Palpites da rodada — Semana 1

TM Warning
ZONA FA
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19 min readSep 7, 2016

Caso você tenha morado em uma caverna nos últimos três meses — e se por algum motivo foi o caso eu recomendo fortemente ouvir os nossos podcasts pra saber o que esperar da temporada — você talvez não saiba, mas essa quinta feira (dia 08/09) temos o retorno de algo imensamente importante para manter o equilíbrio do mundo: a National Football League.

E para comemorar estou retomando uma das tradições mais antigas do Two-Minute Warning, meu blog de longa data: os palpites da rodada.

Embora eu não seja um grande fã de palpites — que em geral não passam de um chute bem educado — eu descobri que esse é um bom formato para falar rapidamente de tudo um pouco, e um pouco de tudo, sobre os 32 times da NFL. O formato é bem simples: eu coloco um jogo, digo quem eu acho que ganha, e em geral digo o porquê desse palpite. Ai eu aproveito para falar de algum tema interessante ou relevante sobre aqueles times, algo que não merece uma coluna ou assunto num podcast, mas que vale a pena falar. Ai eu passo para outro jogo. É a melhor forma de fazer uma rápida ronda pelo que está acontecendo na NFL, e em geral é uma coluna bem popular que agora vai passar a ser aqui no ZONA FA.

E para deixar os palpites mais interessantes, eu não palpito apenas no time que vai vencer a partida, mas também faço um palpite contra o spread.

Para quem não sabe o que é spread, é simples: é uma modalidade de apostas que não leva em consideração quem vai ganhar o jogo, e sim por quanto vai ganhar o jogo. Essa aposta vai atribuir uma diferença de pontos a favor de um dos dois times, e então você aposta se o time consegue ou não cobrir essa diferença de pontos no placar.

Por exemplo, se o jogo é entre Patriots e Browns, é lógico que o Patriots vai ser o grande favorito. Se você apostar na vitória do Patriots, seu retorno vai ser mínimo. Mas se você olhar na aposta spread, você verá algo como “Patriots (-14)” vs “Browns (+14)”. Isso significa que, se você escolher Patriots (-14), você não está só apostando na vitória do Patriots, mas também que eles vencerão por MAIS de 14 pontos. Analogamente, se você apostar no Browns (+14), o Browns pode até perder, mas você vence a aposta se perderem por MENOS de 14 pontos. É uma forma de “balancear” as apostas, e trazer retornos mais equilibrados.

Não que eu aposte nesses jogos todos, ou que esteja recomendando que vocês façam o mesmo. Eu aposto em alguns de vez em quando, mas essa coluna NÃO é um guia de em quem ou como apostar, é só uma brincadeira que eu comecei a fazer mas minhas colunas para deixar os palpites mais divertidos.

E lembrem-se, o mais importante: eu não odeio seu time só por que apostei contra eles. Sério!

Dúvidas, comentários ou sugestões? Deixe nos comentários, nos mande pelas nossas redes sociais (Twitter ou Facebook) ou mande um email para canalzonafa@gmail.com!

Nota: Spreads seguindo o consenso de Vegas no momento que eu comecei a coluna.

Palpites da Semana 1 da NFL

(Time da casa em caixa alta)

Panthers sobre BRONCOS
Panthers (-3) sobre BRONCOS

A primeira aposta da semana já é uma que eu faço com bastante desconforto. A defesa do Broncos já mostrou ser capaz de carregar um QB medíocre mesmo contra os melhores adversários… especialmente o Panthers, como vimos no último Super Bowl. Carolina vem de uma ressaca depois da derrota no Super Bowl, perdeu um dos seus principais jogadores em Josh Norman, pode começar o ano com dois cornerbacks calouros no time titular, e parece um forte candidato a alguma regressão depois de um 2015 onde simplesmente tudo deu certo. E, sempre importante, o jogo é em Denver.

