Crônica de Natal

Luzes, sorrisos e amor

Joab Freire
canhenho
3 min readDec 17, 2018

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Campina Grande, 17 de dezembro de 2018

Natal é sempre a mesma coisa. As pessoas parecem que acumulam toda a felicidade pra distribuir nessa época. É um período que, para além, da ordem capitalista de novo/velho, as pessoas estão sempre mais propensas a sorrir. Ontem Campina Grande estava mais bonita e isto pouco tinha relação com a árvore gigante à beira do Açude Velho que volta e meia entrava um cidadão por uma porta secreta que havia atrás e que me fez voltar a inocência de imaginar que fosse uma passagem pro Pólo Norte e o sujeito fosse um funcionário do Papai Noel — claro que era só alguém da manutenção pago pela prefeitura — e claro que quem me disse isso foi minha infeliz consciência de adulto e chato.

Árvore gigante à beira do Açude Velho em Campina Grande. (Foto: Joab Freire / Anacrônica)

É um período que, para além, da ordem capitalista de novo/velho, as pessoas estão sempre mais propensas a sorrir.

E nem tinha Papai Noel lá, na verdade tinha um distribuindo panfletos de autoescola, — e aí a gente se volta para tal ordem capitalista que faz um panfleteiro vender cursos de direção vestido de bom velhinho em pleno Natal, logo ele que prefere trenó com renas — , eu recebi dois panfletos por educação, mas a propaganda não me convenceu não.

E também não eram as luzes, que tornava a cidade mais linda na noite de ontem, nem o show do colega Jataí Albuquerque cantando sucessos da MPB e arrancando aplausos com seus discursos de good vibes. Nem foi o concerto da Filarmônica da Universidade, nem o Coral da Catedral, nem mesmo o açude todo iluminado com aquele led azul que o circunda dando a dimensão do principal cartão postal da Rainha da Borborema.

Um amor tão grande e bonito que na minha cabeça todo mundo estava me olhando e rindo com ela junto de mim.

Então, ontem o que me fez ver um arco-iris em plena noite de lua crescente — que, de acordo com um site estava 65% por cento visível, e no dia anterior 50%: que eles chamam de primeiro quarto, não sei porque, já que só vemos uma metade, mas foda-se, parece que não tem nem relação com isso. As vezes eu me perco no meu próprio raciocínio e esqueço de como eu comecei o parágrafo, por que eu escrevo pensando, mas então — foi o amor.

Um arco-iris em plena noite de lua crescente. (Foto: Joab Freire/Anacrônica)

Um amor tão grande e bonito que na minha cabeça todo mundo estava me olhando e rindo com ela junto de mim — na verdade eles estavam nos olhando pois nós vestíamos gorros de Natal em plena praça pública.

Natal passa a ser para mim o nascimento de outra história bonita.

E quem é ela? E o motivo dessa crônica de Natal e por que o recorte do cenário do Açude, do Natal, das luzes e pessoas? Natal é nascimento, tem uma representação religiosa no cristianismo, é quando o Menino Deus nasce, e de ontem em diante, passa a ser para mim o nascimento de outra história bonita: a minha e a de Vitória, que agora posso chamar oficialmente de meu amor.

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Joab Freire
canhenho

Distribuidor de versos, prestador de atenção, contador de histórias, arteiro e buliçoso. Estuda jornalismo, pesquisa cultura e atua imprensa da PB desde 2010.