De onde vem essa expressão?

Beatriz Marassi
Caronte Design
Published in
4 min readMay 27, 2020

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A medida que fui aprendendo a origem de algumas expressões fui anotando, e hoje divido com vocês minha (ainda pequena) lista.

Derivada de um ofício

  • clichê
    Os impressores utilizam de clichês para a reprodução de uma peça gráfica. Clichê é a matriz para fazer uma produção em escala de uma publicação. Assim, na nossa língua, um clichê é algo que já foi repetido diversas vezes.
    – Eu ouvi sobre isso no canal da Maíra Lemos, neste vídeo.
Tipos móveis. Foto: Kristian Strand

Brasil colônia

  • sem eira, nem beira
    A arquitetura era utilizada no Período Colonial como ferramenta de demonstrar poder. Em várias cidades históricas brasileiras é possível observar nos telhados das casas três níveis: Eira, Beira e Tribeira. Quando as pessoas não tinham recursos, em suas casas havia apenas a tribeira, primeira camada de telhado. Por isso o termo sem eira, nem beira é utilizado quando se trata de pessoas com menos recursos financeiros.
    – Eu li sobre isso aqui.
Eira, beira, tribeira, de cima para baixo respectivamente. Foto: Rodrigo Édipo/PorAqui
  • Feito nas coxas
    As telhas das casas coloniais eram feitas de argilas e quem fabricava era o negro escravizado utilizando suas coxas como molde. Como cada pessoa é diferente, as telhas resultavam de formatos e tamanhos diferentes, irregulares.
    – Eu ouvi sobre isso no Parque da Água Branca (SP) e também em Ouro Preto (MG) onde o tirou a foto abaixo:
Esta é uma vista de Ouro Preto, MG. Lá, muitos telhados ainda são originais do período e é possível observar o contraste entre as telhas feitas nas coxas e as que foram feitas em fábricas. Foto. crop da fotografia do .

Sobre a escravidão, indico a leitura deste artigo que a Vice publicou em 2017: Revisitando anúncios de escravos do século 19. “Foram 300 anos de horror e injustiça que nem sempre são retratados pelos livros de história.”

  • Quinto dos infernos
    O Ciclo do Ouro foi o período em que a extração e exportação do ouro figurava como a principal atividade econômica do país. A coroa portuguesa, por meio das Casas de Fundição, cobrava impostos sobre o minério extraído. Um dos tributos era a retenção de 20%, ou 1/5, da extração. Daí o termo quinto dos infernos.
    Além dos 20%, a coroa cobrava a capitação, imposto pago pelo senhor de mina por cada negro escravizado a seu serviço e a derrama, penhora de bens caso o senhor de mina não atingisse a cota produtiva.

Sobre o ciclo do ouro, recomendo este vídeo: CICLO DO OURO — HISTÓRIA DO BRASIL PELO BRASIL Ep. 6, da Débora Aladim.

BARRA DE OURO — século XVIII. Na imagem é possível ver: o Cunho da Coroa Portuguesa com o timbre da Vila Real de Sabará, Número 200: n. de série de fabricação; 1794: ano em que a barra foi fundida; Monograma do ensaiador: entrelaçamento das letras iniciais ou principais do nome do ensaiador; Toque 23: esta marca indica, em quilates, a pureza do ouro. Números 0–1–7–24: trata-se da marcação do peso da barra. Foto: Daniel Mansur. Acervo: Museu do Ouro/Ibram/MinC. Disponível em: https://bit.ly/2Abkeml
  • Segurar vela
    No Brasil Colônia, quando os espaços ainda eram iluminados por velas e não energia elétrica, era comum que uma pessoa segurasse a vela enquanto a nobreza namorava.
    – Eu ouvi sobre isso na série documental Fazendas Históricas. Mas encontrei artigos que falam que esta expressão são anteriores a isso, que vem da Idade Média onde um serviçal segurava o candelabro enquanto os patrões tinham relações sexuais.

Derivada de um bicho

  • Rio Tamanduateí
    O Rio Tamanduateí, em São Paulo, antes se chamava Rio de Piratininga. Em tupi Piratininga significa Rio do peixe seco. Isso porque na época da chuva o rio ocupava uma grande área, mas nas épocas secas, quando o Rio baixava, os peixes ficavam presos na terra e morriam, a morte dos peixes atraia as formigas e as formigas atraíam os tamanduás. Por isso, o rio do peixe seco, se tornou o rio do tamanduá: Tamanduateí.
    – Eu ouvi sobre isso no documentário
    Entre Rios.
Prédios da cidade de São Paulo vistos do Parque D. Pedro, à margem do rio Tamanduateí em 1963. Foto: Acervo/Estadão

E aí, conhece a origem de mais alguma expressão? Me conta!

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