Ao mesmo tempo, Danny Travathan e Malik Jackson — duas peças chave dessa defesa em 2015 — não estão mais no elenco esse ano, e embora Peyton Manning não fosse em 2015 nem de longe o Hall of Famer do seu auge ainda existe uma grande mudança (tanto de habilidades como em termos de playbook) na transição de Manning para Trevor Siemian. O foco do time deve ser mais mais forte no jogo terrestre essa temporada e, embora Denver tenha ajustado esse foco ao longo de 2015 conforme CJ Anderson foi ganhando fôlego e Manning foi perdendo, ainda é comum você ter um período de ajuste depois de uma mudança tão drástica. Existe um grande número de incertezas em Denver nesse começo de temporada, ainda mais quando enfrenta um time tão forte quanto o Panthers.

No final, se resumiu a isso: eu ainda não consigo apostar em Trevor Siemian. Não que eu desgoste do garoto, eu até gostei do muito pouco que vi dele entre College e preseason e apostei nele pra ganhar a vaga de titular, mas é muito difícil confiar em um jogador que jogou na NFL apenas UM snap (que foi um kneel) e que vai enfrentar logo de cara uma das mais dominantes e assustadores linhas de frente da liga. Estarei atentamente observando Siemian para ter uma ideia mais precisa do que esperar do QB, mas por enquanto, vou ficar no seguro.

FALCONS sobre Bucs
FALCONS (-3) sobre Bucs

Em apostas spread, -3 é a diferença que Vegas normalmente da a um time que joga em casa. Em outras palavras, todo o spread a favor do Falcons vem do fator casa, Vegas ve Bucs e Falcons como times equiparados.

Como de costume, Vegas parece estar certa. Ainda assim, minha fé no Falcons é um pouco maior: Matt Ryan ainda é um excelente QB (66.1% e 7.5 Y/A, ou jardas por passe, em 2015), Julio Jones é um dos três melhores WRs do mundo, e o núcleo do Falcons está junto faz mais tempo. Sua grande fraqueza é a defesa, que só conta com um talento de elite em Desmond Trufant, e isso tem limitado consideravelmente o time nos últimos anos, mas é uma equipe com grande poder de fogo.

Já o Bucs é uma equipe jovem com talentos em ascensão: Jameis Winston mostrou promessa como calouro, Mike Evans também está em seu terceiro ano, e Doug Martin finalmente voltou à boa forma que mostrou como calouro. A defesa é irregular mas talentosa, com talentos como Gerald McCoy e Lavonte David, e se reforçou com Vernon Hargreaves III, entre outros. Em termos de talento, o Bucs possivelmente iguala ou até supera o Falcons.

Mas na NFL talento não é igual a produção. O Bucs está dependendo de um encaixe do seu núcleo jovem e da evolução da garotada, mas isso as vezes demora mais do que o esperado. O Falcons é um time mediano, mas que já vem junto a mais tempo, e portanto tem um piso maior. Jogando em casa, é do que eu preciso na primeira rodada da temporada.

RAVENS sobre Bills
RAVENS (-3) sobre Bills

Está vendo esses spreads baixos, de 3 pontos apenas? Acontece exatamente pelo motivo que você imagina: é apenas a primeira rodada, e Vegas não tem informações suficientes sobre os times para tirar conclusões mais confiáveis sobre o quão bom cada time é.

Nenhum desses dois times também é do tipo muito chamativo. O Ravens vem de um 2015 péssimo devido muito por conta de lesões, e um pouco mais de saúde pode devolver Baltimore à briga pelos playoffs onde muitos (eu!) achavam que estariam um ano atrás. Por outro lado, o time perdeu bastante talento na linha ofensiva (em especial Kelechi Osemele), reformulou grande parte da secundária, e conta com muitos jogadores importantes(Steve Smith, Breshad Perriman, Elvis Dumervil) voltando de lesão. São incógnitas demais para, nesse momento, ter muitas certezas em relação a Baltimore. Muita variância.

Já o Bills tem meu voto para ser o time “Deveria Ter Sido Melhor” de 2016 (não, o Vikings não conta). Depois do sucesso de Tyrod Taylor em 2015, parecia que tudo que separava Buffalo de ser um time competitivo era uma boa defesa, e considerando o histórico recente da unidade, não parecia nem um sonho tão distante. Buffalo, inclusive, investiu pesado desse lado da bola no Draft… e ai tudo caiu por terra. Shaq Lawson, calouro escolhido na primeira rodada, vai perder a temporada. Reggie Ragland, escolha de segunda rodada, rompeu o ligamento do joelho. E Marcell Dareus, talvez o melhor jogador do time, foi suspenso 4 jogos por uso de substâncias ilegais. E o sonho da grande defesa do Bills estar de volta parece ter caído por terra antes da temporada começar.

