Fluminense perdeu oportunidade de criar identidade nas transmissões da FluTV
Não bastasse o mundo estranho que vivemos atualmente com a pandemia, o Campeonato Carioca nos “brindou” com suas finais transmitidas nos canais oficiais dos clubes ao invés da televisão. Como rubro-negro, liguei na FluTV pela segunda partida consecutiva para assistir à primeira perna da decisão. Tecnicamente, a transmissão foi perfeita. Imagens ótimas, basicamente o padrão que estávamos acostumados. A grande questão era na linha editorial, seria clubista ou imparcial? E a resposta acabou sendo nem uma nem outra.
O Flamengo forçou a mão do Fluminense com a Medida Provisória, tudo em cima da hora e sem qualquer planejamento. A equipe responsável pela transmissão foi colocada em uma tarefa quase impossível, trabalharem juntos pela primeira vez em um dos jogos mais cercados de polêmica dos últimos anos. A falta de entrosamento ficou bem clara, o que fica mais prejudicado com uma linha editorial incerta.
Comentei com um amigo tricolor durante o jogo: essa transmissão deveria ser mais clubista. E isso não significa não narrar lances do Flamengo ou sequer falar o nome dos jogadores rubro-negros, é ser mais descontraído. Torcer descaradamente, brincar, provocar. Assim que conquistaria o público e faria a torcida tricolor querer assistir ao jogo na FluTV. A FlaTV já decifrou essa dinâmica, até por existir há mais tempo. Não há substituto para repetições, mas mesmo assim o exemplo deveria ter sido seguido pelo Fluminense. Futebol é entretenimento, divirta o seu torcedor.
A outra possibilidade é querer agradar o torcedor do outro para não espantar a audiência. Fora do Top 10 no ranking das maiores torcidas do Brasil, não seria uma estratégia ruim para o Fluminense. Fosse esse o objetivo a gente não assistiria ao narrador ignorando gol do Flamengo. Ou pode ser apenas por ser o Flamengo, o maior rival do tricolor. De qualquer forma, não será um problema por muito tempo porque nenhum clube conseguirá compensar a verba da TV transmitindo eles mesmo os seus jogos.
Como fã de esportes por toda minha vida e jornalista me interesso bastante pelas mecânicas de uma transmissão esportiva. Foi o tema do meu TCC inclusive. Há um limite para quanta inovação pode ser feita, não consigo ver um substituto para uma dupla formada por um excelente narrador e um ótimo comentarista. Em oportunidades como essa, no entanto, há espaço para fazer algo mais divertido para o seu público. E a FluTV a perdeu.