Vamos falar sobre Acessibilidade

Fernando Fernandes
Carlos Kill Mag
Published in
4 min readJan 23, 2018

Esse é um tema que eu venho estudando, pelo qual me apaixonei nos últimos tempos e percebi sua importância para a sociedade. É um tema que deveria ser motivo de debate obrigatório em diversos cursos superiores e nas escolas do país, devido seu enorme impacto social positivo.

Mas vamos começar pelo início.

O que é “deficiência”? (já digo que não gosto desse termo)

Primeiro, é um conceito em evolução.

A definição mais técnica diz que é o resultado da interação entre pessoas com impedimentos (físicos, mentais, intelectuais ou sensoriais) e as barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Ou seja:

Deficiência = Impedimentos, barreiras ou limitações.

E o que é Acessibilidade?

O Decreto Federal n° 5.296/2004, em seu artigo 8°, I, estabelece: “acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e informação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida;”.

Ou de forma mais resumida: é a ausência de barreiras que garante a igualdade de oportunidades.

E para quem serve?

Para pessoas com limitações:

  • Visuais
  • Auditivas
  • Motoras
  • Mentais
  • Locomotivas
  • Estatura
  • Idosos
  • Obesos
  • Mulheres grávidas
  • Crianças
  • Eu, você…

Em suma: TODO MUNDO.

E por que importa?

Porque possibilita às pessoas com limitações viver de forma digna e independente, participando plenamente de todos os aspectos da vida.

Dá às pessoas dignidade e independência (isso deveria ser repetido como um mantra).

E mais, no Brasil (dados de 2015), há 45 milhões de pessoas com limitações! Isso dá em torno de 24% da população!

É um número muito expressivo e mesmo assim milhões de pessoas são colocadas à margem da sociedade, excluídas, marginalizadas, sem o direito de poder utilizar tecnologias, ir a um cinema, fazer compras, passear num parque e, até mesmo, realizar simples tarefas como pegar um ônibus ou sair de casa porque as coisas não são pensadas para elas.

Devido a esses problemas muitas não são incentivadas a frequentar escolas, se capacitar, galgar oportunidades de emprego. Não há igualdade de oportunidades.

Mas e como o design pode atuar para melhorar esse panorama?

Simples: desenvolvendo produtos, ambientes, programas e serviços que garantam a igualdade de condições desde sua concepção, sem necessidade de adaptação ou projeto específico.

Isso é o chamado “Design Universal”. E deveria ser obrigatório em todo e qualquer projeto. Por mais que possa dar trabalho, no começo, mas no fim estaremos garantindo que um número maior de pessoas, cada qual com suas particularidades, seja atendido em seu projeto. E para tornar um trabalho acessível, é preciso atender a esses sete princípios do Design Universal:

1. Igualitário — que todos possam utilizar;

2. Adaptável — uso flexível, moldável;

3. Óbvio — uso simples e intuitivo;

4. Conhecível — de fácil percepção e aprendizagem;

5. Seguro — tolerante ao erro;

6. Sem esforço — baixo esforço físico;

7. Abrangente — dimensões razoáveis.

Isso é importante, é inclusivo e muda a vida das pessoas.

Mas mesmo assim, se o fator humano e sua compaixão não te convenceram que acessibilidade é para todos, pense no fator negócio, é um nicho de mercado incrível a ser explorado, com inúmeras oportunidades a serem criadas e de quebra você estará tornando a vida de milhões de pessoas melhor.

Conclusões

E, para finalizar esse texto:

- Quase uma em cada quatro pessoas têm algum tipo de limitação;

- Quase uma em cada vinte pessoas têm alguma limitação sensorial severa;

- Quase uma em cada quarenta pessoas têm alguma limitação motora severa;

- É um direito fundamental;

- Investimento em acessibilidade é responsabilidade social.

Quer saber mais?

- Cartilha Benefícios, Legislação e Diretrizes de Acessibilidade na Web — W3C BRASIL (2015)

- Protocolo Facultativo à Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2012)

- Portal do Governo do Brasil — http://www.brasil.gov.br/

- Portal Acessibilidade Brasil — http://www.acessibilidadebrasil.org.br/joomla/destaques-acessibilidade/124-convencao-da-onu-sobre-os-direitos-das-pessoas-com-deficiencia;

- Acessibilidade e Desenho Universal — Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos das Pessoas com Deficiência (2015)

Espero que esse texto ajude a trazer um pouco de reflexão para nossas mentes férteis.

Carlos Kill é paratleta, bicampeão mundial por equipe pelo Brasil no Campeonato Mundial de Surf Adaptado (2016/17). A revista é um esforço coletivo e colaborativo de levar Kill à edição de 2018, em dezembro. Acompanhe a preparação do atleta nas redes sociais.

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