São perdas grandes demais, e do lado onde o time mais investiu, para achar que seja algo fácil de se superar. Isso afeta todo o planejamento e estilo de jogo de um time. Não acho que Buffalo será péssimo, nem acho que Baltimore será ótimo, mas nesse momento o Ravens parece estar mais inteiro para começar o ano.

TEXANS sobre Bears
Bears (+6.5) sobre TEXANS

AGORA sim estamos conversando!

Essa linha me confunde um pouco. Não por estar particularmente alta, mas pelo seu comportamento. Ela abriu como Texans -4.5, o que me parece razoável para um time sólido que acabou de mudar de QB e tem seu melhor jogador voltando de uma lesão séria. Só que agora ela já está em -6.5, o que significa que muita gente estava apostando no Texans ao ponto de mover a linha quase dois pontos inteiros. Meu sensor de Aranha está apitando.

Houston será um time bom esse ano, sem dúvidas — adicionou um bom RB, tem mais profundidade entre os recebedores, e a defesa ainda tem o melhor jogador da NFL. Mas o principal argumento em relação ao Texans ser melhor esse ano — ou pelo menos evitar alguma regressão — é uma possível melhora na posição de quarterback. E eu não estou convencido de que seja o caso. Osweiller pode ser uma evolução no médio prazo — ninguém precisa me lembrar o quão ruim Hoyer foi nos playoffs — mas em termos de temporada regular o ex-QB do time teve um desempenho muito bom: 60.7%, 7.1 Y/A, 59.6 QBR, 19 TDs contra 7 picks. Mesmo se Osweiller jogar bem, não sei se jogará muito acima desse nível em 2016. O teto pode ser maior, mas não estou convencido de que o piso seja.

E receber 6.5 pontos na primeira rodada, para um time que gosta de correr com a bola, e tem um QB novo que ainda está se aclimatando… não me agrada. É o tipo de jogo de placar baixo, com controle de relógio, e um JJ Watt machucado diminui as chances de Jay Cutler cometer algum erro. O Texans vence, mas o Bears cobre o spread.

Packers sobre JAGUARS
Packers (-4.5) sobre JAGUARS

O Jaguars foi considerado um dos grandes vencedores da offseason, mas se a história da NFL nos ensina alguma coisa é que vencer a offseason raramente significa vencer dentro de campo. Jacksonville fez boas adições, mas nem sempre isso acontece como esperado. Malik Jackson é ótimo, mas vai ser capaz de causar tantos estragos agora que não tem Von Miller, DeMarcus Ware e Derek Wolfe dividindo atenção extra da linha ofensiva? Tashaun Gipson vai ser capaz de causar tanto estragos atacando a linha de scrimmage vindo de trás com a preocupação extra de cobrir as costas de uma secundária extremamente porosa (ainda que a adição de Jalen Ramsey ajude)? Não é que essas adições não funcionarão, e sim que não é uma certeza disso só por que jogaram bem em outros lugares.

A verdade é que se o Jaguars quiser dar o próximo passo essa evolução terá que vir de dentro. Especialmente de Blake Bortles. Bortles melhorou bastante em 2015 em relação ao ano de calouro, mas ainda foi um QB bem ruim: foi 30th entre 37 QBs qualificados em QBR e 25th em DVOA (apesar das 606 tentativas de passe no ano). Seus WRs estão entre os melhores da NFL e sua linha ofensiva se reforçou com Kelvin Beachum — se é para Bortles explodir, essa é a hora.

Mas do outro lado eu tenho Aaron Rodgers, dessa vez com Jordy Nelson de volta, um Eddie Lacy mais em forma, e uma defesa que discretamente terminou em 11th ano passado em DVOA. Não é segredo que estou apostando alto no Packers (ouçam o podcast dessa semana para os detalhes), mas considerando o quão ruim Jacksonville vem sendo e quão bom o Packers sempre é, essa linha me parece até baixa. Possivelmente Vegas está pegando um pouco do hype de offseason do Jags.

