Conselhos para quem joga búzios

Reflexões sobre o oráculo

Eduardo T’Ògún
Eduardo T’Ògún
2 min readFeb 21, 2017

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•Olhador também é uma das denominações para quem joga búzios. É o intermediário entre o plano visível e o invisível.
•Tudo que for dito na mesa de jogo é estritamente confidencial. O olhador deve fazer o voto do segredo, sob pena de ferir um dos princípios básicos do jogo.
•Ter o bom senso de dar certos tipos de mensagens para não preocupar a cabeça do cliente. Mensagens trágicas devem ser bem dosadas.
•Uma mesa costuma ser frequentada por clientes iniciados, feitos no santo, que desejam algumas confirmações. Nesses casos agem como pombos-correio, ou seja, trazem e levam informações, daí o cuidado do que se fala. •Fuja às críticas e não alimente choques de interpretações.
•A cobrança é um critério pessoal. Não se negar, porém, em atender pessoas desesperadas e sem disponibilidade financeira.
•O cliente tem que sair melhor e mais aliviado do que entrou.
•Evite jogar sob a luz elétrica e após as 18h. Há o costume de não jogar as sextas-feiras, dia de Oxalá.
•Os búzios são pequenos, mas o que foi feito em cima deles é grande. Prepare bem o jogo.
•Não jogar por brincadeira ou curiosidade. Se sair um ebó e ele não for feito, isso trará problemas.
•Tenha um caderno para anotar o nome da pessoa, data de nascimento, data da consulta, as caídas e ebó. Quando o cliente voltar, saberá o que ocorreu antes.
•Nenhum Odú pode ou deve ser despachado ou assentado. Sua função é trazer orientações, conselhos e indicações.
•Foi Orumilá que consagrou os 16 búzios como oráculo para Oxum, com quem ele convivia. Por isso é que são usados tanto por mulheres como por homens.
•Um bom olhador tem que ter o dom do jogo e um conhecimento razoável dos 16 odú, seus desmembramentos e significados, aspectos positivo e negativo, os orixás, o enredo que possuem entre si e a elaboração de oferendas.
•Não se acanhe em pedir ao cliente que vá confirmar em outra mesa os casos de grande responsabilidade, como nome do orixá, do odú ou problemas de santo. Os grandes olhadores agiam dessa forma antigamente.
•Diante de uma decisão a ser tomada, não se influenciar pela vontade pessoal. Obedeça às determinações do jogo.
•O jogo diz se a pessoa tem o dinheiro para pagar ou não a consulta que está sendo feita. Não adianta dar lista de compra de produtos quando não há condições de compra. Crie um critério de ajuda.
•Quando não estiver em condições plenas de jogar, não insista. Cuide-se com banhos e obrigações, pois a sua carga é grande. Considere que quem joga e orienta se torna uma barreira às pretensões de forças negativas, e, como tal, deve se resguardar para que o efeito neutralizado não se volte contra você.

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Eduardo T’Ògún
Eduardo T’Ògún

Iniciado no Candomblé há mais de 30 anos, estudioso do Culto Egungun, geminiano, inquieto e estabanado.