiaria nele: Goff é extremamente inexperiente e a NFC é uma carnificina.

Fica cada dia mais claro que Goff é um quarterback que executa muito bem um sistema do que a peça central do mesmo. Isso não é uma forma de desvalorizar o jogador: a realidade é que o Rams não depende tanto de um grande signal caller para seu ataque funcionar e isso não é um problema. Dito isso, a evolução com relação ao ano passado foi notável ao longo da temporada, até mesmo liderando a liga em termos de ANY/A. Los Angeles é uma ameaça fortíssima pra qualquer time na NFC.

4. Alex Smith, Kansas City Chiefs

(67,5% de passes completos, 4042 jardas, 26 touchdowns, 5 interceptações, 7.65 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Smith mostrou ao longo do ano que sua deep ball é uma das melhores da liga.

Por que eu não confiaria nele: Sua tomada de decisão continua questionável e isso pode ser fatal num provável Divisional em New England.

2017 foi o ano em que nos lembramos que os passes longos de Alex Smith existem e são ótimos — a relutância do quarterback em lançá-los era o real problema. A queda de forma do jogador veio num momento onde o play call do Kansas City Chiefs era ruim e isso mudou quando Matt Nagy assumiu tal função ao longo da temporada. Os campeões da AFC West não devem ser descartados. 2017, aliás, foi o ano onde Smith apresentou career highs em ANY/A, jardas e touchdowns.

3. Ben Roethlisberger, Pittsburgh Steelers

(64,2% de passes completos, 4251 jardas, 28 touchdowns, 14 interceptações, 6.95 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Além de bi-campeão da liga, Roethlisberger elevou bastante seu nível na segunda parte da temporada.

Por que eu não confiaria nele: Roethlisberger lançou cinco interceptações contra o Jaguars na semana 5 e Jacksonville está no caminho de Pittsburgh no Divisional

Naturalmente os times de Mike Tomlin costumam elevar o nível na segunda parte da temporada e isso não foi diferente em 2017. Roethlisberger continua lançando verticalmente com precisão e ter jogadores como Antonio Brown e Le’Veon Bell de nada atrapalha. O único fator que pode atrapalhar uma campanha longa na postseason é que Roethlisberger poderia ter jogado melhor sob pressão ao longo do ano e, na iminência de um confronto contra o Jaguars, isso tem de ser trabalhado.

2. Drew Brees, New Orleans Saints

(72,0% de passes completos, 4334 jardas, 23 touchdowns, 8 interceptações, 7.71 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Brees teve career highs em % de passes completos e lançou o menor número de interceptações desde 2004

Por que eu não confiaria nele: record de 1–4 nos playoffs fora de casa durante a carreira e possível confronto na gélida Philadelphia no Divisional.

Poucas pessoas podiam prever que a intenção de Sean Payton de balancear o ataque do Saints seria tão produtiva quanto o foi. Sem precisar de lançar um caminhão de jardas por partida, Brees teve uma excelente temporada mesmo que os números tenham decaído — em óbvia relação com a melhora do jogo terrestre. Com um braço mais descansado e com um alto número de playmakers, o jogador terá uma grande pós-temporada.

1. Tom Brady, New England Patriots

(66,3% de passes completos, 4577 jardas, 32 touchdowns, 8 interceptações, 7.56 ANY/A)

Por que eu confiaria nele: Brady e o Patriots foram campeões cinco vezes e, em resumo, o quarterback foi o melhor da liga na atual temporada. Simples assim.

Por que eu não confiaria nele: Seu braço pareceu cansado nos últimos jogos da temporada e, se a bye week não ajudar, isso será um grande problema na final da conferência

Mais um ano, mais uma vez Brady é quem comanda a AFC.

Quem poderia imaginar, não é mesmo?

Com 40 anos de idade, o ex-Wolverine teve uma das melhores temporadas da carreira. Sem Julian Edelman e com uma linha ofensiva que foi bastante inconsistente, Brady mais uma vez esteve no piloto da conferência e o Patriots é novamente favorito ao Super Bowl. Se no início da temporada contra Kansas City a preocupação com os passes longos era real, as conexões com Brandin Cooks evoluíram ao longo da temporada e o quarterback adicionou um novo elemento à seu jogo.

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Henrique Bulio
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Numa eterna cruzada contra o feijão por cima do arroz.