CHIEFS over Chargers
Chargers (+7) over CHIEFS

Como eu disse antes, estou apostando no Chargers esse ano — acho que tem tudo para ser um ótimo time se conseguir ficar mais saudável, especialmente na linha ofensiva. A secundária tem excelentes CBs, Joey Bosa e Brandon Mebane ajudarão a solidificar uma linha defensiva muito necessitada, e Rivers ainda é um dos melhores QBs da NFL. Então eu acho que eles cobrem um spread contra um Chiefs que, embora muito bom, teve suas perdas — principalmente Sean Smith, que foi para Oakland, e Justin Houston, que começa o ano no departamento médico.

O problema é jogar no Arrowhead Stadium. Se eu fosse fazer uma lista de piores lugares pra se jogar na NFL como visitante, o Arrowhead Stadium e o CenturyLink Field seriam 1–2 em alguma ordem. É um inferno jogar lá, o barulho é ensurdecedor, e você pode ter certeza que o Chiefs vai correr com a bola pela sua garganta abaixo, explorando a falta de repetições e entrosamento de Bosa. Não consigo apostar contra o Chiefs em casa aqui (apesar do meu feeling me dizer San Diego), mas acho difícil ver Kansas City ganhando por muito.

SAINTS sobre Raiders
SAINTS (-1) sobre Raiders

Você sabia que, apesar da campanha de 14–18 nos dois últimos anos, o Saints tem o quarto melhor ataque da NFL nesse período (por DVOA)?

Isso só serve pra mostrar o quão insanamente ruim a defesa do time foi nesse período (antes que você pergunte, sim, ela foi a pior defesa da NFL em DVOA — com o DOBRO de DVOA negativo do segundo pior). Mas Rob Ryan se foi, e a defesa deve melhorar - a famosa adição por subtração — nem que seja por que não tem como ser pior. Se ela conseguir melhorar pelo menos de “atrocidade da natureza” para “apenas ruim” o ataque provavelmente já vai dar conta de tornar New Orleans um time competitivo. E considerando que o Saints, apesar de todas as falhas, TEM alguns talentos na defesa e que agora não estão mais presos às ideias loucas de Ryan eu consigo visualizar esse time jogando mais perto de um nível de playoffs esse ano.

Jogando em casa, com Drew Brees ainda jogando o fino da bola (liderou a liga em jardas em 2015 completando 68.6% dos passes), eu acho que o começo de uma temporada de redenção passa por uma vitória sobre um bom time de Oakland que, apesar de gostar de todas suas movimentações recentes, ainda me parece a um ano de realmente ser competitivo. Espero que me provem errado.

Bengals sobre JETS
Bengals (-2.5) sobre JETS

O Jets é um time de alta variância: se tudo correr bem, eles podem ser bons e brigar pelos playoffs como em 2015. Sua melhor performance consegue bater de frente com qualquer time da NFL, e quando Fitzpatrick está jogando bem e evitando erros, eles podem ser muito difíceis de se vencer jogando em casa.

A palavra chave aqui é “variância” — eles nem sempre conseguem jogar bem assim, e seu piso é relativamente baixo. Fitzpatrick teve um bom 2015, mas veio de anos medíocres, e a defesa está lidando desde cedo com lesões e suspensões.

O Bengals é o completo oposto, um time muito confiável, consistente, e que as vezes parece irritar pois nunca tem aquele nível acima guardado para quando importa (a percepção, não necessariamente a realidade). Mas se você está procurando aquele time que te garante boas atuações, vencer os jogos que é favorito, cometer poucos erros e dominar a temporada regular, o Bengals é uma boa aposta. A primeira rodada da NFL costuma ser meio louca e cheia de variância, então prefiro apostar no time que preza pela consistência do que no time que preza pela falta dela.

EAGLES sobre Browns
EAGLES (-4) sobre Browns

Eu tenho uma coluna inteira sobre o Browns vindo ai, então vou guardar meus pensamentos por enquanto. Saiba apenas que eles não pretendem muito vencer esse ano — não a toa eles mandaram metade do time embora em troca de escolhas de Drafts.

