Os 10 melhores quarterbacks da semana 15 da NFL

Henrique Bulio
ZONA FA
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9 min readDec 20, 2017

É um discurso clichê, mas quarterbacks são os mais importantes jogadores de uma equipe de futebol americano, e nenhuma asset é tão valiosa quanto um franchise quarterback. Tenha um jogador competente na posição e seu time tem chances muito maiores de ser relevante numa temporada.

Analisar quarterbacks, entretanto, não é assim tão fácil. Sendo o futebol americano um esporte com milhões de variáveis, formações e possibilidades diferentes, dissecar a atuação de um jogador na posição vai muito além do que simplesmente classificá-los por meio do passer rating.

Pensando nisso, eu, Henrique Bulio, estarei publicando no Zona FA uma classificação semanal das dez melhores atuações na posição até o fim da temporada. O objetivo aqui é analisar as atuações puramente por meio das vertentes da posição — ou seja, as estatísticas não são tão importantes.

10. Tyrod Taylor, Buffalo Bills

(17/29, 224 jardas, 1 touchdown, 94.6 passer rating, 8.41 AY/A)

Mais um jogo no qual as estatísticas não traduzem o quão eficiente foi o quarterback do Buffalo Bills: Taylor usou sua mobilidade de forma magnífica, estendendo jogadas ao máximo e quase perfeito em situações de play-action.

O jogo corrido não funcionou com a eficiência que se espera de um time como o Bills, o que não foi necessariamente um problema para Buffalo: mesmo com uma média de apenas 3,9 jardas por carregada, Taylor anotou um touchdown por terra, complementando sua boa atuação que já contava com um lindo lob pass para LeSean McCoy na entrada da end zone, que ampliou a vantagem de seu time para 14–6 no meio do segundo quarto. Tyrod tomou ótimas decisões ao longo da partida também em relação aos scrambles, saindo do pocket apenas quando necessário e em outros momentos encarando a pressão que o Dolphins imprimiu por toda a partida.

9. Matthew Stafford, Detroit Lions

(25/33, 237 jardas, 2 touchdowns, 115.3 passer rating, 8.39 AY/A)

Desde que Jim Bob Cooter assumiu o posto de coordenador ofensivo do Detroit Lions no meio da temporada de 2015, vê-se um quarterback mais disciplinado em Detroit. Se antes Stafford tinha liberdade para soltar o braço de forma desenfreada, Cooter chama jogadas menos arriscadas, limitando o fator gunslinger existente na antiga primeira escolha geral.

Isso não foi diferente contra o Chicago Bears. Defrontando uma boa defesa, Stafford não arriscou muitos passes longos — com exceção da bomba para Marvin Jones que foi chave para o primeiro touchdown de Detroit na partida, Matthew trabalhou com passes curtos e fáceis em sua maioria: o Lions tem ótimos recebedores no quesito YAC. O passe para Eric Ebron na end zone no terceiro quarto também foi digno do altíssimo contrato recebido durante a última intertemporada.

8. Jimmy Garoppolo, San Francisco 49ers

(31/43, 381 jardas, 1 touchdown, 106.8 passer rating 9.33 AY/A)

Três jogos, três vitórias para o novo rei da California. É um daqueles casos clássicos aonde um jogador faz todos os outros melhores: Garoppolo está movendo o ataque do San Francisco 49ers de uma forma que Hoyer e Beathard nunca chegaram perto, e Shanahan certamente está agradecendo aos seus por poder executar seu playbook na totalidade nas últimas três semanas.

O Titans mandou um alto número de blitzes pra cima de Garoppolo ao longo da partida, o que pouco funcionou — o release de Jimmy é um dos mais rápidos da liga e isso ajuda a evitar sacks e lhe dá um pouco mais de tempo no pocket. Dos 43 passes, a imensa maioria foram curtos ou checkdowns, sem arriscar turnovers e dominando o tempo de posse no confronto — San Francisco teve quase cinco minutos de posse de bola a mais do que Tennessee no duelo.

Com uma (muito) provável renovação de contrato ao fim da temporada, é possível afirmar que 2018 será um ano extremamente esperançoso para o torcedor do 49ers. O time tem peças sólidas pensando no futuro, uma pick alta no Draft e um quarterback extremamente competente.

7. Tom Brady, New England Patriots

(22/35, 298 jardas, 1 touchdown, 1 interceptação, 87.6 passer rating, 7.80 AY/A)

Brady recebe elogios por uma performance de alto nível num ambiente extremamente hostil e que contou com um game-winning drive épico no jogo mais importante da temporada regular para o New England Patriots. Você não faz isso sem uma alta dose de compostura.

