Huddle Up! Explicando a Inside Zone

Bruno Barandas
ZONA FA
Published in
5 min readApr 12, 2019

Fala galera, bem vindos ao Huddle Up!, eu sou o Coach Barandas, Head Coach do Vasco da Gama Almirantes e Coordenador Ofensivo da Seleção Brasileira Sub-20, tive também passagens como Coach Assistente de OL de Georgetown University (D1- NCAA), e como Coach de RBs da Seleção Americana Sub-19, e, agora, tenho a honra também de ser colunista do Zona FA!

Sempre tive a vontade de compartilhar mais conhecimento e ajudar a popularizar o melhor esporte do mundo no Brasil, então essa é minha coluna de X&Os para o Zona FA! Nesse espaço vou tentar trazer pra vocês aspectos mais táticos e os detalhes técnicos do Futebol Americano. Espero que vocês se divirtam.

Nossa primeira série será sobre jogo corrido e suas vertentes, sendo elas: Zona, Gap e Man. A cada semana iremos discorrer sobre um desses estilos de corrida a fim de que a galera cada vez mais seja capaz de entender o que acontece na tela da TV e o porque daquilo estar funcionando.

Antes de mais nada existem alguns termos básicos sobre jogo corrido que temos que entender, para compreender o funcionamento de um esquema de corrida.

Playside: Lado para o qual a jogada se direciona;
Backside: Lado oposto ao que a jogada se direciona;
Strongside: Lado da força da formação (TE, FB, ou lado com mais jogadores no caso de personnel sem jogadores das posições especificadas);
Weakside: Lado oposto ao da força da formação;
Personnel: Número que identifica quantos jogadores de cada posição estão em campo. O primeiro algarismo diz o número de jogadores no backfield (RBs, FBs) e o segundo diz o número de TEs, logo, personnel 11, é um grupo com 1 Back, 1 TE e 3 WRs (O numero de WRs é o numero que falta para completar 5)

Gaps & DL Techniques

Prontos? Comecemos o Huddle!

A decisão foi começar por corridas em zona por ser uma corrida de simples entendimento, altamente difundida entre basicamente todos os times da modalidade, e que pode ser usada como base para as corridas em Gap.

As corridas em zona, como o nome diz, não se tratam de bloquear um defensor em específico, mas sim uma área do campo. São corridas que tendem a definir um ponto de ataque, para que a defesa ocupe seus gaps e então o corredor possa, baseado nessa ocupação de gaps, decidir onde irá acontecer a corrida.

Existem dois tipos de corrida em zona predominantes em praticamente qualquer sistema ofensivo, o inside zone e o outside zone, um baseado em atacar a defesa de forma vertical e física, e o outro em atacá-la de forma horizontal e com vantagem de angulação nos bloqueios. Hoje, trataremos do Inside Zone.

O inside zone tem como instrução, assim como qualquer corrida em zona, que o jogador de OL bloqueie o defensor responsável pelo seu gap do playside, logo, em uma corrida de zona pra direita, RT é responsávelo pelo gap C, RG pelo B, Center pelo A, LG pelo A-, LT pelo B-. É de extrema importância que o OL entenda que se o defensor que, inicialmente, ocupava o gap alvo, cruza sua frente para o gap oposto, ele não é mais responsabilidade do mesmo, e um novo defensor (provavelmente um LB) irá se apresentar para ser bloqueado.

Dito isso, existem três porções do inside zone. A primeira é o bloqueio do Playside Tackle (RT se correndo para a direita) que é o responsável pelo gap C. Alguns coaches gostam de ensinar esse bloqueio buscando o ombro de fora do defensor, minha preferência é o passo de zona em direção ao defensor do gap C, porém utilizando um kickout block (bloqueio de dentro para fora da jogada).

A segunda é o combo, ou double team, do playside. Neste combo Playside Guard e Center trabalham juntos para bloquear os defensores dos gaps B e A, o que, no caso ilustrado (defesa 4–2–5) são o NT e o Playside LB. Os OLs irão juntar os quadris para mover o NT juntos enquanto, analisando a movimentação do LB, decidem quem sobe para bloqueá-lo e quem assume o bloqueio do NT, como também visto no gif acima.

Por fim, temos o combo do backside que ocorre na mesma dinâmica do combo do playside, onde Backside Tackle e Backside Guard são responsáveis pelo DT (3 tec) e o Backside LB. Assim como no playside, os dois entram juntos em bloqueio no DT, até que o LB revele seu gap de ataque para, então, o combo se desfazer e um dos OLs bloquear o jogador no segundo nível.

Desta forma, temos a parte “básica” do inside zone toda bloqueada, o kickout que sela o DE do playside, dois combos abrindo espaço verticalmente, e temos a liberdade de trabalhar o backside DE como bem quisermos, seja com a leitura do mesmo, rodando o famoso read option, bloqueando-o com um FB ou TE, o chamado split zone, ou outra variação pensada para aquele adversário em específico.

A simplicidade, tanto esquemática, quanto de execução, do inside zone é o que fazem desse conceito tão popular e difundido entre tantos programas de Futebol Americano pelo mundo.

Com muita repetição, e jogadores disciplinados, este conceito não requer os mais rápidos, ou mais fortes jogadores de OL, como era o caso da Universidade de Oregon (time executando Inside Zone nos GIFs).

Outro fator que faz do Inside Zone o cerne de diversos esquemas ofensivos, é sua capacidade de variação. Split Zone, Mid Zone, RPO, Bash, são várias das variações que tornam seu playbook corrido diverso, e surpreendente, mesmo baseando-se um mesmo sistema de bloqueios.

Ficamos por aqui, nesse primeiro Huddle Up!, espero que tenham gostado, e estaremos aqui toda semana, trazendo conteúdo novo, de forma didática para os que estão chegando no esporte, e ao mesmo tempo agregando conteúdo pra galera que já acompanha o esporte há algum tempo.

Bom trabalho, rapazeada, até a semana que vem!

1, 2, 3, Break!

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Bruno Barandas
ZONA FA
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🏈 Head Coach - Vasco Almirantes 🏈 OC - Brasil Onças U20 💼 CCO - Eagle Sports 🇺🇸 Georgetown Hoyas 🇺🇸 USA National Team U19 ✍🏼 Colunista - @canalzonafa