Reavaliando as escolhas de primeira rodada do Draft de 2018 — Parte 1

Guilherme Beltrão
ZONA FA
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9 min readMar 25, 2019

Depois de uma temporada completa, será que as notas dadas no dia da escolha permanecem?

Chegamos ao fim da temporada de 2018 da NFL e o Draft de 2019 está batendo na porta. Depois de mais um ciclo encerrado, nada mais justo que voltarmos até esse post aqui e reavaliarmos as escolhas das franquias. Será que eu errei muito feio na avaliação das escolhas de primeira rodada? Vamos descobrir agora.

1 — Cleveland Browns — Baker Mayfield, QB, Oklahoma

Nota inicial: B

Já começamos bem. A nota B não foi pelo jogador em si, já que sou fã de Baker Mayfield, mas porque não o tinha como QB1 no meu board. Foi um erro. Baker Mayfield foi o melhor QB calouro disparado, liderando o Browns a 7 vitórias e ainda por cima quebrando o recorde de Peyton Manning, com 27 TDs lançados em sua temporada de estreia. Ele é o cara e o futuro é promissor em Cleveland.

Nota final: A+

2 — New York Giants — Saquon Barkley, RB, Penn State

Nota inicial: C+

Um caso muito parecido com o de Baker Mayfield. Saquon Barkley é um talento que não vai surgir tão cedo novamente na NFL (se é que vai aparecer de novo alguma vez), mas ainda sim achava que o Giants tinha prioridades maiores para atacar no Draft. E a péssima temporada de NY confirmou isso. Contudo, sua brilhante campanha de calouro, que inclusive rendeu o prêmio de novato ofensivo do ano, foi um dos poucos motivos que o torcedor do Giants teve para sorrir em 2018. Saquon Barkley já é uma estrela na NFL.

Nota final: B+

3 — New York Jets — Sam Darnold, QB, USC

Nota inicial: B+

O primeiro jogo de Sam Darnold ajudou a explicar o que foi a temporada dele: uma montanha russa. Começou com uma pick six em seu primeiro passe e terminou com uma vitória maiúscula sobre o Lions fora de casa. No ano, também tivemos altos e baixos. Algumas lesões atrapalharam o desenvolvimento do calouro, que sofreu com interceptações (17) e conseguiu apenas quatro vitórias. Apesar disso, do pouco material humano que ele tinha para trabalhar e da bagunça que o Jets se encontrava, pudemos ver muito potencial em Darnold. Ainda acredito que ele possa ser o Franchise QB de Nova Iorque. Como ele era meu QB1 no Draft (em potencial, não em estar mais pronto), deixou um pouco a desejar.

Nota final: C+

4 — Cleveland Browns — Denzel Ward, CB, Ohio State

Nota incial: B-

Não vou negar. Quando o Browns escolheu Denzel Ward ao invés de Bradley Chubb eu fiquei um pouco decepcionado. Não pelo CB, que eu curtia, mas sim porque ao meu ver o DE era uma escolha melhor. Mas Cleveland sabia exatamente o que estava fazendo. Ward teve uma sólida temporada de rookie, que começou da melhor forma, com uma performance dominante contra o Steelers. Ele terminou na conversa pelo prêmio de Defensive Rookie of The Year e se provou uma baita adição à defesa do Browns.

Nota final: B+

5 — Denver Broncos — Bradley Chubb, DE, N.C State

Nota inicial: A+

Aqui não tem muito mistério. Na época, minha nota foi A+ porque Chubb para mim era o melhor defensor da classe e o Broncos não se mexeu para escolhê-lo. Vendo sua produtividade na temporada de calouro (12 sacks, 2 fumbles forçados), fica fácil avaliá-lo. Essa dupla Von Miller/Bradley Chubb vai ser dominante por anos!

Nota final: A+

6 — Indianapolis Colts — Quenton Nelson, G, Notre Dame

Nota inicial: B

Quenton Nelson é um jogador A+. Um talento incrível, que não vemos quase nunca na NFL. Mas não recebeu uma nota maior na minha análise mais ou menos pelo mesmo motivo do Saquon Barkley. O Colts, ao meu ver, tinha outras prioridades.

Porém, depois da impressionante temporada de estreia do Guard, fica difícil não se render a ele. Indianapolis foi a franquia que menos cedeu sacks na temporada regular, Andrew Luck teve um ano fantástico, o Colts chegou nos playoffs e ainda venceu um jogo! Nelson foi parte fundamental desse sucesso.

