A educação infantil e o carinho

Elise Haas
Carinho é bom
Published in
3 min readMar 24, 2017

Por que é tão difícil educar para o amor?

Praticar e disseminar amor e carinho na educação infantil, e para todas as crianças, dentro e fora das creches e escolas, deveria ser o óbvio, ou melhor, deveria ser o caminho espontâneo e natural a percorrer quando estamos com nossas crianças.

Assim, poderíamos não apenas sonhar, mas possibilitar condições para que fossem cada vez mais livres, amadas, confiantes e cientes de que nosso mundo todo precisa de cuidado, atenção e carinho. Poderíamos cuidar do seu desenvolvimento, sempre tendo em vista que elas serão futuros adultos, responsáveis pelas transformações ou pela manutenção da realidade de nosso planeta.

Mas, se essa mensagem é “óbvia” e já vem sendo praticada por tantos educadores e famílias, por que estamos aqui cantando, criando e espalhando que “carinho é bom”? Quem não sabe disso?

Ora, saber até sabemos… E cada um de nós procura, do seu jeito, amar e ser amado, não é? Mas num mundo que está mostrando tantos sinais de desafeto, violência e incompreensão, será que fica claro qual o tipo de carinho de que precisamos?

Será que nós, adultos, ainda temos essa noção?
Sabemos de fato, o que é carinho? Ou precisamos também, nós, adultos, aprender?

A melhor forma de se descobrir isso é começarmos a nos perceber, o que sentimos, o que fazemos, o que conduz nossas relações com as pessoas, as coisas, a vida.

No tema da educação de crianças, temos visto algumas distorções, onde carinho e amor são tornados coisas e não realmente posturas de amor e cuidado mútuo.

Por isso, é bom lembrar que carinho não é

  • mimar, nem fazer as vontades a qualquer preço… pois assim criamos tiranos, cruéis, e pessoas sem índole e sem limites.
  • ficar o tempo todo grudado, apegado… pois assim criamos pessoas inseguras, medrosas e dependentes.
  • fechar os olhos para as diferenças… pois assim criamos seres insensíveis, egocêntricos e superficiais.
  • generalizar, nem enquadrar as crianças numa forma única, apenas para atender às expectativas familiares e sociais.

E também é muito importante ficarmos atentos de que educar com amor e carinho é…

  • permitir que as necessidades das crianças sejam respeitadas, atendidas no seu tempo, no seu passo.
  • é estimular os talentos únicos, as relações de amizade, o cuidado com a saúde, a criatividade, a magia da arte, da alegria.
  • é estar junto nas frustrações, nas dificuldades, sem tentar camuflar, fazer de conta que não existem.
  • possibilitar e apoiar, gradativamente, o contato com os limites da vida, promovendo assim senso de responsabilidade e maturidade compatíveis com a fase da infância que ela está vivendo.

Educar com amor é acompanhar o processo de desenvolvimento desse ser, em cada etapa e idade, “apenas” isso…

Isso é fácil? Talvez não!

Em meio de preocupações, agendas e ocupações excessivas, questões difíceis de nossa vida cotidiana — pressão no trabalho, desentendimentos familiares, problemas financeiros e de saúde — pode exigir uma dedicação maior viver essa obviedade que desejamos…

Mas é por aí que a onda de carinho precisa começar.

Precisamos abrir um caminho, no meio das dificuldades, para olhar nos olhos, para doar nosso tempo, para ouvir com atenção, para nos entregarmos a esse processo diário de educar com amor e carinho.

Lony Rosa é um dos educadores militantes da educação infantil com amor

E, quando nos sentirmos inseguros, cansados, ou sem saber o que fazer?
Aí, convém acurar ainda mais nossos sentidos para aprendermos a caminhar com nossas crianças, e com outros adultos também. Não é vergonha não saber, nem pedir ajuda!

Essa é a nossa visão de carinho, aliás, bem resumida, mas aqui está o essencial.

Então, queridos amigos, familiares, educadores, ou pessoas que desejam ser inspiradas pela educação com carinho, fica o nosso convite: entre nessa onda de carinho, pratique e construa um caminho de amor com suas crianças.

Você vai gostar e se surpreender. E sua criança interna, que talvez esteja aí meio esquecida, pode ficar faceira e contente de ser convidada a espalhar o amor! Vamos começar?

Publicado originalmente em março de 2016 (no portal Carinho é bom).

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