Crônica: Promessa
Um dia ainda aprenderei que o bonito não é assumir um monte de coisas das quais não dou conta, mas cumprir completamente o pouco que eu assumir.
Saberei que mais honroso do que sair de uma situação complicada é simplesmente ter o discernimento de não entrar nela.
Pararei de querer abrir um milhão de portas — como aquelas do saguão de entrada apresentado por Lewis — e simplesmente adentrarei em uma delas, convicto de onde irei repousar minhas angústias e esperanças: convicto de que ela levará a um jardim com um longo caminho pela frente.
E minha caminhada será muito menos corrida, pois perderei menos tempo juntando chaves que destrancam portas irrelevantes.
E os passos mais vagarosos me permitirão notar as belezas de cada detalhe do novo caminho, principalmente as pessoas que estiverem na mesma rota.
E essa contemplação do presente tirará toda a ansiedade do futuro, pois perceberei que, em vez de sozinho, estou seguindo muito bem acompanhado.
E saberei finalmente desfrutar dos tantos benefícios dessa companhia, e acharei nela a felicidade que, pelo que sinto, tacitamente me foi prometida.
Originalmente publicado aqui: http://www.cantoemsilencio.com.br/2012/03/promessa.html