Nota final: A+

7 — Buffalo Bills — Josh Allen, QB, Wyoming

Nota inicial: C+

Essa é difícil…

A temporada de Josh Allen não foi boa. Mas também não foi um desastre, como eu acreditava que seria. O calouro teve um início complicado, sobretudo na pré-temporada, onde claramente não estava pronto para ser titular na NFL. Tanto que começou o ano na reserva de Nathan Peterman (saudades), mas depois de mais uma coleção de atuações catastróficas, foi nomeado titular. E nada melhor para um QB jovem evoluir do que tempo de jogo, não é?

Josh Allen teve uma lesão no cotovelo que o tirou de quatro jogos, e sejamos sinceros, ele estava bem mal até aquele ponto. Seus únicos bons momentos eram correndo com a bola, além de uma impressionante vitória contra o Vikings em Minnesota. Depois que voltou, na semana 12, parecia outro jogador. Ainda sim, precisa percorrer um longo caminho se quiser justificar a subida do Bills no Draft por ele. Mas já mostrou flashes de que pode chegar lá.

Nota final: C

8 — Chicago Bears — Roquan Smith, LB, Georgia

Nota inicial: A

O início de temporada de Roquan Smith foi meio conturbado. Além de problemas contratuais com o Bears, o calouro ainda teve uma lesão muscular na coxa, e só ficou disponível pra valer depois da semana 5.

Acontece que depois desses problemas, Roquan Smith só trouxe alegrias para Chicago. O linebacker teve uma sólida temporada de estreia, sendo uma peça importante de uma das melhores defesas da liga no ano. Ele terminou 2018 com 122 tackles, 5 sacks e uma interceptação, deixando os torcedores animados com o seu futuro na franquia.

Nota final: A

9 — San Francisco 49ers — Mike McGlinchey, T, Notre Dame

Nota inicial: C+

A expectativa era alta em McGlinchey. O 49ers escolheu o Tackle no Draft e imediatamente trocou Trent Brown para o Patriots, praticamente assegurando sua titularidade na Califórnia. E valeu a pena. Na época, não gostei da escolha por acreditar que o 49ers podia ter investido em outra posição, mas a verdade é que McGlinchey se tornou uma peça fundamental do ataque de San Francisco.

Com profissionalismo e maturidade acima da média, o jovem jogador rapidamente conquistou a moral e o respeito dos veteranos da equipe e foi titular em todos os 16 jogos do time. E ainda teve uma tabela ingrata, enfrentando Khalil Mack, Von Miller e Aaron Donald (duas vezes). Baita escolha do Niners.

Nota final: B+

10 — Arizona Cardinals — Josh Rosen, QB, UCLA

Nota inicial: A+

A primeira impressão ao olhar a nota inicial e o que Josh Rosen entregou no seu ano de calouro é um pouco intimidadora. Desde que assumiu a posição de Sam Bradford, foram 3 vitórias em 13 jogos como titular. Seu rating foi de 66.4, 33º pior da NFL, 11 touchdowns e 14 interceptações. Péssimo, né.

Mas algumas coisas precisam ser consideradas para avaliarmos com mais precisão a temporada de estreia do menino de UCLA. O Cardinals terminou o ano com o pior ataque da NFL em jardas totais e não houve nenhum time que tenha chegado perto. Foram 776 a menos que o penúltimo (Miami Dolphins). Rosen também foi sackado 45 vezes, a segunda pior marca da liga, atrás apenas do Texans. Além disso, o Cardinals trocou de coordenador ofensivo no meio da temporada. Com essa bagunça que estava Arizona em 2018, dá para aliviar um pouco nas críticas ao jovem QB.

Agora com Kliff Kingsbury, uma mente jovem e voltada ao ataque, a esperança é de que Rosen justifique a escolha alta feita nele. Se é que vamos vê-lo vestindo o uniforme do time do deserto, né…

Nota final: C+

11 — Miami Dolphins — Minkah Fitzpatrick, S, Alabama

Nota inicial: B+

Minkah Fitzpatrick era um dos jogadores mais badalados da última classe do Draft. Conhecido por ser um dos atletas preferidos de Nick Saban, técnico de Alabama, o Safety ter caído para a 11ª escolha foi uma surpresa agradável para Miami.

Na sua temporada de estreia, Fitzpatrick não teve o impacto que se esperava inicialmente, mas não dá pra classificar como ruim. Sua durabilidade (foi o terceiro jogador de defesa do Dolphins que mais atuou) e sua versatilidade chamaram a atenção. Minkah jogou de nickel, slot corner e até mesmo de outside cornerback, com a lesão de Xavien Howard, além, é claro, de safety. Virou peça importante da defesa de Miami.

