Assisti ao documentário Arremesso Final (The Last Dance, sobre Michael Jordan) e te conto o que achei

Gabriel Martins
CaradosSports
Published in
4 min readMay 18, 2020

*SEM SPOILERS*

A ESPN, em parceria com a Netflix, lançou um documentário em dez partes sobre a última temporada e a carreira de Michael Jordan, disponibilizando de dois em dois episódios todas as segundas aqui no Brasil (nos EUA eles foram ao ar aos domingos na ESPN). Depois de assistir a todos os capítulos, sedento por qualquer tipo de esporte durante essa quarentena, é hora de te contar o que achei. E, em retrospecto, foi muito bom ter esperado a obra inteira estar disponível antes de escrever sobre.

Não tenho idade para ter acompanhado Michael Jordan na NBA. Por isso, sempre pendi para LeBron James no debate sobre o GOAT e confesso que não compartilhava do mesmo hype pelo lançamento de The Last Dance (título original, em inglês). Claro que iria assisti-lo, mas foi a empolgação da imprensa americana, que sempre via um dia antes no domingo à noite, que me fez dar braço a torcer e colocar o primeiro capítulo segunda-feira de manhã quando acordei. E não me arrependi nem um pouco.

A premissa do documentário foi interessante. Uma equipe foi autorizada a acompanhar Michael Jordan durante a temporada 1997/1998, onde o Chicago Bulls conquistaria o 6º e último título de sua dinastia nos anos 90. Com essas imagens inéditas de bastidores, o diretor Jason Hehir contou a história daquele último ano, apelidado de The Last Dance (a última dança), e o resto da carreira de Jordan.

Começamos na temporada 97/98 e depois éramos transportados para Michael Jordan no basquete universitário em North Carolina. As complicações do time no começo daquele ano, e em seguida o tópico virava os primeiros anos de Michael com os Bulls nos anos 80. Esse bate volta foi o formato de toda a série, que particularmente me agradou mais do que uma sequência linear. Vi alguns críticos dizendo ter ficado confuso, mas definitivamente não concordo.

Não há nenhuma revelação bombástica. Michael Jordan deu declarações em que parecia temer como seria visto após esse documentário, e esse momento de vulnerabilidade ficou claro no final do episódio 7, mas o medo não se mostrou justificável. A figura mítica de MJ só é reforçada ao longo dos dez capítulos e fortalecem a sua reputação como GOAT (mais sobre isso em breve).

O que há de inédito são imagens de bastidores. Nada revelador, mas era sempre muito legal ver Michael Jordan interagindo com seus companheiros de time e seguranças fora do holofote. A sensação foi de ver o verdadeiro Jordan, o maluco competitivo viciado em apostas e sempre exercendo pressão nos seus colegas de equipe. Essas gravações são de longe o grande destaque dessa produção.

Como muitas séries, ficção ou não-ficção, The Last Dance foi esticado mais do que deveria. Existe basicamente um episódio inteiro sobre Scottie Pippen, outro sobre Dennis Rodman, metade de um sobre Phil Jackson e até um trecho de uns 10 minutos sobre Steve Kerr. Cada parte que não estávamos com Michael Jordan eu desejava que o foco voltasse a ser ele.

Se os desvios são as partes menos interessantes, as highlights ficam pelo trecho sobre a relação de MJ com Kobe Bryant, tudo relacionado ao Dream Team de 92 e a gravação do Space Jam. O documentário também fez um excelente trabalho explicando os motivos que o levaram a se aposentar pela primeira vez em 1993.

The Last Dance é um documentário revelador que traz muitas informações novas sobre Michael Jordan? Não, mas é um documento importante que explica muito bem para as gerações que não o viram jogar, grupo no qual meu incluo, quem foi Jordan. É difícil sair dele sem achar que é ele, e não LeBron James, o maior de todos os tempos. No Podcast Cara dos Sports de 20/05 falarei mais sobre o documentário, com spoilers, escute!

Nota final: 7,9/10

Minha opinião em uma frase: Arremesso final não é revelador, mas cumpre seu papel de ser um documento definitivo sobre quem foi Michael Jordan, brilhando com imagens inéditas dos bastidores do seu último ano.

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