Sobre o Eagles a grande questão é a estréia de Carson Wentz muito antes do que se esperava. Wentz é talentoso, apenas parecia bastante cru para o jogo de NFL, e acabou herdando a vaga de QB depois da troca de Bradford. Vendo de fora, não me parece uma boa decisão — era melhor deixar o garoto aprendendo sem pressão — mas a NFC East está totalmente aberta, e os técnicos do time acompanham Wentz bem mais de perto que eu. Wentz é uma incógnita, mas o Eagles tem time suficiente pra passar o carro em cima do Browns nesse começo de temporada.

Vikings sobre TITANS
Vikings (-2) sobre TITANS

Se o Vikings acabou de cometer a insanidade de mandar uma escolha de primeira rodada E uma escolha de quarta rodada para o Eagles por Sam Bradford, só pode ser por que os cartolas de Minny acreditam que, com forte defesa e um jogo terrestre de elite, o time pode ir longe desde que tenha um QB que faça o básico e limite os erros.

Se é o caso, esse é exatamente o jogo que Minnesota tem que vencer: contra um time jovem e em reconstrução, que teve a pior campanha de 2015, com um QB segundanista que perdeu a maior parte do ano de calouro. O Vikings vai alimentar ao máximo Adrian Peterson (defesa do Titans foi apenas a 24th melhor contra o jogo terrestre em 2015) e confiar que sua defesa pode forçar erros contra Mariota, e provavelmente é esse o segredo para o time sem Teddy Bridgewater. Shaun Hill não é tão ruim quanto as pessoas parecem achar e deve ser capaz de fazer o básico contra um time do Titans que ainda está começando a descobrir quem é.

SEAHAWKS sobre Dolphins
SEAHAWKS (-7.5) sobre Dolphins

Acho que eu sou uma das pessoas que mais acredita em Seattle esse ano. A defesa ainda será fantástica, Thomas Rawls estará de volta, os WRs do time parecem finalmente estar dando o próximo passo (especialmente o empolgante segundanista Tyler Lockett), e Russell Wilson mostrou em 2015 estar pronto para assumir as rédeas do ataque.

E embora esse spread de 7.5 assuste à primeira vista, é contra minhas regras apostar contra o Seahawks jogando em casa enfrentando um time tão medíocre como o Dolphins. Se tem algo que me assusta é que Seattle costuma começar a temporada devagar, e pegar o ritmo ao longo do ano. Mas eu não confio em nada nesse time de Miami.

GIANTS sobre Cowboys
GIANTS (EVEN) sobre Cowboys

Esse (EVEN) significa que esse jogo não tem spread, ou seja, você aposta simplesmente no vencedor.

Olha, eu gosto de Dak Prescott. Gostava antes do Draft, gostei da escolha, a pré-temporada foi fantástica… e eu sei que isso é chato de ouvir, mas a gente não pode se deixar levar pela preseason. O histórico de QBs calouros de quarta rodada como titulares da NFL é desastroso, e não sem motivo. Prescott se saiu muito bem jogando contra mistões e reservas, executando jogadas mais simples, e apesar dos lançamentos bonitos você consegue enxergar os problemas: alguma lentidão nas progressões, hesitação na tomada de decisões e bolas forçadas (teve duas interceptações que a defesa deixou cair), principalmente. No ritmo mais lento da preseason, isso não tem tanto problema, mas é uma diferença enorme quando a velocidade de verdade da NFL toma conta.

Além disso, times na pré-temporada raramente usam blitz ou enviam pressão extra atrás do QB, o que é de longe o fator mais crítico para QBs calouros. Lidar com a pressão é um bicho totalmente diferente no profissional, e existe uma diferença mastodôntica entre ser um QB com pressão e sem pressão. Existe um motivo para jogadores como JaMarcus Russell e Bortles terem feito grandes preseasons e despencado quando os jogos de verdade começaram.

Claro, futebol americano não é feito de certezas. Pode ser que Prescott seja o novo Russell Wilson. Mas se aprendemos alguma coisa com a história é que tirar conclusões tão cedo geralmente é um erro.

O que o Cowboys deve tentar fazer com Dak no comando será a tática do Vikings (leia acima) ou do Niners de Alex Smith: ganhar o jogo correndo com a bola e na defesa. Correr com a bola não será problema — Dallas tem a melhor linha ofensiva do jogo e um excelente RB calouro. Mas a parte da defesa vai ser um problema: Dallas já teve uma defesa fraca em 2015 (19th em DVOA) e que agora estará sem seus TRÊS melhores pass rushers, todos suspensos por pelo menos 4 jogos.