Nota final: B+

12 — Tampa Bay Buccaneers — Vita Vea, DT, Washington

Nota inicial: B

A temporada de calouro de Vita Vea ficou por muito tempo ameaçada de nem acontecer, por conta de uma lesão na panturrilha. Ele perdeu todo o training camp e os três primeiros jogos da temporada regular. Passado o susto da lesão na preseason, Vea demorou um pouco para causar impacto na defesa de Tampa, com três tackles e um sack em oito jogos. Depois disso, assumiu a titularidade e sua produção aumentou consideravelmente, rendendo ao DT a nomeação ao All-Rookie Defensive Team do Pro Football Focus. Apesar do início meio conturbado, Vita Vea deixou uma boa impressão no final.

Nota final: B

13 — Washington Redskins — Da’Ron Payne, DT, Alabama

Nota inicial: B+

A ideia inicial era que o Redskins escolhesse Vita Vea nessa altura no Draft, mas o DT foi escolhido uma pick antes e frustrou o front office de Washington.

Da’Ron Payne foi um baita prêmio de consolação. Sua chegada foi para ajudar a defesa contra o jogo corrido, e ele cumpriu seu papel. Payne foi uma força no miolo da DL e ajudou o Redskins a segurar, por exemplo, Ezekiel Elliott, Christian McCaffrey e Saquon Barkley a 91 jardas combinadas em uma sequência de três jogos.

Nota final: B+

14 — New Orleans Saints — Marcus Davenport, DE, UTSA

Nota inicial: D

A primeira nota muito baixa das escolhas de primeira rodada do Draft. Marcus Davenport, como prospecto, tinha muito potencial, mas pelas suas capacidades atléticas, e não por sua técnica. Além disso, New Orleans ainda subiu para escolhê-lo, daí a nota D na sua escolha.

A análise quase unânime da temporada de Marcus Davenport foi de um início promissor, onde o jovem DE melhorava a cada performance, e uma queda de produção no final. Ele perdeu 3 jogos entre as semanas 12 e 14 e voltou para o fim da temporada e playoffs.

Depois da derrota para o Rams na final de conferência, ele tuitou que jogou o final do ano com uma lesão no dedão que deveria ter encerrado sua temporada, ajudando a entender sua queda de produtividade. Enquanto saudável, Davenport teve uma boa produção e contribuiu para a defesa de Nova Orleans. Ainda não justificou o investimento, mas seria injusto cobrar isso dele em apenas um ano.

Nota final: B-

15 — Oakland Raiders — Kolton Miller, T, UCLA

Nota inicial: C-

Kolton Miller tinha nota de terceira rodada de acordo com os amigos do On The Clock BR. O Raiders resolveu escolhê-lo na primeira rodada e o calouro ainda foi titular desde a semana um. Resultado: Miller foi o jogador de linha ofensiva que mais cedeu sacks e pressões na temporada regular.

Lógico, o contexto precisa ser analisado. O Raiders era uma bagunça como time, ele jogou machucado boa parte da temporada e começou como titular desde a semana 1, algo que não deveria ter acontecido.

Mesmo assim, achei uma das piores escolhas do primeiro round. Miller ainda pode se tornar um jogador titular de OL, mas ainda não é esse atleta. Com a chegada de Trent Brown para a posição de LT, Miller deve ir para RT. Era esse o projeto que o Raiders tinha para ele?

Nota final: D

16 — Buffalo Bills — Tremaine Edmunds, LB, Virginia Tech

Nota inicial: B

A nota dessa escolha só não foi mais alta porque Edmunds é um projeto. Tanto que ele foi um dos mais jovens jogadores a começar um jogo na história da liga, com apenas 20 anos. E sua inexperiência ficou evidente no início da temporada, com atuações abaixo da média e jogos onde ficou exposto, sobretudo contra o Chargers na semana 2.

Porém, sua evolução foi notória. E Edmunds fechou a temporada regular de maneira impressionante, inclusive vencendo o prêmio de Calouro Defensivo de Dezembro. O Bills fez uma escolha pensando no futuro e Tremaine Edmunds tem tudo para ser o cara dessa defesa pelos próximos anos.

Nota final: B+

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Guilherme Beltrão
ZONA FA

Trabalhei como produtor e coordenador da NFL no Esporte Interativo. Hoje colaboro no Zona F.A, no @BoltsBrasil e no College Football Brasil.