De Laguna para o mundo: conheça a trajetória de Naldo Lima

Gabriel Silveira
Carretel Arte & Jornalismo
5 min readJun 30, 2018

Reginaldo de Jesus Antônio, conhecido artisticamente como Naldo Lima, tem 46 anos e além de músico é locutor de rádio e mestre de cerimônia pela Prefeitura de Cachoeirinha. Ele é natural de Laguna, Santa Catarina, onde morou durante toda a juventude, mas já rodou o mundo, morando um tempo inclusive na Inglaterra. Em 2016 ele veio morar no Rio Grande do Sul, na cidade de Cachoeirinha, e desde então vem fixando raízes com seu trabalho.

Naldo conta que tudo começou quando ele tinha seis anos de idade, quando seu pai lhe deu um cavaquinho. “Eu também tinha um tio que era músico, e vendo ele comecei a me interessar por música”. Ele conta que com o tempo foi aprendendo as notas de violão e destacou que a música que mais tocou foi “Feliz Aniversário” do Ira.

Naldo destaca que a sua vida musical começou a ficar séria na adolescência, quando entrou na “Banda de Bando”. “Um vocalista acabou saindo da banda, e um amigo me apresentou aos demais integrantes da banda. No grupo eu fazia vocal e composições, e logo de cara fizemos alguns eventos pela cidade. Até que fomos á Blumenau participar do Festival Universitário da Canção, com duas músicas que eu compus”.

Abaixo você confere o restante da entrevista.

Repórter: Como foi a participação de vocês neste festival

Naldo Lima: A gente não atendia exatamente a proposta do festival. Eles queriam músicas que falassem mais da terra, do nosso povo, e a nossa proposta era mais de revolta, de protesto, bem a cara daquela época.

Repórter: Você ficou na banda até quando?

Naldo Lima: Na verdade a banda nunca acabou, apenas nos afastamos um pouco, pois depois eu me casei, fui morar na europa, em outros estados do país. Mas quando nos encontramos sempre fazemos um som, mas sem o compromisso de antigamente.

Repórter: Depois da banda você sempre manteve carreira solo?

Naldo Lima: Sim, mantive carreira solo. Com isso, observando outros músicos, desenvolvi uma técnica de tocar três instrumentos ao mesmo tempo, pra deixar a música mais completa. Com o pé eu toco uma pandeirola, na mão o violão e com a boca um kazoo, que tem um som semelhante ao saxofone.

Repórter: E qual é o teu repertório de músicas?

Naldo Lima: Eu montei um repertório extremamente grande, com tudo o que eu aprendi ouvindo ao longo da minha vida. Eu toco MPB, Pop Rock, Reggae, músicas internacionais. Com isso eu consigo atingir todos os públicos, conforme os locais onde vou tocar. Eu canto músicas de diversos cantores, mas não faço cover, e sim dou uma entonação própria a música, cantando ela ao meu estilo, dando originalidade a ela.

Repórter: E ao longo destes anos, quais as dificuldades que você encontrou como músico?

Naldo Lima: O artista, de certa forma, é muito marginalizado, como aquele cara que não tem nada de útil pra fazer, e acaba entrando no mundo artístico em geral, e comigo não foi diferente. Você acaba adotando um estilo de vestir, de se falar, de se viver, e isso te faz separar daquilo que é comum. Então a dificuldade que eu tive foi justamente de entrar nos lugares e fazer o som. Todo mundo já está acostumado com um artista consagrado, mas quando você é novo e chega num local, principalmente quando você está começando, e já tem artistas na cidade, tocando naquele local, torna as coisas mais difíceis. É bem complicado de você entrar no mercado. Já toquei de graça várias vezes em busca de espaço, algumas deram certo e outras nem tanto.

Repórter: Você já está em Cachoeirinha há dois anos e aqui está com o projeto Mistura Fina. Fale um pouco mais sobre ele.

Naldo Lima: Eu criei este projeto quando ainda morava no Amapá, e isso já faz cinco anos. A ideia é mostrar a mistura dos sons com a mistura dos instrumentos que eu toco dentro da música. Quando vou fazer os eventos, como casamentos, inaugurações, procuro levar essa identidade, a mistura dos sons, atingindo todas as pessoas presentes nos eventos, englobando todas as idades.

Repórter: Você toca mais músicas dos anos 80/90. É difícil o teu trabalho chegar até o pessoal mais jovem, partindo de que eles procuram estilos como funk, pagode?

Naldo Lima: O mercado musical está extremamente comercial, deixando de ser intelectual num contexto geral. Na minha opinião o sertanejo universitário é na verdade um pop onde o cantor usa calças coladas, com camisa xadrez e fivela na cintura, como se fosse um cara do sertão. Claro que existem muitos caras bons nesse meio, mas não é algo que eu me identifique, que eu goste de tocar na noite. Existem muitas pessoas que gostam desse tipo de som, mas eu acho uma coisa muito repetitiva. A minha dificuldade de entrar no mercado parte muito disso.

Repórter: Na questão do teu trabalho, você já se considera estabilizado em Cachoeirinha?

Naldo Lima: Eu acredito que eu já tenha um nome bem identificado com as pessoas na cidade, já toquei em bares e locais bem importantes no Município. Também já toquei em eventos de grande porte na cidade, estou sempre sendo convidado para convenções, pois além de músico sou mestre de cerimônia. Também sou locutor de rádio há 30 anos. A comunicação em geral faz parte da minha vida. Já estou estabilizado sim, muito mais na questão de eventos particulares do que bares e pubs. Às associações me contratam, às empresas me contratam. Pretendo seguir por aqui durante um bom tempo.

Repórter: Como tu teve a ideia de criar o nome artístico Naldo Lima?

Naldo Lima: Eu tive essa ideia quando comecei a trabalhar no rádio. Eu procurei criar um nome pequena, mas que fosse fácil das pessoas decorarem. Naldo vem do meu nome, Reginaldo e Lima veio do fato de ser um sobrenome popularizado, conhecido pelas pessoas.

Folder que Naldo Lima utiliza para a divulgação do seu trabalho

Você pode acompanhar a entrevista em vídeo:

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