Te amo, mas preciso ir.
Eu te amo. Vai contra qualquer célula tão racional do meu sistema admitir isso, mas estou aqui do topo de toda minha razão com um grito que vai ecoar pela sua cabeça: eu te amo.
Se você quer saber, antes de vir jogar esse pensamento tão bem construído em você eu pesquisei muito sobre o tema. Falei com Platão, Drummond e até com o Aurélio, mas só me convenci quando falei com a Julinha, filha da vizinha do terceiro andar.
Do auge dos seus 7 anos Julinha me disse “Amor é quando você não para de pensar, é quando aparece e fica tudo coisado, sabe?” Sei.
Julinha estava falando sobre sorvete de flocos, eu falo de você.
Eu sei, eu sei que cada palavra minha soa como uma sentença. Eu sei que é ele quem você quer seguir, eu te escuto quando você pede baixinho antes de dormir. Eu reconheço seu sorriso de manhã quando foi ele quem te guiou pelos sonhos.
Eu sinto que estou te segurando, fincando seus pés no chão enquanto era pra você estar por aí, voando. Voando com ele. Eu sei que ele te faz sentir o frio na barriga que tanto te faz falta comigo.
Você quer se deixar levar pela beleza que os olhos enxergam, quer sentir o peito ser perfurado e um borboletário inteiro no estomago, eu sei, apesar de você negar tudo isso, gritando aos quatro ventos que está tudo bem do jeitinho que está, eu sei.
Andei contemplando toda a beleza que é ser você quando eu não estou por perto. Se deixando levar pelo improvável, vendo beleza em cada sorriso e piscando de volta, suspirando, amando por cinco minutos como se fosse a vida inteira enquanto escuta Caetano.
Quando entendi a beleza do seu tão torto ser, entendi que te amo e que é hora de soltar as amarras, afrouxar o nós.
É hora de te deixar ser amor, e só. Eu te amo, mas preciso ir, para que você vá com ele, o coração.
Com todo overthink que me cabe, do sempre dono da razão, atenciosamente,
Seu cérebro.
.
Esse texto é um crossover com este texto, escrito por Thiago Loreto, com quem divido a tão divina lua em escorpião, drinks e um amor abençoado por todas as deusas.
