É de mais querer?

Objetivos, amor e fusca azul

Joab Freire
canhenho
2 min readNov 22, 2018

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Campina Grande, 21 de novembro de 2018

É de mais — me diga — pedir a Deus, ou ao que tiver lá em cima, um pouco de paz? Uma forma de poder deitar a cabeça no travesseiro e poder sorrir às vezes — mas só às vezes. Não, este não será um texto triste para três trigos tigres — perdão, não resisti — , mas outro de otimismo e talvez de auto-ajuda — para mim.

Quando levamos em consideração o livre-arbítrio, pouca gente se dá conta do quão devoluto ele pode ser se passarmos a contar com a liberdade concedida a todos os outros. É tanta gente gozando do mesmo direito que ninguém o tem de verdade e ficamos sempre a mercê disso, que uns mais crentes chamam destino e os mais céticos de acaso. Mas, quem independe dos dois porque segredo de viver estar no querer.

Querer nunca é de mais. Nunca. Desde uma companhia que “lhe sirva toda a vida”, um alguém só pra papear numa rede social e trocar figuras de pombo ou pássaro, a depender do lugar; ou — até — combinar mil e uma viagens para mil e um lugares com barraca, mochila e um fusca azul. Da para querer tudo isso também, mas aí, amigo, se der certo, os crentes e céticos vão chamar de sorte, fortuna, milagre — eu gosto de pensar em chamar de amor um dia, quem sabe, mas eu diria que é muito cedo.

Às vezes, o mecanismo que cruzam pessoas com quereres e liberdades distintas, podem se chocar na realidade de ambos.

A liberdade, o querer, o destino e a realidade não cabem num fusca azul (Foto: Ana Cláudia Araújo / @anaa_araujo7)

O que torna viver doloroso é quando nem um nem outro estão dispostos a abrir mão de seus quereres.

E o que a liberdade tem com o querer? Tem, que às vezes, o mecanismo — agora fodam-se crentes e céticos — que cruzam pessoas com quereres e liberdades distintas, podem se chocar na realidade de ambos. Pode um querer ter o mundo nas mãos, pode o outro querer ser o mundo outro, pode o mundo nem ser relevante, apenas um cama, um som e boas risadas…

O que torna viver doloroso é quando nem um nem outro estão dispostos a abrir mão de seus quereres ou quererem querer junto com o outro.

A grande sacada é, portanto, que a liberdade, o querer, o destino e a realidade não cabem num fusca azul. (Silêncio dramático).

Se este texto pareceu triste, saiba que o escrevi pensando em três pessoas específicas por contextos completamente diferentes, onde infelizmente apenas uma me diz respeito e no caso, sou eu mesmo.

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Joab Freire
canhenho

Distribuidor de versos, prestador de atenção, contador de histórias, arteiro e buliçoso. Estuda jornalismo, pesquisa cultura e atua imprensa da PB desde 2010.