New England sabia que correr com a bola seria uma tarefa complicadíssima no Heinz Field; com efeito, Brady lançou passes numa proporção que representa quase o dobro de jogadas em relação ao jogo terrestre. O objetivo do Patriots era manter a defesa do Steelers alerta em relação aos passes curtos no meio do campo para que Josh McDaniels pudesse chamar jogadas mais criativas e explosivas. Isso aconteceu ainda no início do jogo: os visitantes conquistavam poucas jardas jogada a jogada, quando Brady realizou um play-action no meio do campo e conectou com Brandon Cooks num passe bastante longo.

Não se pode deixar de falar do momento mais icônico do jogo, todavia. Com dois minutos restantes, perdendo por cinco pontos e a home field advantage na AFC na linha, o Patriots tinha a bola na linha de 23 jardas do campo de defesa. Brady realizou conexões de 26, 26 e 17 jardas com Rob Gronkowski e, após o touchdown por terra, Tom conectou mais uma vez com seu tight end para a conversão de dois pontos. A epítome de um time campeão e de um quarterback MVP.

6. Ben Roethlisberger, Pittsburgh Steelers

(22/30, 281 jardas, 2 touchdowns, 1 interceptação, 110.6 passer rating, 9.20 AY/A)

Tire a interceptação na última jogada da partida e Roethlisberger teria uma atuação praticamente perfeita. Mesmo com ela (e com a derrota), não há como diminuir o quão bem jogou o veterano na partida mais importante da temporada regular na AFC — e tudo isso sem o melhor recebedor da liga por quase todo o duelo.

Sabendo que a defesa do Patriots é (muito) inferior ao ataque do Steelers, Roethlisberger se manteve paciente ao longo de quase todo o jogo, sem forçar passes em janelas inexistentes e utilizando bem os passes curtos e os checkdowns quando necessário. Certamente ajudou o fato do quarterback contar com jogadores extremamente explosivos e que conquistavam muitas jardas depois da recepção — o que dizer da corrida de JuJu Smith-Schuster no drive final da partida, colocando sua equipe na red zone e muito perto da vitória?

O pior passe em todo o jogo configura de ser justamente o último: a chamada era um fake spike, aonde Eli Rogers correu uma slant em direção a end zone e Roethlisberger forçou a bola enquanto Eric Rowe estava em ótima cobertura. O cornerback conseguiu desviar o passe e a bola caiu nos braços de Duron Harmon, resultando numa interceptação que encerrou um dos melhores jogos de 2017.

5. Cam Newton, Carolina Panthers

(20/31, 242 jardas, 4 touchdowns, 128.0 passer rating, 10.39 AY/A)

Mais uma das atuações de elite do líder do Carolina Panthers, com o adendo de uma exibição prolífica no jogo terrestre. As três melhores atuações de Newton na temporada vieram @NE, @DET e vs. GB. Adversários fortíssimos.

Cam se beneficiou de um game plan extremamente bem montado, aonde o Panthers explorou majoritariamente os passes curtos para abrir espaço no meio do campo, aonde Newton esteve incrivelmente preciso em dig routes. Além disso, Mike Shula apostou em diversas jogadas desenhadas para Newton correr com a bola e, segundo o Pro Football Focus, foram cinco first downs conquistados dessa forma.

4. Case Keenum, Minnesota Vikings

(20/23, 236 jardas, 2 touchdowns, 138.8 passer rating, 12.00 AY/A)

Keenum teve 186 das suas 236 jardas conquistadas depois da recepção e isso não tem nada de errado: não é culpa do quarterback que o Bengals decidiu não defender no último domingo. Você simplesmente aproveita o que a defesa te dá, não é mesmo? Dos 23 passes do signal caller do Vikings, 20 foram completos, um foi overthrow, um foi dropado e o último foi uma decisão ruim que por sorte não resultou em interceptação. Nada mal.

Foi mais uma daquelas atuações aonde Minnesota se sente obrigado a pensar se deixará Keenum atingir o mercado. Ele esteve preciso quase sempre, com total domínio do pocket — como tem sido durante toda a temporada, principal fator relacionado à sua evolução — e tomando boas decisões com a bola. Tamanha foi a eficiência do ataque do Vikings que o jogador não precisou fazer muito no último quarto: uma enorme ovação explodiu no estádio quando Teddy Bridgewater voltou a participar de um jogo da NFL depois de dois anos.