Por outro lado, estou apostando que o Giants terá um bom ano. McAdoo vai continuar dando vida a esse ataque que tem mostrado melhoras recentes, e embora eu não tenha gostado das loucuras de compras do Giants elas devem pelo menos ajudar uma defesa que foi a terceira pior de 2015. A NFC East pode ser a divisão mais fraca da NFL, e o Giants parece o melhor time agora. E eles devem saber que vencer esse jogo em Dallas, sem Tony Romo, é crucial para ir aos playoffs.

COLTS sobre Lions
COLTS (-4) sobre Lions

É difícil saber o que esperar do Lions esse ano, mas medíocridade deve ser um bom lugar para começar. O time tem coisas boas, mas não tem nenhuma grande força. Vai ser interessante ver esse ataque se remontar sem Megatron atrás de — ou pelo menos é o que eu espero — um jogo baseado em mais passes curtos e jardas após a recepção, mas não sei se podemos esperar algo muito grande de Detroit essa temporada.

Já o Colts é um daqueles times de alta variância, uma franquia com a diretoria mais incompetente da NFL (Browns mudou esse ano!) mas que teve três ótimos anos sob o comando do ótimo Andrew Luck antes de tudo ir pro inferno em 2015. A linha ofensiva foi um desastre, Luck machucou, e a campanha de 8–8 esconde o que na verdade foi um time bem pior.

E os defeitos do time ainda estão presentes, em especial a linha ofensiva. Isso limita o teto do time, e faz com que seja justo levantar questões sobre se 2015 não foi a realidade do Colts depois de tanto tempo de incompetência no seu comando. Mas eu acredito em Andrew Luck. Se ficar saudável, nosso general confederado favorito deve ser capaz de pelo menos devolver o Colts a um patamar de brigar pelos playoffs. Seus WRs são bons, e a adição de Ryan Kelly pode ajudar bastante a linha ofensiva, maior fraqueza. A defesa vai continuar ruim, mas um ano inteiro saudável de Henry Anderson e a chegada de Patrick Robinson devem ajudar. Sim, ainda é pouca mudança, mas são passos na direção certa, e já vimos o Colts indo bem antes com um elenco medíocre nas costas de seu Franchise QB. É justo — e sensato — ter um pé atrás com o Colts esse ano, mas Luck é bom demais para ter dois anos horríveis em sequência.

CARDINALS sobre Patriots
CARDINALS (-6)sobre Patriots

Eu geralmente detesto apostar contra o Patriots, mas não vejo saída aqui. Com Tom Brady suspenso, o Patriots tem que atravessar o país e enfrentar um time fortíssimo que é o Arizona Cardinals fora de casa, confiando em Jimmy Garopollo para carregar o piano com um jogo terrestre (para dizer o mínimo) muito suspeito (o ataque terrestre foi bom durante parte do ano passado, mas despencou na reta final da temporada 2015) e uma linha ofensiva bastante devastada. E, para piorar, o time vai ter que lidar com problemas na defesa: Rob Ninkovich, um dos defensores mais subestimados da NFL, foi suspenso quatro jogos por uso de substâncias ilegais, uma ausência muito significante que acabou ficando esquecida em meio à novela Tom Brady.

No final das contas, jogando com um QB tão inexperiente como Garopollo, com um jogo terrestre bastante suspeito, com uma defesa decente mas que está sem dois dos seus melhores jogadores de 2015 (Ninkovich e Chandler Jones), fora de casa, e contra um dos melhores times da NFL… é um pouco demais, mesmo para o Patriots.

Steelers sobre REDSKINS
Steelers (-3) sobre REDSKINS

Devido às suspensões e lesões do time (mais notavelmente LeVeon Bell) eu espero um começo lento de ano para o Steelers — o tipo que começa devagar e vai subindo ao longo da temporada, mas só atinge seu melhor futebol americano lá pra semana 11.

Ainda assim, o Steelers tem Big Ben e Antonio Brown, e eu não estou muito confiante no time de Washington esse ano. A defesa é fraca, e Washington não fez nada pra melhorar um jogo terrestre que foi o pior disparado da liga em DVOA em 2015.

