A onda Hallyu e a recente obsessão pelo kpop

Netflix divulgando séries asiáticas, portais de entretenimento com notícias diárias sobre música coreana. Quem explica esse novo movimento são os kpopers.

Carolina Bertoldo
Carolina Bertoldo
4 min readJul 8, 2021

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O boygroup sul-coreano BTS ganhou 4 prêmios no Billboard Music Awards de 2021

É de consenso entre os fãs que a cultura coreana tem uma atração inegável. Mas porquê dessa obsessão? Já se ouviu muito sobre a Hallyu Wave, porém o crescimento recente é evidente.

Jessica, de 25 anos, é uma dessas fãs recentes, que foi apresentada a esse universo. Ela conta que, em 2020, em meio a pandemia, encontrou uma forma de alívio, diante de tudo que estava acontecendo, pelos doramas. “Comecei a enxergar a cultura coreana a partir dos doramas, e tinha muita coisa de dorama no instagram que me fez chegar ao kpop. Quando você começa pelo kpop ou pelos dramas você vê que é um mundo que se complementa, que é o mundo do entretenimento coreano”.

A indústria da música coreana já não é mais novidade, ela vem tomando seu lugar nas paradas mundiais. A Billboard, funcionando como principal meio de globalização do kpop, coloca os grupos no topo das listas de músicas mais tocadas do momento. Além de sua premiação, BBMA, que teve o grupo BTS, levando Top Social Artist, por 5 anos consecutivos, desde 2017.

Outra consumidora, a Marina, de 23 anos, teve esse universo apresentado por meio de uma amiga, “Sempre fui uma pessoa engajada em cultura pop e entretenimento nerd, então eu já consumia muitas séries. Mas sentia que estava vendo mais do mesmo, da cultura ocidental, foi aí que minha amiga me recomendou os doramas, e me intriguei pela qualidade e como me passou batido todo esse tempo. Nessas séries tinham idols como protagonistas e acabou que quis conhecer mais sobre eles e as músicas deles.”

Elisa, de 28 anos, conta como superou seu preconceito, assim que se inseriu na cultura. “Quando BTS estourou, eu continuei com meu preconceito, do passado, porque eu achava estranho. Eu, acostumada com música ocidental, dos Estados Unidos. Só que junto com o BTS, depois surgiu Blackpink, em 2016, e eu fui só me aproximar em 2019. Então, Blackpink foi minha porta de entrada para o kpop, mas foi Stray Kids que consolidou essa obsessão, eu vejo todos os dias, só ouvindo kpop. Eles também abriram para outras bandas, outros grupos, hoje em dia o que eu mais ouço é Stray Kids, Blackpink, Everglow, NCT e Itzy.”

Os chamados Idols, são os artistas presentes nesse mercado musical da Coreia do Sul. Mais conhecidos pela beleza e impecabilidade, exigidas pelo padrão coreano. Porém o que destaca são suas grandes produções de clipes e a dedicação dos idols a elas. Eles fazem parte de todo o processo, desde a composição até a divulgação.

A indústria não atrai só o meio musical, mas é fortemente inserida no mundo da moda. O grupo feminino Blackpink, estende suas parcerias para 4 marcas diferentes, cada membro se tornando embaixadora de uma, como Celine, Chanel, Saint Laurent e Dior. O recente sucesso também vai para o BTS, que desfilou para a nova coleção da Louis Vuitton. Temos também a marca Gucci, representada por KAI, da banda EXO. Eles se tornam influentes em todo lugar que se inserem.

Com mega-produções, fica evidente esforço, e são sempre comparados a outros artistas. “Todos os lançamentos deles são super bem pensados, nada desleixados, e eles trabalham muito, muito mais que os americanos, porque eles tem comebacks de uma vez por ano. Lançando coisa atrás de coisa, nunca deixam os fãs na espera, a não ser que tenha algum problema com o grupo, que acontece bastante, mas meus favoritos não aconteceu”, acrescenta Elisa sobre o empenho dos idols.

O que mais intriga os fãs de pop coreano, além do som cativante, são as personalidade dos ídolos, “Quando você vira kpoper recebe muito hate (ódio), você gosta daqueles carinhas frufru, que são só aparência, e produto de uma agência. Mas são, na verdade, pessoas muito talentosas, extremamente esforçadas, que compõem suas músicas, produzem e fazem parte. E você começa a se sentir orgulhosa deles e orgulhosa de si mesma por gostar deles.”, diz Jéssica ao explicar o porquê de sua paixão pela música.

Tanto Elisa, quanto Marina, mostram que ultrapassaram a barreira do preconceito criado pelos anos de consumo de músicas importadas pelos EUA. Fomos criados vendo, escutando e sonhando em viver a cultura americana, o que nos distancia de outros países, inclusive do próprio Brasil. O Kpop tem quebrado barreiras da xenofobia.

“Cheia de preconceito, me perguntando porque o pessoal gosta tanto desses meninos. A resposta não veio nem uma semana depois. Você primeiro encara como uma novidade e quer saber mais, e depois se apaixona. E acho que o que mais brilha neles é a humanidade, a história deles ao longo dos anos, a motivação, a mensagem nas músicas, o humor, o amor pelos fãs. Eles te cativam por serem humanos.”, conta Marina, como foi sua experiência conhecendo e se tornando fã do BTS.

Vindo de um país extremamente conservador, os grupos destoam por serem apoiadores de causas sociais, e mostram que fogem dos padrões e exigências de aparência e personalidade da Coreia do Sul. O que torna os fãs de Kpop militantes, como foi mostrado em momentos de protesto, como Black Lives Matter, com ações criativas para combater o racismo propagado, como é mostrado pela Folha.

Todas as três disseram estar ouvindo kpop sem parar nos últimos meses, e contam como foi uma experiência que as tirou da mesmice e estresse que a pandemia trouxe. Além de encontraram, no entretenimento coreano, uma forma de alívio, e ocuparem parte de sua rotina consumindo da cultura, o que também as incentivou a aprender coreano.

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Carolina Bertoldo
Carolina Bertoldo

Estudante de Jornalismo na PUCSP, amante da fotografia e música.