Jaguarão de portas abertas

Caco da Motta
Crônicas
Published in
4 min readAug 8, 2016

--

Nunca pensei que ficaria tão impressionado com o potencial de uma cidade. Fica a pouco mais se quatro horas de Porto Alegre de carro e a alguns passos do Uruguai. É Jaguarão no Rio Grande do Sul. Bastaram dois dias para imaginar como pode tamanha riqueza histórica e cultural estar perdida no tempo e distante do avanço global.

Primeiro é o descaso com quem quer viajar até lá pela BR-116, ainda não duplicada, com obras inacabadas e uma sequência de pedágios com preços bem salgados. Pagar R$ 41 para chegar lá num caminho com buracos, não duplicado, com péssima sinalização e sem abastecimento nos últimos 100 km, é no mínimo um assalto. Pelo menos não me roubaram o horizonte com um nascer do sol maravilhoso.

A primeira boa impressão de Jaguarão é a hospitalidade. Algo incrível porque a região foi marcada na história por uma disputa de território espanhol e português por batalhas entre brasileiros e uruguaios. Fiquei no hotel Sinuelo, simples, mas que tem três coisas básicas: banho quente, café da manhã e ótimo atendimento.

A arquitetura da cidade é marcada por gigantes portas, esculturas, um mercado público que está sendo reformado e um teatro também histórico. É possível caminhar a qualquer hora do dia e da noite com segurança. Isso não tem preço.

O rio Jaguarão costuma espelhar o céu e a ponte Mauá pode ser atravessada de carro ou a pé. Ali está Rio Branco, uma cidade uruguaia em ebulição. O comércio dos free shops em contraste com ruas de chão batido misturam lama com Carolina Herrera, simplicidade com sofisticação. Com o dólar a R$ 3,36 quase nada é barato. Roupas nem pensar. Mas queijos, mostardas, alfajores, whisky, vinho, champanhe e alguns eletrodomésticos valem a pena. Tome pelo menos um refri de pomelo, leve um pote de 3kg de doce de leite e queijo parmesão.

Se quiser ter uma experiência inesquecível, encontre pelo menos um local para comer um bife uruguaio. Uma boa pedida é o restaurante Barranco em Rio Branco mesmo. Tem paella, mas se quiser pode comer o prato do dia com bife de entrecot, salada, arroz e batatas fritas. Vale pedir uma cerveja Patricia para acompanhar.

As duas cidades têm um potencial enorme para crescer com mais opções de hotel, gastronomia, atrações no rio com passeios e esportes náuticos, casas noturnas, calendários de eventos, shows, universidade e infra-estrutura. Quando vi no domingo uma multidão aproveitando à beira do rio no lado uruguaio e brasileiro, pensei: as portas estão abertas para o desenvolvimento.

Veja as fotos em sequência:

--

--