NFL Legends — Chicago Bears de 1985

Claudinei Junior
6 min readJun 25, 2019

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Quando discutimos sobre temporada de grandes equipes é difícil colocar alguém na frente do Chicago Bears de 1985. A famosa “46 defense” dominou a liga ao massacrar ataques adversários e ferir quarterbacks.

Grandes estrelas com personalidades fortes, sistema de jogo inovador e muita agressividade eram as marcas principais da equipe comandada pelo head coach Mike Ditka e o defensive coordinator Buddy Ryan.

Mesmo com muitas brigas entre os dois treinadores, o Bears venceu quase todos os oponentes até chegar no Super Bowl XX e ser campeão contra o New England Patriots. Confira um resumo sobre esse time histórico e qual legado deixado:

46 defense

Em 20 de janeiro de 1982, o ex-tight end Mike Ditka foi apresentado pelo lendário George Halas como novo head coach do Chicago Bears. O treinador, que foi jogador da equipe nos anos 60, estava há 10 anos como assistente técnico no Dallas Cowboys.

Ditka não foi muito bem recebido pelos jogadores, já que ele tinha a fama de ser muito agressivo. Em sua primeira reunião com o grupo, Mike disse que tinha uma notícia boa e outra ruim: que se todos acreditassem nas ideias dele, em 3 anos seriam campeões do Super Bowl. Porém, metade do elenco atual não estaria mais no time.

Alguns jogadores da defesa esperavam que o DC Buddy Ryan fosse promovido ao cargo de head coach . Então, resolveram escrever uma carta a Halas pedindo para que o treinador ficasse na comissão técnica.

Buddy seguiu com o total controle sobre a defesa e já acreditava ter as peças necessárias como Mike Singletary, Richard Dent, Dan Hampton, Otis Wilson para executar a “46 defense”. A formação defensiva tinha como objetivo atacar por todos os lados, com intuito de desorganizar o ataque adversário por meio de pressão constante.

A “46 defense” trazia o strong safety para perto da linha de scrimmage, colocando 8 jogadores no box, e dois outside linebackers jogando no mesmo lado. A pressão no ataque rival ocorria a todo momento, pois haviam mais jogadores de defesa atacando o QB do que a linha ofensiva poderia bloquear.

O apelido “46” foi colocado por causa do número da camisa do strong safety Doug Plank, que era considerado uma posição chave para que o esquema funcionasse.

Campanha

Semana 1: Tampa Bay Buccaneers 28 vs 38 Chicago Bears

Semana 2: New England Patriots 7 vs 20 Chicago Bears

Semana 3: Chicago Bears 33 vs 24 Minnesota Vikings

Semana 4: Washington Redskins 10 vs 45 Chicago Bears

Semana 5: Chicago Bears 27 vs 19 Tampa Bay Buccaneers

Semana 6: Chicago Bears 26 vs 10 San Francisco 49ers

Semana 7: Green Bay Packers 7 vs 23 Chicago Bears

Semana 8: Minnesota Vikings 9 vs 27 Chicago Bears

Semana 9: Chicago Bears 16 vs 10 Green Bay Packers

Semana 10: Detroit Lions 3 vs 24 Chicago Bears

Semana 11: Chicago Bears 44 vs 0 Dallas Cowboys

Semana 12: Atlanta Falcons 0 vs 36 Chicago Bears

Semana 13: Chicago Bears 24 vs 38 Miami Dolphins

Semana 14: Indianapolis Colts 10 vs 17 Chicago Bears

Semana 15: Chicago Bears 19 vs 6 New York Jets

Semana 16: Chicago Bears 37 vs 17 Detroit Lions

Divisional Round: New York Giants 0 vs 21 Chicago Bears

NFC Championship: Los Angeles Rams 0 vs 24 Chicago Bears

Super Bowl XX: New England Patriots 10 vs 46 Chicago Bears

O Bears contava com um ataque consistente comandado pelo polêmico quarterback Jim McMahon e um dos melhores running backs da história Walter Peyton.

A equipe começou a temporada de 1985 com vitórias sobre Bucs e Patriots, mas foi no jogo seguinte contra o Vikings, no Monday Night Football, que a equipe teve destaque nacional ao vencer de virada. McMahon, que vinha de lesão, entrou no segundo tempo e lançou para 3 touchdown. Peyton foi outro destaque com 120 jardas em 17 corridas.

A defesa de Ryan não jogou da maneira esperada nos primeiros jogos e sofreu 59 pontos. Após a partida contra o Vikings, o setor defensivo cresceu e sofreu 7,5 pontos de média nos 9 jogos seguintes, e ficou com uma campanha de 12–0.

A equipe virou febre nacional com as grandes atuações e tackles e sacks agressivos sobre os quarterbacks. Os atletas viraram celebridades e começaram a participar de comerciais e ações publicitarias.

A única derrota da equipe de Chicago foi contra o Dolphins de Dan Marino e do head coach Don Shula, na semana 13. O time da Florida encontrou uma fraqueza na “46 defense” e explorou os passes rápidos, fazendo com que os defensores não conseguissem chegar a tempo do QB lançar a bola.

O Bears terminou a temporada regular as seguintes estatísticas:

  • Melhor campanha (15–1)
  • Segundo melhor ataque (28,5 pontos por jogo)
  • Melhor defesa (12,4 pontos por jogo)
  • Maior número de sacks na historia da temporada regular (64 sacks)

Nos Playoffs, a dominância sobre os rivais foi histórica. A equipe simplesmente não permitiu nenhum ponto dos ataques de Giants e Rams e garantiu vaga no Super Bowl XX.

A final ocorreu em 26 de janeiro de 1986, contra o New England Patriots. O time manteve o padrão de atuação e dominou o jogo com sacks e interceptações, vencendo por 46 a 10, maior diferença de pontos em um SB na história até então.

Após o título, Buddy Ryan aceitou o cargo de head coach no Philadelphia Eagles. Nos anos seguintes, a equipe conseguiu boas campanhas e voltou aos playoffs, mas algumas lesões e saída de jogadores importantes prejudicaram a equipe que não conseguiu voltar ao Super Bowl sobre o comando de Mike Ditka.

Legado

A conquista do Super Bowl colocou o Bears de 85 como uma das melhores e mais dominantes equipes da história da NFL.

A “46 defense” serviu de referência para vários treinadores. A forma agressiva, imponente e muitas vezes violenta que os atletas jogavam era um reflexo da personalidade de todos.

Replicar esse esquema defensivo em outra equipe é muito difícil, pois é necessário jogadores de alto nível e que tenham a mesma mentalidade que havia em Chicago. Buddy tentou fazer isso nos Eagles, mas não teve o mesmo sucesso. O esquema não faz jogador, é o jogador que faz o esquema.

Muito se fala que, se Ryan não tivesse saído da equipe e que se Jim McMahon não tivesse sofrido tanto com lesões, o Bears poderia ter construído uma dinastia e vencido 3 Super Bowl seguidos.

Mesmo com o sensação de que poderia ter tido mais, os torcedores de Chicago sempre irão recordar com brilhos nos olhos a temporada de 1985, quando havia um quarterback maluco, um dos melhores corredores de todos os tempos e uma defesa dominadora que reforçava aquela velha frase: “ataques ganham jogos, defesas campeonatos”.

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