3. Jameis Winston, Tampa Bay Buccaneers

(27/35, 299 jardas, 3 touchdowns, 130.5 passer rating, 10.26 AY/A)

O Tampa Bay Buccaneers poderia ter sido um fator muito maior na competitiva NFC South se Jameis Winston tivesse demonstrado o nível do Monday Night Football de forma consistente ao longo do ano — muito mais perto da alta expectativa que havia em relação ao quarterback anterior ao Draft de 2015.

Winston certamente buscava encontrar seu principal recebedor ao longo do duelo — Mike Evans liderou os recebedores da Florida com 8 targets — , mas não demonstrava problemas quando precisava realizar checkdowns para ganhar menos jardas. Além disso, sua precisão esteve impecável durante grande parte do jogo, realizando conexões em janelas minúsculas e dando a seus recebedores a oportunidade de fazerem jogadas impressionantes — um bom exemplo é o touchdown para Mike Evans no terceiro quarto: Jameis precisa fazer um ajuste no pocket logo após o fake e lança um passe em direção à end zone; sabendo que seu recebedor tem vantagem física sobre os dois defensive backs na jogada, o passe sai alto, de modo que Evans tem grande vantagem sobre os adversários e realiza a recepção. Ele também foi ótimo quando precisou sair do pocket, tendo tranquilidade para conquistar primeiras descidas com as pernas.

O Buccaneers não tinha muito pelo que jogar numa temporada bastante decepcionante; entretanto, foi satisfatório ver a antiga primeira escolha geral da equipe tendo uma atuação brilhante num ano tão abaixo das expectativas. A chave para a melhora de Tampa Bay como um todo está na consistência de seu principal jogador e na urgência em diminuir os turnovers, presentes com frequência desde à entrada de Winston na NFL.

2. Brock Osweiler, Denver Broncos

(12/17, 194 jardas, 2 touchdowns, 147.7 passer rating, 13.76 AY/A)

Foi sem dúvida estranho o sentimento de ver Brock Osweiler como um dos melhores quarterbacks numa rodada, o que soa menos absurdo quando se percebe que a defesa adversária era a do Indianapolis Colts.

17 passes contados a partir do segundo quarto (o titular do Broncos no duelo era Trevor Siemian; no entanto, uma lesão no ombro retirou-o da partida ainda no primeiro quarto) se traduziram na melhor exibição de Osweiler desde sua ida à Houston em março de 2016. Ele demonstrou compostura e segurança no pocket, completando passes longos de forma extremamente precisa, manipulando safeties e até mesmo correndo bem com a bola — o jogador até mesmo anotou um touchdown de 18 jardas pelo chão!

O alto nível provavelmente não vai durar muito e o Broncos está longe de ter qualquer resposta definitiva para a posição. Por um dia, contudo, Denver pôde relembrar a sensação de ter um jogador confiável na posição mais importante do esporte, sentimento ausente desde a aposentadoria de Peyton Manning.

1. Blake Bortles, Jacksonville Jaguars

(21/29, 326 jardas, 3 touchdowns, 143.7 passer rating, 13.31 AY/A)

É tempo de começarmos a tratar Blake Bortles como um quarterback capaz de vencer o Super Bowl junto da defesa historicamente boa do Jacksonville Jaguars. Isso não é pra dizer que ele É um bom quarterback — mas, sim, suas atuações em dezembro tem sido de ótimo nível.

Estatisticamente falando, Bortles teve a melhor atuação de sua carreira contra um Houston Texans que pouco interesse tinha na partida: foram 11.24 jardas por tentativa de passe, 72.4% dos passes completos e o segundo maior AY/A da rodada, superado apenas pelos 13.76 de Brock Osweiler.

Blake começou a partida trabalhando com passes mais curtos e checkdowns, talvez pela falta do principal jogador do Jaguars no ataque — Leonard Fournette estava inativo para a partida — ; perto do fim do primeiro quarto, contudo, Bortles já lançava com mais profundidade e com surpreendente precisão. Os play-actions funcionaram durante toda a partida, assim como os lançamentos no meio do campo. Ele completou todos os passes longos que tentou e colocou a bola em janelas minúsculas de passe.

O jogo corrido não esteve num dia ruim apesar da baixa marca de 3,6 jardas por corrida — 50% das jogadas em que foi utilizado foram consideradas de sucesso. Ainda assim, a chave para o triunfo de Jacksonville foi a grande exibição de seu signal caller, a qual dá grande esperança ao torcedor da Florida que aguarda a pós-temporada.

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Henrique Bulio
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Numa eterna cruzada contra o feijão por cima do arroz.