Assisti à série Pessoas Normais (Normal People) e te conto o que achei

Gabriel Martins
CaradosSports
Published in
4 min readApr 28, 2020

“Uma história única e envolvente sobre dois jovens que devem enfrentar a eletricidade do primeiro amor em meio às sutilezas das classes sociais e dos problemas familiares”

(04/09/2020) Como assistir Normal People: A série está disponível no Brasil através do Starzplay, um canal do Amazon Prime que você assina à parte pelo próprio app do Prime.

A BBC lançou neste domingo a série limitada Pessoas Normais (Normal People, o nome original), uma adaptação do livro de mesmo nome de Sally Rooney. Por 12 episódios acompanhamos a história de amor entre Marianne Sheridan e Connell Waldron, que se conhecem no colégio e seguem em indas e vindas enquanto estudam em Trinity, universidade tradicional de Dublin, Irlanda.

Marianne e Connell são alunos do mesmo colégio em Sligo, cidade irlandesa, mas vivem em mundos completamente diferentes. Ela, rica, sem amigos e disfarce do seu desprezo pela vida escolar. Ele, criado pela mãe solteira (que trabalha como diarista na casa de Marianne), tímido mas popular. E são nessas diferenças que começa o relacionamento entre os dois, inicialmente em segredo (que se torna um grande ponto de tensão, deixo por aí).

Como grande fã do livro, recebi com a mente aberta a notícia de que seria adaptado à série mas ao mesmo tempo sem criar expectativa. Quando que um dos seus livros favoritos chegou na TV/Cinema e você ficou satisfeito? São meios diferentes, nem tudo que faz sentido nas páginas se traduz em imagens. Talvez baixas expectativas sejam o segredo da vida mesmo, porque depois de assistir a todos os episódios em um pouco mais de um dia saio com a sensação de que foi um dos melhores dramas que já vi na televisão.

A história se traduz tão perfeitamente na série que se você não soubesse do livro nunca suspeitaria que se trata de uma adaptação. Existem algumas diferenças, claro, mas só quem leu vai perceber e não prejudica nada a experiência. Pessoas Normais é bem curto, então precisou de uma “encorpada” em certos pontos para durar 12 episódios, mas nem assim parece que foi esticado. Mesma história, só em uma mídia diferente.

Não entrarei em spoilers, mas o grande ponto de Pessoas Normais são os contrastes de classes sociais entre os dois (faz parte da sinopse, não é um spoiler). Marianne está em uma posição de poder por ser rica, o que se manifesta mais na segunda metade, mas Connell é o com poder no começo pela sua popularidade e exerce esse poder sem notar (assim como Marianne). Descrever Normal People como uma história de amor entre dois jovens não faz justiça a quão sofisticado é o trabalho de Sally Rooney.

Uma série como essa pode ter toda a fotografia, trilha sonora, direção e roteiros perfeitos que quiser (o que ela tem), mas não funciona se os dois atores principais não se encaixarem nos papéis. E pode colocar mais uma nota máxima nesse quesito. Daisy Edgar-Jones encarna muito bem as duas versões de Marianne, tanto a excluída quanto a popular, mas o grande destaque fica por Paul Mescal. Juliet Littman, do “The Ringer”, o comparou a Brad Pitt em Thelma e Louise, que transformou Pitt numa das maiores estrelas do planeta. É muito fácil gritar e fazer barulho, agora acertar as nuances de uma pessoa complexa como Connell é o verdadeiro desafio. Mescal será uma superestrela.

Vou abrir minhas cartas com você, leitor(a). Existe um outro motivo para escrever sobre essa série. Nem sou um grande fã de séries assim. Pessoas Normais estreou domingo no Reino Unido e só chegará nesta quarta-feira (29) nos Estados Unidos no serviço de streaming Hulu. Tenho 0% de dúvida que se tornará um dos grandes sucessos da quarentena, provavelmente atrás apenas de Rei dos Tigres e o documentário do Michael Jordan, e logo depois o público brasileiro irá descobrir. Por isso quero deixar registrado e antecipar esse fenômeno para você. Pode acreditar no hype, é real.

Nota Final: 10/10

Minha opinião em uma frase: Pessoas Normais retrata perfeitamente as nuances de um amor entre jovens nos dias atuais sem refúgios óbvios e sem fugir de questões reais que envolvem qualquer relacionamento.

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