Sua fé (ou falta dela) no Redskins esse ano depende de um único ponto: o quanto você confia em Kirk Cousins para repetir a performance da segunda metade da temporada 2015, quando foi absolutamente fantástico?

A minha resposta é “não muito”. A sequência final de 8 jogos do Cousins foi realmente impressionante: 73.6%, 9.4 Y/A, 19 TDs e 2 INTs, 124,5 Rating… quase bons demais, não? Embora isso obviamente requeira alguma habilidade por trás, me parece mais uma anomalia estatística causada por uma amostra muito pequena (235 passes). Compare isso com os primeiros 8 jogos de Cousins: 66.8%, mas 6.3 Y/A, 10 TDs contra 9 interceptações, e um rating de 82.6. Bem diferente, certo? No fundo, a verdade é que temos uma amostra de 715 passes até o meio do ano passado que nos dizem que Cousins é um QB abaixo da média da NFL, e uma amostra de 235 passes que nos dizem que ele é Jesus. Claro que os jogadores evoluem ao longo do tempo, mas não quero tirar uma conclusão de uma amostra tão pequena, quando tenho uma muito maior e mais significante me dizendo o contrário. Então sim, eu estou cético. E me arrisco a dizer que o Redskins também, como indicaram nas ofertas de contrato que fizeram a Cousins.

Então a verdade é que eu não estou tão confiante em Cousins. E, por tabela, com o Redskins.

49ERS sobre Rams
49ERS(+2.5) sobre Rams

Essa me parece muito a pegadinha da semana. O Rams é favorito fora de casa, em uma linha que já moveu 1.5 pontos, em um Monday Night, com Case Keenum de QB titular?

Um ponto rápido totalmente não-clubista: a gente tem certeza que o Niners é tão ruim assim? Por que, no papel, ele deve ser melhor do que você imagina. A linha de frente tem bastante talento com Arik Armstead (15th pick do último Draft), DeForrest Buckner (#7 desse ano), Glenn Dorsey, Ahmad Brooks, Tank Carradine e o underrated e ótimo Aaron Lynch (suspenso 4 jogos, mas enfim). NaVorro Bowman, depois de uma temporada boa mas irregular voltando de lesão em 2015, deve ter um ano melhor ainda em 2016 e voltar a ser um dos melhores linebackers da liga. Os safetys são dois ex-Pro Bowlers, Antoine Bethea e Eric Reid, que são bons jogadores quando saudáveis. Cornerback é a única grande interrogação dessa defesa, mas pelo menos tem bastante profundidade. Talvez falte talentos de elite, mas é uma defesa com boas opções em quase todas as posições.

Ofensivamente a linha ofensiva também deve melhorar bastante com as adições de Zane Beadles e Joshua Garnett, a evolução de Trent Brown e a volta de Anthony Davis — até por que pior que ano passado é difícil. Carlos Hyde saudável é um RB muito bom, e um ótimo encaixe no esquema de Chip Kelly. QB e WR são a grande interrogação e o grande fraco da equipe, sem dúvida… mas Kelly não fez exatamente sua fama de gênio ofensivo tirando o máximo de QBs medíocres como Nick Foles, Mark Sanchez, Michael Vick e Sam Bradford e montando grandes ataques aéreos em cima de muito pouco? Por que não poderia fazer o mesmo em 2016?

Isso significa que o Niners vai ser bom em 2016? Claro que não. Eles ainda serão fracos. Meu ponto é só que tem várias opções viáveis sobre como o time pode melhorar em relação a 2015 para você acreditar que talvez tenha mais aqui do que parece à primeira vista.

E abrindo a temporada em casa contra um time do Rams que tem um ataque muito fraco, Case Keenum de QB, e uma defesa reconhecidamente boa mas que acabou de perder três titulares… me parece um bom cenário para San Francisco mostrar alguma força essa temporada. Talvez falsa. Mas enfim.

Record 2016: 0–0
Record 2016 (Spread): 0–0

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Blog brasileiro sobre esportes americanos. Economista de formação. Sabermetrista por paixão. Opiniões pra toda ocasião. Irritante. Às vezes sai algo que presta.