estilística

Joab Freire
canhenho
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2 min readFeb 11, 2020

Escrever não é fácil. Eu, particularmente, já tive fases em que conseguia todos os dias compor alguma alegoria e quase sempre eu gostava dela integralmente ao reler. Hoje não é assim tão fácil. Ontem mesmo, eu escrevi um desabafo sobre a barrinha que fica piscando na tela dos campos para digitar algum texto nos computadores e precisei ouvir horas de críticas de minha namorada sobre o quanto eu enrolo para dizer uma coisa que seria objetiva. Ela também reclama dos períodos curtos, parágrafos longos, pontuação…

Ela já deve estar fadada por que é exatamente assim que funciona na minha cabeça, meu raciocínio é rápido e eu tendo a recorrer a toda uma bagagem de experiências para abarcar meu ponto de vista. É chato? Há quem diga que sim. Eu disse a ela que é a estilística.

Como o que eu escrevo é meio que o que está passando pela minha cabeça, isso justifica um pouco a linearidade que eles têm, sem uma grande conclusão ou ideia final. Agora, por exemplo, estou no terceiro parágrafo desse texto e ainda não sei como ele vai terminar. Acredito que eu esteja escrevendo ele para mim também e convivo com a realidade que nunca gosto e que eu sempre vou mudar alguma coisa depois.

Quando eu era mais jovem, tudo que eu escrevia tinha ponto e vírgula. Achava um charme aquele ponto em cima de uma virgula para proporcionar uma pausa maior que a vírgula menor que o ponto para separar os períodos. Teve outra época que eu amava usar travessão no lugar de virgula. Travessão mesmo, aquele grandão ( — ). É bem estranho saber que existe um sinal gráfico para o travessão, outro para meia-risca (–), outro para hífen (‐), outro para o sinal de subtração (−). É tudo traço. Mas é diferente. Pois é, escrever não é fácil.

Empregar um jeito próprio de escrever é engraçado. Sempre tem alguém que manda um texto para mim e diz: “parece teus texto”. TEUS TEXTU. É assim que se fala no lugar onde moro. É engraçado que quase sempre é um texto ruim. Mas pensemos pelo lado positivo: toda característica que lhe distingua do todo para o bem ou para o mal é charmosíssimo. Só espero que daqui a alguns milhares de anos, arqueólogos linguistas extraterrestres ao explorar nosso “pré-histórico” World Wide Web, a fim de revelar nossa forma de comunicação e escrita considerem a estilística. Tá ok?

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Joab Freire
canhenho

Distribuidor de versos, prestador de atenção, contador de histórias, arteiro e buliçoso. Estuda jornalismo, pesquisa cultura e atua imprensa da PB desde 2010.